Não, ainda não foi desta. Em França foi tema durante a última semana, perceber se o Nice ia permitir a aproximação dos dois perseguidores no topo da tabela da Ligue 1. AS Monaco e Paris SG são os intervenientes esperados da luta pelo título, mas é a equipa da Côte d’Azur quem se vai mantendo no primeiro lugar. Óbvio que esta conversa passa, sobretudo, por tentar entender se estamos perante uma das surpresas habituais dos inícios de temporada ou se estamos a falar de um caso que poderá perdurar no tempo. Olhamos mais de perto para o Nice, em busca de respostas.

Nice não é um clube pequeno

A equipa do sul de França é, algumas vezes, comparada ao Leicester, mas o Nice não é um clube pequeno. Tem estado, sim, afastado da luta pelos títulos, nos últimos anos, mas é um dos históricos do futebol gaulês, com quatro títulos de campeão, conquistados nos anos 50, mais uma forte presença na luta pelo mesmo até aos anos 70. 1997 é o ano do último título, uma Taça de França, avançando pelo século XXI com presenças pontuais nas competições europeias.

nice-1997

A equipa que conquistou a Taça em 1997

A construção do Allianz Arena, em 2013, veio devolver ao clube a noção da sua própria grandeza, aumentando também a responsabilidade daquilo que ia acontecendo em campo. É que com o Estádio veio também o aumento da capacidade orçamental, subindo de 29 milhões de Euros em 2012-13 para 40 milhões de Euros no ano passado.

O quarto lugar na Ligue 1 e a saída de Claude Puel para Southampton permitiram a chegada de Lucien Favre, no que foi, desde logo, visto como um aumento da qualidade potencial da equipa. Apesar das suas origens francófonas, Favre apenas jogou uma época em Toulouse, tendo feito todo o resto da sua carreira de jogador na sua Suíça natal. Há nove anos atrás, depois do sucesso no FC Zurique, emigrou para a Alemanha onde conquistou notoriedade ao serviço do Hertha Berlim e do Borussia Monchengladbach. Repetir os feitos com o Nice é um objetivo claro.

As apostas no mercado

Dois nomes terão feito tremer os analistas do mercado de jogadores com a sua chegada a Nice. Mario Balotelli escolheu recomeçar aqui uma carreira que, aos 26 anos, pareceu estar em risco de se perder. Em nove jogos marcou sete golos e tem sido uma das figuras do plantel. O brasileiro Dante, com 33 anos, vem à procura de conseguir neste clube atingir também o mesmo nível alto que provou na Alemanha. Se poucos esperariam vê-lo viajar para França, a forma como tem liderado defensivamente a equipa comprova o acerto da sua decisão.

mario-balotelli-nice

Momentos de êxtase para uma equipa sonhadora

A presença no mercado vem-se demonstrando essencial noutro tipo de apostas. Por um lado, o conseguir pescar em equipas francesas jovens valores que confirmam, em Nice, todo o seu potencial. É assim com Cyprien, que cresceu no Lens e está a demonstrar, este ano, ser um jogador de topo. É assim com Pléa, formando nas escolas do Lyon e que aposta em fazer esta época a sua melhor desde que chegou à Côte d’Azur. É assim, também, com Valentin Eysseric, mais velho, 24 anos, mas formado no Monaco e com uma passagem por empréstimo no Saint-Étienne que o fez crescer para o nível com que se apresenta agora.

Por falar em empréstimos, os casos de Ricardo Pereira, com contrato com o FC Porto, e Younés Belhanda, com contrato com o Dinamo Kiev, demonstram que se pode dar passos seguros em direção ao futuro encontrando respostas em diferentes origens.

Esta mistura de fatores, a grandeza do clube, a sua afirmação regional, a construção do novo estádio e uma aposta certeira na contratação de técnico e jogadores que poderá fazer do Nice muito mais do que uma surpresa do início de época. Talvez ainda longe de poder lutar pelo título, mas um candidato sério a aproximar-se da porta da Liga dos Campeões.

Boas Apostas!