As seleções de Marrocos e Irão despedem-se da Rússia no fim da fase de grupos mas ambas deixam boa imagem. De início apontados como os elos mais fracos, num grupo onde enfrentavam as duas equipas ibéricas, tanto um como outro venderam caríssimo cada ponto cedido. Mesmo já sem margem de manobra, os marroquinos quase desfeitearam La Roja ontem. E o Irão esteve muito perto de empurrar Portugal para fora do Mundial.

Marrocos deixa saudade

O golo de Boutaib, aos catorze minutos, não foi apenas um golpe de sorte e a Espanha suou até ao fim.

O golo de Khalid Boutaib, aos catorze minutos, não foi apenas um golpe de sorte e a Espanha suou até ao fim.

Marrocos já estava eliminado À entrada para a jornada de fecho do Grupo B. Mas Hervé Renard, no final do encontro com Portugal, que a seleção africana ia lavar a honra frente à Espanha. E fez por isso.

Por duas vezes, em Kaliningrado, a seleção marroquina esteve na frente do marcador. Primeiro foi Khalid Boutaib a aproveitar o desentendimento de Iniesta e Sergio Ramos para bater David de Gea. Ainda não tinha sido cumprido o primeiro quarto de hora do encontro. Entretanto Isco tinha reposto a igualdade mas à entrada para os últimos dez minutos, Youssef En-Nesyri voltou a marcar. Só já depois dos noventa, com um golo que inicialmente foi anulado mas que o VAR validou, Iago Aspas, que tinha rendido Diego Costa um pouco antes, salvou a Espanha de um embaraço. A consequência imediata dessa hipotética derrota seria o primeiro lugar do grupo.

De facto, os Leões do Atlas saem como heróis do Campeonato do Mundo de Futebol. O estilo de jogo de Marrocos – combativo, arrojada, com bom toque de bola – caiu no goto de muitos adeptos por esse Mundo fora, que lamentam a sua saída de cena sem mais que um ponto. O selecionador Renard eleva a sua cotação e mostra competência para estruturar uma equipa e promover o espírito de grupo.

Não podemos esquecer que Marrocos teve azar no embate com a formação de Queiroz, tendo perdido esse jogo com um autogolo de Aziz Bouhaddouz cinco minutos para lá do tempo regulamentar. Os marroquinos limitaram Portugal a um triunfo pela margem mínima, sendo que o golo de Cristiano Ronaldo, logo ao quarto minuto, veio na sequência de um lance de bola parada.

Irão à Queiroz

Com tempo e poder nas mãos ninguém divida da capacidade de Queiroz para construir um coletivo.

Com tempo e poder nas mãos ninguém duvida da capacidade de Queiroz para construir um coletivo.

O Irão de Carlos Queiroz também sai da Rússia em alta, apesar do afastamento na fase de grupos. Aposto que o selecionador vai utilizar mais esta capitalização para assinar novo contrato. A retratação dos responsáveis da Federação Iraniana parece improvável, já que antes do Mundial tinham rompido relações, com Queiroz a considerar desrespeitosa a proposta de seis meses para prolongar.

É uma questão de expetativas. Com tempo e poder, nós sabemos que Carlos Queiroz tem tudo para fazer um bom trabalho de fundo. Sobretudo se não tem que lidar com pressões de resultados imediatos e egos que não o seu. Quem o conhece sabe que as suas equipas ganham rapidamente uma estrutura defensiva sólida mas ao fim de oito anos no cargo teve tempo para trabalhar o talento disponível. Hoje a seleção iraniana tem competências ofensivas também, sobretudo na exploração das transições ofensivas.

Nunca antes o Irão tinha estado tão perto de se estrear para lá da fase de grupos. Um pleno de resultados – vitória com Marrocos (0-1), derrota com Espanha (0-1) e empate com as Quinas (1-1) – dão-lhe quatro pontos, menos um que os dois adversários que seguem para os oitavos.

Alan Shearer teve a reação mais explosiva ao penálti assinalado a Portugal, que deu o empate ao Irão. Depois de um discurso empolgado durante a emissão televisiva onde atuava como comentador, atacando o VAR e a atuação inadmissível do árbitro do encontro, o antigo internacional confessou mais tarde no twitter que tinha sido necessária muita contenção para não praguejar em direto.

Boas Apostas!