O melhor momento do basquetebol ucraniano cruza-se com a pior situação política do seu país, o que marcará da pior maneira o futuro desta equipa. Para começar, ao ver-lhe retirada a organização do Eurobasket 2015, onde Mike Fratello esperaria poder conduzir o grupo até a uma posição ainda melhor do que a alcançada, com alguma surpresa, em 2013, quando foram sextos classificados e conquistaram, assim, o direito a estar no seu primeiro Mundial. O técnico norte-americano chegou em 2011 com planos para tornar a Ucrânia numa presença regular nos Europeus. Com jogadores ucranianos a começar carreira na NBA, tudo parecia conduzir para a possibilidade de lutar por um lugar entre os quatro primeiros no próximo Europeu. No entanto, todo esse trabalho poderá cair por terra por falta de apoio político.
Será assim com um misto de curiosidade e alguma carga trágica que a Ucrânia se estreia na competição. A generalidade dos jogadores ucranianos na NBA não tem vivido situações de muito sucesso. Alex Len, dos Phoenix Suns, pode ser considerado o que melhor tem aproveitado a sua estadia, mas falhará o Mundial este verão. Pecherov e Fesenko também tiveram passagens pobres pela NBA e sobra Viacheslav Kravtsov que deverá estar presente em Espanha para mostrar as suas qualidades. No entanto, as figuras desta equipa são outras. O base naturalizado Pooh Jeter consegue entregar um ritmo de jogo e de explosividade que tornam os ucranianos muito fortes na condução e o lançador Sergiy Gladyr, que promete sempre largas pontuações. Com o resto do plantel a evidenciar diversos nomes que beneficiam de experiência nas competições europeias de clubes, espera-se que esta passagem pelo Mundial seja de sucesso. E que, pelo caminho, a situação do país estabilize e permita a continuação do bom trabalho de Mike Fratello.
História
Depois da independência da União Soviética, a Ucrânia surgiu nos Europeus de basquetebol em 1997, tendo marcado presença regular até 2005. Um interregno de seis anos levou à chamada de Mike Fratello que conduziu a equipa às duas últimas edições da prova e à sua melhor classificação de sempre, um sexto lugar que agora permite à Ucrânia a estreia num Mundial.
Figura
Natural de Los Angeles, Califórnia, Eugene Jeter, com o nickname “Pooh”, foi figura na Universidade de Portland e chegou ao profissionalismo através da D-League, para a qual foi escolhido no Draft de 2006, pelos Colorado 14ers. A sua boa temporada nessa Liga deu-lhe uma oportunidade de jogar a Summer League no verão seguinte, com os Sacramento Kings, equipa que acabariam por, em 2010, contratá-lo para a sua única época na NBA. Pelo meio, experiências na Ucrânia e em Espanha fizeram de Pooh Jeter uma cara bem conhecida dos pavilhões europeus, onde goza de elevado respeito. Ainda assim, depois de em 2011-12 ter jogado no Joventut Badalona, acabou por ir para a China, onde completou as duas últimas temporadas. Em 2013, naturalizou-se ucraniano e esteve no momento histórico do basquetebol do seu novo país. A oportunidade de jogar um Mundial, ainda mais enfrentando os Estados Unidos, poderão permitir um regresso à ribalta do pequeno base.
Adversários
Para lá dos Estados Unidos, não existem rivais inultrapassáveis para os ucranianos no Grupo C. No entanto, também fica claro que a força de generalidade destas equipas reside no coletivo e não em estrelas isoladas. Mike Fratello deverá estudar bem o que o espera, de forma a tentar uma surpresa que aumente as possibilidades da Ucrânia encontrar, nos oitavos-de-final, um adversário que lhe permita sonhar com algo mais.