Depois da ausência nos Jogos Olímpicos de 2012, Angola está de volta à alta roda do basquetebol mundial e com uma equipa que começa a dar sinais daquilo que poderá ser o futuro do basquetebol desta potência africana. O aparecimento de jogadores como Valdelicio Joaquim e Yanick Moreira oferecem centímetros para o jogo interior, valorizando bastante a capacidade de Angola junto das tabelas. Com dois jogadores muito experimentados nessa rotação, Joaquim Gomes e o naturalizado Reggie Moore, Angola poderá não sentir falta de Felizardo Ambrósio, que falha o Mundial e uma oportunidade de se mostrar, uma vez mais, como jogador com capacidade para evoluir noutras Ligas.
A ausência difícil de disfarçar é a de Carlos Morais, que levou o sonho da NBA até Angola, com a presença na Summer League da passada temporada, na equipa dos Toronto Raptors. Falhada a entrada na maior Liga do Mundo, Morais deixa orfã a condução de jogo, agora entregue a Armando Costa e Milton Barros, qualquer um deles a precisar de estar ao mais alto nível para enfrentar as poderosas seleções que estão no Grupo D. Olímpio Cipriano, por sua vez, continua a ser a grande referência desta equipa, pela elegância e acerto no tiro exterior, junto da capacidade de tornar Angola uma equipa com diversas ameaças no momento de enfrentar o cesto.
Paulo Macedo tem a missão de conduzir Angola à renovação dos seus quadros e, neste Mundial, acaba por objeto da memória dos espanhóis, que o relembram como base titular na célebre equipa angolana que bateu a seleção espanhola nos Jogos Olímpicos de 1992. Repetir algo do género seria o melhor que poderia acontecer ao basquetebol angolano.
História
Dominadores absolutos do basquetebol africano, onde somaram 10 vitórias no Afrobasket desde 1989, Angola tem também sido presença regular em Mundiais e Jogos Olímpicos. O seu melhor resultado é uma chegada aos oitavos-de-final, algo conseguido em 1994, 2006 e 2010. Tendo tido, quase sempre, os seus melhores valores a jogar no campeonato local (honrosas exceções para Jean-Jacques Conceição, José Carlos Guimarães ou Joaquim Gomes, com presenças em competições europeias de relevo), Angola pode por isso ficar aquém de uma maior evolução do seu jogo coletivo.
Figura
A nossa escolha recai em Olímpio Cipriano, o que pode soar algo polémico. Não tem o historial de Joaquim Gomes, não representa a nova geração como Valdelício Joaquim, não tem a experiência que o naturalizado Reggie Moore oferece. Olímpio não chegou nunca a representar um clube fora de Angola, à exceção de uma tímida passagem pela Summer League da NBA em 2007, com os Detroit Pistons. No entanto, Olímpio Cipriano continua a ser um elemento que não se pode ignorar na estrutura do cinco angolano, com a possibilidade de ter ainda mais espaço para o seu fantástico tiro, agora que a equipa beneficia de maior capacidade de ressalto. Olímpio Cipriano partilha com a sua equipa a fragilidade no momento defensivo, mas compensa-o da melhor forma com a sua qualidade ofensiva. E, atenção, os seus números crescem sempre que disputa um Mundial.
Adversários
Angola joga no limbo este Grupo D. Por um lado, poderá estar aquém, em termos de valor, de potências como a Lituânia, a Eslovénia ou a Austrália, ainda que, pela experiência dos seus jogadores, não vá entrar derrotado em nenhum destes encontros. Por outro, terá que se haver com o México, que chega muito motivado para alcançar o apuramento. Será esse, provavelmente, o jogo mais decisivo da equipa angolana neste Mundial, parar os mexicanos e seguir em frente. Se o fizer, no provável quarto lugar, terá um reencontro marcado com os Estados Unidos nos oitavos-de-final.