“Non sei uomo… Non sei capitano… Sei solo una vile m********…” . Trocado por miúdos, “não és homem, não és capitão, és só uma valente m****”. A tarja exibida pelos “ultras” do Inter de Milão dedicada a Mauro Icardi marcou a oitava jornada da Série A, naquele que foi mais um episódio da relação tumultuosa entre o argentino e a facção mais radical do emblema “nerazzurri”. Dentro das quatro linhas, destaque para a vitória da Roma no San Paolo que valeu a ascensão ao segundo lugar da tabela.
Os factos remontam ao dia 1 de fevereiro de 2015, ocasião em que o Inter visitou o Mapei Stadium e perdeu por três bolas a uma. A publicação da autobiografia de Mauro Icardi – intitulada “Sempre Avanti” – recuperou os factos e despoletou a ira dos “ultras” do Inter de Milão”. “Entrei na segunda parte e marquei ao minuto 83 (…) Estava chateado por ter jogado pouco tempo. Os adeptos pediram-nos para nos aproximarmos do sector deles e tive a coragem de encará-los juntamente com o [Freddy] Guarín. Enquanto me aproximava, recebia insultos de todos os tipos. Junto à rede há uma criança que me chama e me pede a camisola – considerando a idade dele, poderia ser meu filho. Eu tiro a minha camisola e os calções e entrego-lhe, como presente. Fico satisfeito por fazer a criança feliz (…) Um dos líderes do grupo “ultra” Curva Nord rouba a camisola e devolve-a. Aí, comecei a insultá-lo: “Pedaço de m****, estás a fazer isso para te armares em bom perante toda a curva? Achas-te muito mau?”
A forma como abordou um dos principais rostos da massa adepta interista implicou uma reacção negativa dos grupos “ultra” no imediato, mas foi a revelação feita no livro que veio acicatar ainda mais a má relação que já vigorava: “Cheguei ao balneário e fui aclamado como um herói, porque nunca tinham confrontado um dos líderes daquela forma”. No domingo (16/10), os “ultras” insurgiram-se contra a revelação feita pelo argentino. Para piorar a situação, Mauro Icardi falhou um penalty no decorrer do encontro e o Inter perdeu na receção ao Cagliari por duas bolas a uma – o golo de João Mário de nada valeu. Na manhã de segunda-feira, a Curva Nord voltou “à carga” e colocou uma faixa frente à casa de Mauro Icardi: “Estamos aqui, diz-nos quando os teus amigos argentinos chegarem”. A frase escrita na faixa é uma resposta a mais umas linhas polémicas que podem ser lidas na autobiografia do jogador: “Estou preparado para os enfrentar [ultras], um por um. Cresci num dois bairros mais perigosos da Argentina. (…) Digam-lhes isto: vou chamar 100 criminosos da Argentina que os matam de imediato”. Para tentar remediar a situação, Wanda Nara, noiva e agente do jogador, já se prontificou a esclarecer que a situação foi provocada por “um erro de tradução”.
Roma silenciou o San Paolo
O grande jogo da oitava ronda da Série A ocorreu no calor do San Paolo, templo futebolístico de uma cidade sisuda, situada nas imediações do Vesúvio. As duas equipas contribuíram para um bom espectáculo de futebol ao soltarem-se das preocupações habituais, jogando de olhos postos na vitória. As oportunidades foram-se sucedendo e o Nápoles, equipa que mais errou no capítulo defensivo – nota para as falhas de Koulibaly no primeiro golo e Maksimovic no segundo -, acabou derrotada por três bolas a uma, com Dzeko em evidência ao apontar os dois primeiros golos da formação da capital. O assalto da “loba de Roma” ao cofre forte napolitano resultou nas ascensão ao segundo lugar da classificação, em igualdade pontual com o AC Milan. Se a formação orientada por Luciano Spalletti foi capaz de quebrar a invencibilidade caseira do Nápoles, a equipa “rossoneri” às ordens de Vicenzo Montella cumpriu com um desígnio semelhante, tendo em conta que foi a primeira equipa a triunfar (1-3) frente ao surpreendente Chievo no Marc Antonio Bentegodi na atual temporada. A Juventus permanece no topo da tabela com 21 pontos, mas os bons ares de Luigi del Neri na estreia à frente da Udinese complicaram o triunfo da “Vecchia Signora”. Numa noite de pouca inspiração em Turim, Paulo Dybala foi a excepção à regra e apontou dois golos de bola parada – o primeiro num livre primoroso à entrada da área e o segundo na cobrança de uma grande penalidade.
Assobios em Florença
“Assobios? Temos de reconhecer que os fãs compram um bilhete para ver uma vitória. Quando as coisas não correm bem, os assobios são normais. Todos os adeptos têm o direito de fazer isso”. Paulo Sousa reagiu de forma cordial ao coro de assobios vindo das bancadas do Artemio Francchi após o empate sem golos frente à Atalanta. A Fiorentina não vence há quatro jornadas para o campeonato italiano e a massa adepta da formação de Florença demonstra estar desagradada com o atual 13º lugar que a equipa ocupa, embora tenha um jogo em atraso frente ao Genoa. A parca produtividade da equipa em termos ofensivos – só Palermo (4) e Empoli (2) possuem um registo pior – é um dos factores que tem afastado a equipa do sucesso.
Série A – 8ª Jornada:
Nápoles 1-3 AS Roma
Pescara 1-1 Sampdoria
Juventus 2-1 Udinese
Sassuolo 2-1 Crotone
Lazio 1-1 Bologna
Inter 1-2 Cagliari
Genoa 0-0 Empoli
Chievo 1-3 AC Milan
Palermo – Torino, 17/10, 19h45
Boas Apostas!