Em França, o Paris Saint-Germain regressou ao primeiro lugar isolado, depois de garantir uma quinta vitória consecutiva na partida frente ao Metz. O acerto de calendário, com apenas quatro jogos por disputar na Ligue 1, mostra que nem só de milhões se faz a conquista de um título. Sendo certo que a equipa de Laurent Blanc esteve longe da expetativa de fazer uma caminhada tranquila para a vitória em França, a verdade é que o PSG mostrou sempre ser um conjunto muito forte a dar a resposta adequada nos momentos de maior pressão.

Cavani PSG

Cavani em grande

Perante o Metz, a equipa voltou a atuar sem Ibrahimovic, ainda a cumprir castigo, abrindo espaço para que Cavani, uma sombra de si próprio durante parte da temporada, voltasse a ser um homem decisivo. Se à questão a apontar a esta equipa, parece ser essa mesmo: a de ter um plantel que, com uma enorme quantidade de estrelas, tem muitas dificuldades para ser uma equipa. Ibrahimovic, por ser melhor, abafa os talentos de Lavezzi, Cavani e, muitas vezes, Pastore, sendo que este talento todo leva a que outros, como Lucas Moura, acabem mesmo fora do onze. Se num meio-campo de gente trabalhadora a união entre Matuidi, Thiago Motta e Verratti acaba por ser o espaço de maior equilíbrio no onze parisiense, na defesa, David Luiz teve uma temporada para esquecer, com Thiago Silva a nem sempre estar presente, devido a lesões, para salvar a equipa das atuações do seu compatriota.

Dos quatro jogos que ficam por disputar ao Paris SG, o mais complicado é mesmo o deste próximo fim-de-semana, frente ao Nantes. Em caso de vitória, liberta-se o PSG para somar mais um título. Que será merecido, se confirmado, mas que não deixa de ser, também, uma enorme chamada de atenção para quem pensa que os milhões tudo resolvem. O futuro terá que ser escrito com outras qualidades.

Uma luta de gente nobre

O AS Monaco, representante do Principado, e o Saint-Éttiene, uma das equipas que já reinou no futebol francês, têm a reta final do campeonato para decidir qual dos dois alcança o playoff da Liga dos Campeões. O Marselha ainda anda por perto, mas Marcelo Bielsa encontra soluções para muitas coisas, exceto para o desgaste físico e mental que os seus jogadores costumam apresentar na reta final do campeonato.

Moutinho Monaco

AS Monaco ou Saint-Étienne, só um pode ficar em terceiro

Não é apenas dessa forma que Bielsa terá presença nesta luta. Ao ter que receber o Monaco poderá vir a ser a pedra no sapato de Leonardo Jardim, que com apenas mais dois pontos do que a equipa de Christophe Galtier, não tem como se permitir distrações. Não deixa, no entanto, de parecer demasiado cruel que dois técnicos que inspiram, em França, projetos distintos na maneira de apresentar bom futebol acabem por estar numa luta em que apenas um terá direito ao prémio mais desejado.

O futebol francês continua a ser um território de excelente trabalho a todos os níveis, desde a formação de jogadores, a maneira como estes são integrados na alta competição e a qualidade com que as equipas locais jogam esta modalidade. Mesmo que nem sempre com expressão europeia, como acabará por, fatalmente, ser o caso de uma destas equipas, é obrigatório olhar para o que se passa na Ligue 1 quando queremos sossegar-nos sobre a existência de viveiros de talento, no relvado e fora dele.

Sete galos para uma faca

Se o Lens e o Metz não apresentaram argumentos para se manter no mais alto nível, subsistem ainda sete equipas ameaçadas pelo fantasma da descida. Com 41 pontos, o Nice será a presença mais inesperada neste lote, quando se via a equipa evoluir para estar, constantemente, num degrau mais alto. O Bastia, com 40 pontos, paga o preço da impaciência do início da temporada, enquanto o Toulouse, com 39 pontos, já se habituou a estas vivências de stress.

Sobra um lote que tem grandes preocupações em relação ao que se poderá passar nestas jornadas. Caen, Lorient e Reims, com 38 pontos, e Évian, com 37, sentem que podem perder mais do que a pertença à Ligue 1. Se o Lorient é a equipa que está há mais tempo na alta roda do futebol francês, nada lhe garante que uma descida não lhe feche a possibilidade de continuar a ser visto como um clube que ajuda a evoluir talentos. Qualquer um dos outros, mais habituados, num passado recente, a altos e baixos, verá com apreensão uma possível descida.

Por isso mesmo, quatro jogos e apenas quatro pontos de distância entre estas sete equipas prometem um final de temporada emocionante e dramático na Ligue 1.