Nick Kyrgios – Dustin Brown (Wimbledon)
O primeiro duelo entre estes dois amigos promete circo. Não se trata apenas do ténis explosivo que ambos preferem. Há as personalidades extrovertidas e a interação com a assistência, que tanto um como outro alimentam. Nick Kyrgios vai querer chegar mais longe que os quartos de final de 2014, a sua melhor classificação até agora numa prova do Grand Slam. A relva é onde Dustin Brown consegue atingir todo o seu esplendor e vai adorar a possibilidade de dar a volta ao estourado australiano. Vamos ver que truques o alemão vai sacar do seu arsenal.
Na primeira participação em Wimbledon, Nick Kyrgios alcançou os quartos de final, o que continua a ser a sua melhor classificação numa torneio do Grand Slam. Há dois anos afastou Richard Gasquet e Rafael Nadal nas rondas anteriores, antes de ser empurrado para fora por Milos Raonic (6-7, 6-2, 6-4, 7-6). Em 2015 conseguiu a desforra do canadiano na terceira ronda mas o virtuoso francês também teve a sua, quando se voltaram a cruzar, desta feita nos oitavos de final.
Kyrgios já provou que tem ténis para competir em qualquer superfície mas esta temporada os pisos rápidos resultaram particularmente a seu favor. Conquistou o primeiro título de carreira no circuito ATP, em Marselha, batendo na final Marin Cilic (6-2, 7-6), a que se seguiram as meias-finais no Dubai (Wawrinka, 6-4, 3-0). Mas o ponto alto foi a primeira semifinal de um Masters 1000, em Miami, onde só foi travado por Kei Nishikori (6-3, 7-5). Em terra batida não conseguiu alcançar patamares semelhantes: ficou-se pelos quartos no Mutua de Madrid (Nishikori, 6-7, 7-6, 6-3) e pela terceira ronda em Roland Garros (Gasquet, 6-2, 7-6, 6-2).
O veterano Radek Stepanek (6-4, 6-3, 6-7, 6-1) deu-lhe o que fazer no arranque, em Wimbledon. Precisou de quatro parciais – perdendo o terceiro no tie break – e de duas horas e meia em court para ultrapassar o checo.
Dustin Brown beneficiou de um wild card para entrar no quadro principal de Wimbledon e nenhum outro merece mais este título. Com este alemão de ascendência jamaicana, nunca sabemos o que vai sair, mas será certamente animado. Aos trinta e um anos ocupa o lugar oitenta e cinco da hierarquia mundial mas é na relva que melhor evidencia as suas capacidades. O próprio treinador definiu-lhe o estilo como sendo um “caos organizado”. As dreadlocks são a sua imagem de marca e tem como destaque no currículo o facto de ser uma espécie de antídoto para Nadal, que bateu nas duas ocasiões em que se defrontaram, a última das quais na relva do All Englad Club, há um ano.
O germânico deve ser um dos que mais competiu em relva este ano. Ao contrário de Kyrgios, que vai para a quarta partida nesta superfície, Brown já leva onze encontros nas pernas. Venceu o Challenger de Manchester, na primeira semana de junho (Lu, 7-6, 6-1) e foi até aos oitavos em Halle, eliminado nessa fase por Baghdatis (7-5, 7-6).
Na primeira ronda do Major Britânico enfrentou o sérvio Dusan Lajovic, seu vizinho no ranking (82º) e sentiu dificuldades. Como é frequente no seu caso alternou serviços potentes e pancadas espetaculares com erros comprometedores. Felizmente para o alemão, Lajovic não os aproveitou e Brown conseguiu reverter a desvantagem de dois sets para fechar a partida a seu favor.
Kyrgios e Brown são amigos e admiradores confessos do estilo um do outro. Vão-se querer exibir e nós vamos aproveitar para ver.
