O palco está montado. Depois de meses de antecipação e esforços de última hora os oito convidados de honra vão poder mostrar as credenciais que lhes valeram um lugar no World Tour Finals. Até domingo, a elite do circuito masculino do ténis está em Londres e os olhos do mundo também. Para gaudio dos amantes da modalidade.
Djokovic parte na frente
Novak Djokovic tinha, há meses, o seu lugar nas finais assegurado. Mesmo num ano tão atípico para o sérvio – uma lesão no pulso, o casamento e o nascimento do primeiro filho – ele chega ao final da época no topo da classificação. É verdade que Federer ainda tem hipóteses de superar o sérvio, mas Novak tem a vida facilitada. Basta que vença três encontros em Londres, ou pelo menos um desde que chegue à final. Vencedor nato, Nole teve também a sorte do seu lado. O sorteio ditou dois grupos. O primeiro com Djokovic, Wawrinka, Berdych e Cilic; o segundo com Federer, Nishikori, Raonic e Murray. O que significa que há apenas um elemento no grupo A que já bateu o número um mundial, Stan Wawrinka, na sua caminhada para o título no Open da Austrália. E quanto ao grupo B, ele despachou três desses jogadores – Nishikori, Murray e Raonic – com facilidade no torneio anterior, em Bercy. Mas não é só por isso que Novak é favorito. Quando está no seu pico de forma, não há ninguém mais capaz e completo neste circuito mundial. Ainda por cima, o sérvio é o tenista menos sobrecarregado dos oito escolhidos. Depois do Open dos Estados Unidos participou apenas em três torneios, fazendo inclusivamente pausas entre eles para acompanhar o filho recém-nascido. Enquanto isso Federer perseguia a possibilidade de voltar a ser número um do mundo e de conquistar a Taça Davis; Wawrinka e Cilic tentavam ultrapassar problemas de forma e lesões; e os restantes matavam-se para garantir a qualificação.
O Sonho de Federer
Já para Roger Federer o sorteio foi algo padrasto. Juntou o suíço com três tenistas que atingiram a sua melhor forma neste outono e que estão incrivelmente motivados por terem chegado até aqui. Federer teve uma época como há anos não lhe víamos. Bem fisicamente, a jogar o seu melhor ténis, confiante. E o prazer que redescobriu no court sente-se, fazendo-nos facilmente esquecer que é um veterano de trinta e três anos. Faltam as cerejas no topo do bolo que faziam deste um ano de sonho – vencer a final do circuito mundial, voltar a ser nº 1 e conquistar a Taça Davis pela Suíça. Nenhuma delas será fácil mas o simples facto de chegar a esta altura do ano com essas perspetivas, depois do pesadelo que foi 2013, já é memorável.
Murray ainda tem pernas para andar?
Andy Murray tem que merecer destaque também. Até há dois meses atrás nem ele nem ninguém acreditava que o escocês pudesse estar entre os oito melhores do ano. A organização do evento chegou a retirar a sua imagem, que constava inicialmente, dos materiais de promoção. Entre o final do Opendos Estados Unidos e a chegada a Londres, Murray disputou vinte e três partidas em seis eventos, perdendo apenas três, duas das quais para Djokovic. Que ele tem capacidade para triunfar em solo britânico já todos o sabemos. Resta saber até que ponto a carga de jogos poderá afetar a sua prestação neste torneio tão concentrado. Logo na abertura, Andy tropeçou num revigorado Kei Nishikori. E todos sabemos como o japonês pode ser perigoso quando está confiante e sem limitações físicas. No mínimo, irá lutar até ao fim em cada encontro.
Modelo competitivo promove surpresas
O modelo de competição do World Tour Finals pode proporcionar surpresas. Todos contra todos, dentro dos seus respetivos grupos, os dois mais bem classificados de cada série seguem as meias finais e daí saem os finalistas. É possível perder na fase inicial e voltar a encontrar esse mesmo adversário no jogo do título, por exemplo. Está tudo em aberto, e o ténis é do mais alto calibre.