A equipa de David Wagner tem dia extraordinário e impõe a primeira derrota no campeonato. José Mourinho fala de um problema de atitude e com isto o City isola-se ainda mais no primeiro lugar. O Tottenham consegue finalmente quebrar o feitiço e vence confortavelmente o Liverpool em Wembley. Klopp perde a paciência com a defesa dos Reds.
Questão de atitude, ou falta dela
José Mourinho foi o primeiro a reconhecer. No jogo de sábado no John Smith Stadium uma equipa entrou com tudo e a outra foi só para ver passar. A primeira venceu o jogo com inteiro mérito. O Huddersfield Town Crest fez história ao vencer o Manchester United, o que segundo os anais não acontecia desde 1952. David Wagner não se cansou de repetir que o quão extraordinário era este momento para uma equipa que há duas épocas estava a lutar para sobreviver no Championship.
O técnico alemão percebeu a falta de fluidez na construção ofensiva do United, na ausência de figuras como Paul Pogba e Fellaini, e preparou muito bem a receção aos Red Devils. Fazendo jus à designação de Terriers, os jogadores da casa não davam tempo para que o United se recriasse com a bola, para que pensasse o próximo passe. Wagner foi também muito inteligente nas apostas que fez: se o australiano Mooy correspondeu ao que se sabia já dele, Christofer Schindler tem sido um verdadeiro esteio. Ficou sobretudo claro que aquele ímpeto inicial do Huddersfield não se esvaziou: há qualidade, organização e capacidade de trabalho para que a equipa chegue à manutenção o quanto antes. Para já, sobe ao décimo primeiro posto da tabela classificativa da Premier League, com um ponto a menos que o Liverpool, por exemplo.
Sabemos que estamos a vislumbrar uma realidade alternativa quando Victor Lindelof é o bode expiatório e Depoitre um dos heróis da tarde. Mourinho andava com paninhos de algodão para inserir o sueco no onze na Liga Inglesa, mas agora talvez se perceba melhor a opção. Não apenas fica evidente a sua insegurança em lidar com o jogo aéreo mas também a solidez que Phil Jones dá ao eixo central da defesa. O descalabro do United começou quando o defesa inglês teve que ser substituído aos vinte e três minutos. Mas convenhamos, não foi só Lindelof a comprometer. Juan Mata fez o primeiro erro, que deu azo ao tento de Aaron Mooy. E como o técnico português reforçou, não se trataram de erros individuais localizados a comprometer a equipa. O coletivo estava apático e sem reação, aqueles foram só dois momentos que custaram golos.
Onde para a defesa?
A fechar a jornada o Tottenham bateu de forma contundente o Liverpool, no que recinto que serve de casa emprestada. Foi um final de tarde para arrumar com enguiços. Podemos dizer que depois do último fim de semana o desconforto de jogar em Wembley deixa de ser desculpa. E, por fim, Mauricio Pochettino consegue levar a melhor sobre o Liverpool, adversário que nunca tinha derrotado. Muito se fala do avançado cada vez mais versátil e completo que é Harry Kane; da velocidade e oportunismo de Son, do rasgo de Dele Alli. Tudo mais do que justo porque os Spurs fizeram uma excelente partida, de grande entrega, mesmo após a ida a Madrid. Mas o filme não fica completo sem a tarde para esquecer de Dejan Lovren. Há passagem da primeira meia-hora o treinador alemão abdica do croata para meter mais um homem – Oxlade-Chamberlain – a tentar furar. Assim como assim, estar ou não em campo era o mesmo, relativamente a Lovren.
Mau de mais mas claramente os problemas defensivos são estruturais, mais do que de casting. Individualmente, o Liverpool não tem jogadores de elite nesta posição mas a primeira linha do meio-campo também não está equipada para fazer cobertura. Henderson e Can deixam muito espaço nas costas e como não são particularmente rápidos são muitas vezes apanhados desposicionados.
Boas Apostas!