Não se trata de um novo El Dorado, muito menos de um campeonato entregue a velhas estrelas europeias em busca de uma pré-reforma de luxo. Os Estados Unidos festejam a vigésima edição da MLS, que se iniciará já amanhã, à frente de uma Liga que soube encontrar o seu caminho, fomentar os seus adeptos e jogadores e preparar-se, agora, para dar o salto para uma divisão mundial de grandes ligas. Se na Europa continua a disputar-se o melhor futebol do mundo, com a Liga dos Campeões a reunir os sonhos e a atenção de adeptos em todos os cantos do planeta, noutros continentes surgem competições com capacidade para dar luta, organicamente, a esse domínio.
Não falamos de ver a MLS, a J-League ou a Superliga chinesa como potenciais competidores pelas grandes estrelas do futebol, mas sim como projetos onde os clubes se acabarão por tornar mundialmente mais relevantes do que as ligas que estão na segunda linha da Europa. Em termos de valores de mercado dos seus jogadores, a MLS compete, este ano, segundo dados do Transfermarkt, com os números da Liga Grega, por exemplo, mas é no campo mediático que a MLS já se está a afirmar, com um contrato com a Sky Sports a tornar a liga relevante em mercados muito competitivos.
O impacto das novas estrelas
Na primeira jornada da MLS, duas das grandes estrelas recém-contratadas para a Liga vão jogar frente a frente. Kaká é um nome de impacto mundial que torna o Orlando City numa equipa instantaneamente seguida no Brasil, mas também em Itália, onde o jogador tem forte legião de seguidores. Já o New York City, equipa do universo do Manchester City, aposta em David Villa para tornar a equipa competitiva numa Liga de grandes equilíbrios. Orlando City e New York City não poderiam ambicionar por melhor estreia, sendo que estão vendidos todos os 60 mil bilhetes disponíveis no Citrus Bowl.
No presente mercado de transferências, chegadas de outros jogadores como o italiano Giovinco, para o FC Toronto, ou o regresso de estrelas da seleção norte-americana, como Jozy Altidore, também para os canadianos do Toronto, ou Sacha Kljestan, para os New York Red Bulls, também farão a diferença, demonstrando que os Estados Unidos são uma opção viável para continuar a carreira. O reforço dos FC Toronto, equipa que sempre esteve em destaque, na Liga, por demonstrar capacidade gastadora, oferece aos canadianos o seu melhor plantel de sempre. A forma como isso se demonstrará em campo é ainda uma dúvida por esclarecer.
Os favoritos
Com a competição a incluir uma fase regular e um playoff, existem dois momentos para cada plantel e também a afirmação das diferentes equipas consoante o tipo de jogo que estão a disputar. Os Seattle Sounders foram a equipa mais forte da primeira fase, mas acabaram por falhar a final do campeonato ao perderem com os LA Galaxy na final do Oeste. Pior estiveram os DC United que, depois de vencer no Este, perderam logo nas meias-finais da Conferência frente aos New York Red Bulls. Na nova temporada, os Sounders voltam a poder ser considerados favoritos, com os Galaxy, campeões em título, a mostrar também forte capacidade para se manterem no topo da Liga.
Entre as equipas que têm mais história na competição, conte-se com os Columbus Crew, que são sempre um adversário complicado, tal como o Sporting Kansas City, no Este, onde estão os já falados FC Toronto, enquanto a Oeste o desaparecimento do Chivas USA será rapidamente esquecido com os Portland Timbers a mostrarem-se capazes de poder crescer e afirmar algum poderio na presente temporada.
Os portugueses
José Gonçalves será o português com mais sucesso acumulado na MLS, sendo que o defesa dos New England Revolution já foi considerado entre os melhores jogadores da prova. Talvez a confirmar o entendimento dos portugueses como jogadores de qualidade para atuarem na linha defensiva, dois outros jogadores farão a sua estreia na presente edição da MLS. Steven Vitória deixou o Benfica para assinar pelos Philadelphia Union, equipa que na temporada passada ficou à porta do playoff e conta, este ano, tentar a sua sorte na Conferência Este. Já Paulo Renato, formado no Sporting e com uma carreira marcada por lesões, conseguiu convencer os responsáveis do San Jose Earthquakes e terá uma oportunidade de regressar a um campeonato de topo numa das equipas mais fracas da temporada passada. Finalmente, Rafael Ramos, lateral direito que saiu do Benfica para o Orlando City, parece ter garantido um lugar no onze da nova equipa da MLS, onde terá a companhia do luso-angolano Estrela, também formado no Benfica.