Roger Federer – Rafael Nadal (Open da Austrália)
Em algum momento, todos os amantes do ténis sonharam com isto. Uma última grande final entre Roger Federer e Rafael Nadal. Mas poucos acreditavam realmente que voltasse a acontecer, a começar pelos próprios. Os dois tiveram batalhas épicas para chegar aqui, dentro e fora dos courts. Wawrinka e Raonic foram dignos vencidos nas semifinais. No final de domingo Roger terá conquistado o décimo oitavo título de um Grand Slam ou Rafa o seu décimo quinto.
Roger Federer disse tudo. Em outubro do ano passado, quando esteve em Maiorca para inaugurar a Academia Rafa Nadal, os dois rivais, profundos admiradores mútuos, agora amigos, limitaram-se a trocar umas bolas com os miúdos para a fotografia. Ambos com queixas das respetivas lesões. E chegaram a falar de jogar um encontro de beneficência, como dois velhas glórias, já retiradas do circuito. E menos de quatro meses depois, contra todas as expetativas, voltam a encontrar-se com uma rede pelo meio, na final de mais um Grand Slam. No domingo um deles escreverá esticará ainda mais longe um recorde que já os torna as duas maiores figuras de sempre no ténis. Ou Federer soma o décimo oitavo título de um Major, ou Nadal o seu décimo quinto. Será o duelo trinta e cinco entre os dois, oito finais de Grand Slam, seis vitórias para o espanhol, duas para o suíço. A última vez que se defrontaram nestas circunstâncias foi no jogo do título em Roland Garros, em 2011.
Stan Wawrinka obrigou o compatriota a merecer a final. Foram cinco duros sets (7-5, 6-3, 1-6, 4-6, 6-3). O primeiro parcial foi tremendo: cinquenta minutos de ténis de fina água. Nos terceiro e quarto sets Wawrinka inverteu o ascendente, depois de ter requerido assistência médica e voltar com o joelho ligado. Por momentos Federer baixou a guarda e cometeu erros poucos habituais. No derradeiro set o tenista de trinta e cinco anos enfrentou e anulou dois pontos de break. Acabou por ser uma dupla-falta de Stan a fazer a diferença.
Rafael Nadal não teve tarefa mais fácil. A saída precoce de Djokovic e Murray não deu esperança apenas aos dois veteranos. Grigor Dimitrov (6-3, 5-7, 7-6, 6-7, 6-4), a jogar ao seu melhor nível, também viu a janela de oportunidade. E esteve tão perto da sua primeira final num Major. Esta semifinal durou cinco horas. Ou seja, duas maratonas seguidas! Foi uma montanha russa de emoções e ténis de excelência, com os dois tenistas a alternarem no domínio do encontro. Longas trocas de bola, winners e quebras de serviço de parte a parte, houve de tudo. Em 2009 Rafa venceu o seu único título no Open da Austrália. Adivinhem contra quem. É suíço e liderava o ranking até o espanhol o ter desalojado do primeiro lugar.
Do de vista técnico é como se Rafa Nadal tivesse evoluído com o jogo perfeito para contrariar Roger Federer. Nos embates entre ambos, em que o espanhol é francamente dominante, havia certas características que desequilibravam. Rafa servia esmagadoramente para a esquerda de Roger, o que lhe criava muitas dificuldades, obrigando a mexer-se muito para apanhar a bola em condições. Por seu lado, o suíço sabe que não se pode envolver em longas trocas de bola com o rival, porque era quase sempre uma receita para fracasso. É importante para Federer servir bem desde o início e subir à rede para encurtar os pontos. Nadal tem menos um dia para descansar da meia-final mas Federer teve que solicitar assistência do fisioterapeuta, com queixas nos adutores. Ainda assim, o ténis do suíço é executável mesmo que as condições físicas não sejam as melhores. Não se pode fizer o mesmo do de Rafa, que precisa de ser explosivo para dominar o encontro.
2015 | Basileia | Federer | 2 | 6 | 5 | 6 | F | |
Nadal | 1 | 3 | 7 | 3 | ||||
2014 | Open da Austrália | Nadal | 3 | 7 | 6 | 6 | SF | |
Federer | 0 | 6 | 3 | 3 | ||||
2013 | ATP World Tour Finals | Nadal | 2 | 7 | 6 | SF | ||
Federer | 0 | 5 | 3 |
Este será o trigésimo quinto duelo entre ambos. Nadal lidera de longe nos confrontos diretos: vinte quatro contra apenas onze vitórias de Federer. São os dois tenistas com mais títulos do Grand Slam de sempre. Dezassete para o suíço, catorze para o espanhol, treze para Novak Djokovic. No domingo à noite um dos dois terá alargado a sua conta pessoa e o seu lugar na história da modalidade.