Eu sei que as transformações do lado da Conferência Nacional não se resumem às mudanças nas equipas técnicas. Mas há que convir que é uma alteração e tanto em qualquer organização e que está na génese de todas as outras. Haverá outros pontos de interesse a analisar lá mais para a frente. Mas para já vamos refazer a dança das cadeiras dos treinadores principais e as expetativas para cada uma das equipas afetadas.
Giants baralham e voltam a dar
Comecemos por uma das mais incompreensíveis. Os New York Giants voltaram a ter uma época sofrível e no final da mesma Tom Coughlin apresentou a demissão, alegando que a separação amigável era a melhor solução para ambas as partes. Até aqui compro. Mas depois a equipa promove Ben McAdoo a treinador-principal, mantém o coordenador defensivo e o general manager. Ora, Steve Spagnuolo é responsável pela defensiva que permitiu mais jardas em passe na temporada passada e Jerry Reese é só o homem que tratou de selecionar os jogadores do plantel. É como se a organização atirasse para cima do treinador cessante todas as culpas, esperando que este baralhar e voltar a dar resulte numa coisa inteiramente diferente.
Protegido de Reid para esconjurar Kelly
Os Philadelphia Eagles quiseram fazer marcha atrás na opção por Chip Kelly. A nostalgia destes momentos leva-nos a olhar para trás, para quando fomos felizes. Na impossibilidade de retomar com Andy Reid, a escolha recaiu no aprendiz de feiticeiro. Doug Pederson foi durante quatro anos treinado por Reid e mais oito como seu adjunto, em capacidades distintas, primeiro em Philadelphia e depois em Kansas City. O último cargo era de coordenador ofensivo mas a única experiência que teve como treinador principal foi numa equipa do liceu, há dez anos. Ok, eu sei que todos são inexperientes até deixarem de o ser. Mas há que reconhecer que a cadeira dos Eagles é uma das mais exigentes no que respeita ao homem do leme. Será que Pederson tem unhas para tocar esta guitarra, é a pergunta na cabeça dos adeptos. Ele fez carreira como terceiro quarterback – em Green Bay estava tapado por Jim McMahon e Brett Favre – e vai ter que gerir a complicada situação de preparar um QB titular – Sam Bradford – que sabe que está só a aquecer o lugar enquanto o seu substituto – Carson Wentz – não atinge a maturidade necessária. São pepinos que podem deitar a perder mesmo o treinador mais experimentado.
Chip volta à carga
Por falar em Chip Kelly, terá a sua segunda oportunidade em San Francisco. Aquele que já foi considerado o treinador fora-da-caixa que ia revolucionar a NFL saiu sem glória de Philly e está numa encruzilhada. Se conseguir revitalizar os 49ers, tarefa hercúlea, restaura a sua aura de inovador brilhante. Se não o fizer, queima mais uma das suas vidas.
A grande dúvida dos últimos meses era perceber se Kelly contava com Colin Kaepernick ou o QB estaria com as malas à porta. Acabou por ficar e passar por várias cirurgias, o que pressupõe esperança de o recuperar. Mas como se sabe o sistema de Chip é um desafio e tanto. Há muito a aprender até ser capaz de responder com a necessária rapidez. Neste momento, Blaine Gabbert leva vantagem porque está já por dentro do sistema ofensivo. Mas para que isto dê certo é preciso que Kelly tenha feito uma autocrítica ao que correu mal em Philly e não sei se houve tempo suficiente para isso.
Ram’s de volta a para Hollywood
Não há como escapar. Não podia terminar esta passagem pela NFC sem referir o ponto alto do defeso. Os Ram’s regressam a Los Angeles, duas décadas depois. É certo, não há uma mudança de treinador principal, ainda que Jeff Fisher esteja indelevelmente ligado à mediocridade da equipa nos últimos anos. Mas a mudança para a cidade grande era revolução suficiente para absorver e não se acrescentou outro fator de perturbação ao processo. Para já. Mantém-se o treinador e o general manager mas os agora Los Angeles Ram’s manifestaram a intenção de não prolongar o contrato com os treinadores específicos.
De qualquer forma os Ram’s foram acrescentando peças ao arsenal, de forma progressiva, e devem estar a fazer figas para que seja este o ano em que tudo encaixa e começa a render. Pode ser que sim. A maior curiosidade do training camp, além de ver o acolhimento que do público local, é Jared Goff. A equipa nunca escondeu que fez sacrifícios para o ir buscar no draft porque quer um quarterback capaz de assumir o quanto antes a titularidade. Pouquinha pressão, não?
Boas Apostas!