Tomas Berdych – Roger Federer (Open da Austrália)
A joia da coroa desta terceira ronda do Open da Austrália. Normalmente os duelos deste nível só acontecem na segunda semana de uma Grand Slam mas as circunstâncias do ranking de Roger Federer colocam-no no caminho de Tomas Berdych bem mais cedo. O suíço, pela primeira vez fora do top-10 em catorze anos, já teve dois embates exigentes em Melbourne, o último dos quais frente a um jovem talento de vinte anos, vindo do qualifying. A experiência foi fundamental para contrariar o entusiasmo de Noah Rubin.
Tomas Berdych já está habituado a atravessar o caminho de Roger Federer, em particular no primeiro torneio do Grand Slam da temporada. Mas normalmente o mesmo acontece mais lá para a frente, na segunda semana de competição. É a primeiro vez que se cruzam antes dos oitavos de final em Melbourne. Outra novidade nestes confrontos diretos é que pela primeira vez o checo será o tenista mais cotado. É décimo no ranking e o suíço caiu para décimo sétimo com o abandono de boa parte da temporada anterior.
Desde 2011 que, no mínimo, Berdych alcança os quartos de final. Em 2014 e 2015 foi semifinalista. Nos últimos três anos foi eliminado por Roger Federer (7-6, 6-2, 6-4), Andy Murray (6-7, 6-0, 6-3, 7-5) e Stan Wawrinka (6-3, 6-7, 7-6, 7-6). Uma das estatísticas mais interessantes do checo é o seu mau registo quando enfrentam os homens do topo da hierarquia. Psicologicamente isso pode ajudá-lo desta feita, ao medir forças com o suíço numa posição superior. Veremos.
Na primeira ronda, o número dez mundial, teve passagem expresso. A lesão de Luca Vanni (157º) em court, ainda no primeiro set (6-1), obrigou ao abandono do italiano. Mal deu para Tomas Berdych aquecer convenientemente. Na segunda ronda esperava-se que Ryan Harrison fosse um desafio um pouco mais estimulante mas o checo voltou a superiorizar-se com naturalidade em sets diretos (6-3, 7-6, 6-2).
Roger Federer sabia que a participação no Open da Austrália seria desafiante. Depois de ter passado meses fora do circuito, com uma cirurgia ao joelho e dando tempo ao corpo para recuperar a sua condição ótima, o suíço caiu para o décimo sétimo lugar do Ranking ATP. Há catorze anos que não saía do top-10. É uma grande diferença e tem implicações muito práticas. Começa pelo sorteio. Com um dos primeiros cabeças de série Roger só começava a encontrar adversários mais completos lá mais para a frente e quase sempre na posição de favorito. Agora ele está abaixo na hierarquia e corre o risco de encontrar tenistas como Berdych à terceira ronda. E depois há ainda que considerar que tanto tempo fora do circuito também afeta o ritmo competitivo, obviamente. Na Taça Hopman o suíço de trinta e cinco anos teve oportunidade de se testar frente a “miúdos” mais novos, como Alexander Zverev (7-6, 6-7, 7-6) e Daniel Evans (6-3, 6-4). Perdeu com o alemão e venceu o britânico. Uma experiência que lhe terá servido na quarta-feira, quando teve pela frente Noah Rubin. Aos vinte anos, o norte-americano agarrou com ambas as duas mãos a oportunidade de defrontar um ídolo de infância. Rubin levou mais de duas horas a ceder (7-5, 6-3, 7-6) e Federer reconheceu que se apoiou no serviço e na experiência de estar nos palcos de Melbourne Park muitas vezes para se manter na partida. Agora, tem consciência de que precisa de elevar o nível do seu ténis para ter hipóteses de bater o pé a Berdych.
Nos últimos treze anos, Federer só por uma vez (2015) não foi até à meia-final ou além no Open da Austrália.
2016 | Open da Austrália | Federer | 3 | 7 | 6 | 6 | QF |
Berdych | 0 | 6 | 2 | 4 | |||
2015 | World Tour Finals | Federer | 2 | 6 | 6 | ||
Berdych | 0 | 4 | 2 | ||||
2015 | Masters de Roma | Federer | 2 | 6 | 6 | QF | |
Berdych | 0 | 3 | 3 |
Esta será a vigésima segunda vez que os dois tenistas se defrontam, com o suíço a lideram destacado o registo de vitórias (15-6). Venceu de enfiada os cinco mais recentes, o último dos quais aqui em Melbourne, há um ano, nos quartos de final. Federer venceu em sets diretos.