Milos Raonic – Andy Murray (Wimbledon)
Milos Raonic fez uma exibição de luxo para afastar Federer e garantir presença na sua primeira final de um torneio do Grand Slam. É o primeiro homem canadiano a fazê-lo. Berdych voltou a mostrar que não tem pedalada para os homens do topo da hierarquia e permitiu a passagem em sets diretos a Andy Murray. É a terceiro final de Wimbledon para o escocês – foi finalista vencido em 2012 e campeão em 2013 – e a primeira de dez em Majors em que não enfrenta Djokovic ou Federer. Tudo pronto para a consagração do britânico. Pode Raonic romper este favoritismo?
Há dois anos atrás Milos Raonic chegou à semifinal de Wimbledon, o que, na altura, já foi uma sensação. Mas nessa partida de 2014 o canadiano quase não fez mais do que corpo presente. Do outro lado da rede estava Roger Federer e o Milos de vinte e três anos não tinha a menor condição – técnica e sobretudo mental – de lhe fazer frente. Na sexta-feira foi bem diferente e espelha na perfeição o quanto evoluiu o ténis do gigante canadiano. Já nessa altura Raonic recusava o rótulo de “one trick pony” – que era a enormidade do seu serviço. E de lá para cá tem sido incansável no trabalho constante para se tornar um tenista mais completo, com uma diversidade de armas. Claro que o serviço continua a ser demolidor. Mesmo em relva, um serviço que atinge os 230 quilómetros por hora tem que causar dificuldades (são mais 5Km/h do que o melhor que Federer conseguiu produzir na meia-final). Mas há sempre aspetos a acrescentar e Raonic procura sempre ser melhor. A acessória de McEnroe tem sido importante, na parte mental, da atitude e da exteriorização das energias em court. Também nas abordagens à rede. Outro pormenor que tem impressionado no All Englad Club é a potência do segundo serviço.
Nos oitavos Milos Raonic teve que encontrar a força mental e recursos para dar a volta a dois sets de desvantagem frente a Goffin (4-6, 3-6, 6-4, 6-4, 6-4). Segundo testemunho do próprio tenista, os seus treinadores – Moya e McEnroe – sublinharam o facto dessa reviravolta poder ser um ponto de viragem na carreira. Se há coisa a que nos habituou é que aprende rápido.
Domingo, Raonic disputa a sua primeira final de um torneio do Grand Slam. É o primeiro homem canadiano a fazê-lo – Bouchard já o conseguiu no lado feminino.
Andy Murray vai pela terceira vez ao jogo do título no Major Britânico. Em 2012 foi finalista vencido, entregando o sétimo troféu a Federer, o mesmo que o afastou na época passada, na semifinal. Mas no ano seguinte sagrou-se campeão no All England Club, derrotando o número um mundial. O escocês disputou dez finais de eventos do Grand Slam ao longo da sua carreira. Venceu duas – Open dos Estados Unidos 2012 e Wimbledon 2013 – e esta será a primeira em que não estará defronte de Novak Djokovic ou Roger Federer. Os dois carrascos habituais já não estão em prova, poder-se-ia dizer que Andy pode relaxar um pouco. Esperemos que não. Tem aqui uma oportunidade de ouro para subir a contagem de Grans Slam’s. Está a jogar excelente ténis, vai para a quinta final consecutiva – Madrid, Roma, Roland Garros e Queen’s, com triunfos na capital italiana e no torneio britânico de relva – e tem caminho desimpedido dos seus grandes adversários do circuito. Murray também está confiante no impacto que causa a primeira participação destes torneios históricos.
Estes homens sonham com a final de Wimbledon desde crianças e essa emoção pode ser avassaladora. Ele sabe bem porque disso porque perdeu as quatro primeiras finais de Majors em que participou.
2016 | Queen’s | Murray | 2 | 65 | 6 | 6 | F | ||
Raonic | 1 | 7 | 4 | 3 | |||||
2016 | Monte Carlo | Murray | 2 | 6 | 6 | QF | |||
Raonic | 0 | 2 | 0 | ||||||
2016 | Open da Austrália | Murray | 3 | 4 | 7 | 6 | 6 | 6 | SF |
Raonic | 2 | 6 | 5 | 7 | 4 | 2 |
Andy Murray soma seis vitórias nos nove confrontos que teve com Milos Raonic. As últimas cinco foram consecutivas. Este ano os dois já se cruzaram na meia-final do Open da Austrália (4-6, 7-5, 6-7, 6-4, 6-2), nos quartos de final de Monte Carlo (6-2, 6-0) e na final de Queen’s, na segunda semana de junho (6-7, 6-4, 6-3). Este embate recente foi já em relva e o canadiano manifestou o desejo de poder ter a desforra em breve. Aí está a oportunidade.