Richard Gasquet – Roger Federer (US Open)

Para os gourmets do ténis dificilmente se poderia servir um banquete mais sofisticado. Richard Gasquet bateu em quatro sets Tomas Berdych para marcar presença nos segundos quartos de final de um torneio do Grand Slam esta temporada. Roger Federer eliminou o último norte-americano em prova, batendo John Isner no jogo do serviço. A principal preocupação, neste momento, começa a ser a fadiga, particularmente para o francês que já carrega dezasseis sets em Flushing Meadows.

Se fossem precisas mais evidências de que Richard Gasquet está a ter um ano fantástico, aqui está. O décimo segundo do ranking, garantiu presença nos quartos de final do US Open, os segundos quartos de uma prova do Grand Slam da temporada para o francês. Já lá vão dois anos desde a última vez que chegou tão longe num Major. Gasquet tem sofrido ao longo da sua carreira de problemas físicos sérios, que têm limitado as suas exibições e a sua confiança, já que do seu virtuosismo ninguém duvida. Felizmente, em 2015, o tenista regressou muito bem à competição e depois da vitória no Millennium Estoril Open tem-se mantido livre da lesão que mais o apoquenta – a hérnia na zona lombar.

Em Flushing Meadows Gasquet foi ultrapassando os obstáculos que lhe saíram ao caminho. O primeiro, e talvez aquele perante o qual se viu mais mal parado, foi Thanasis Kokkinakis. O adolescente australiano venceu o primeiro e o terceiro set mas depois começou a sentir cãibras até ao ponto de não poder continuar e abandonar a partida no último parcial (4-6, 6-1, 4-6, 6-3, 2-0). Seguiu-se Robin Haase (4-6, 6-3, 7-6, 6-4) e a sua vaga de jovens australianos em busca da ribalta, Bernard Tomic (6-4, 6-3, 6-1). Nos oitavos de final Gasquet mediu forças com Tomas Berdych e muitos pensaram que o checo iria levar a melhor. O francês foi o primeiro a reconhecer que entrou mal no encontro. O bom nível do adversário estava a afetar a confiança de Gasquet, que não parecia nada confiante. Mas o segundo set mudou tudo. A resposta ao serviço melhorou significativamente, o serviço acompanhou e com os índices de autoconfiança recarregados foi Richard Gasquet a encostar Berdych às cordas.

O problema é que nesta progressão o francês já teve que disputar dezasseis sets, frente a adversários fisicamente muito fortes. O desgaste tem sido grande e este dia de descanso foi essencial para poder apresentar-se ao melhor nível. Pelo contrário, Federer resolveu todos os seus duelos em sets diretos e só no último foi obrigado a ir a tie break. Também é verdade que o número dois mundial é cinco anos mais velho, portanto a coisa pode estar ela por ela.

Roger Federer avançou para os seus quadragésimos sextos quartos de final de um Major ao bater o único norte-americano ainda em prova no US Open. Nas rondas anteriores o número dois do ranking tinha ultrapassados os opositores com muita naturalidade – Mayer (6-1, 6-2, 6-2), Darcis (6-1, 6-2, 6-1) e Kohlschreiber (6-3, 6-4, 6-4) – e preparou-se para uns oitavos complicados. Afinal, John Isner tem um dos, se não o, melhor serviço do circuito. Mas ainda não desta que Federer cedeu o primeiro set nesta edição do Open dos Estados Unidos. Foi forçado a dois tie breaks, quase um terceiro, mas sai vitorioso em ambos. Segundo as estatísticas do ATP, nunca ninguém conseguiu anular (7-0) o gigante americano num tie break e o suíço registou mais essa marca única.

As exibições de Federer têm sido exemplares mas estamos sempre à espera de o ver esbarrar no primeiro adversário que realmente represente um desafio. Havia essa expetativa frente a Isner mas o enfrentou bem o problema. Veremos se é agora.

Gasquet bateu Federer na primeira vez que o defrontou – em Monte Carlos, 2005 – e só voltou a repetir a gracinha cinco anos e nove encontros depois. O suíço leva vantagem nos duelos, com catorze vitórias.

2015	Dubai	Federer	1		6					QF
		Gasquet	0		1
2014	Taça Davis	Federer	3		6	6	6
		Gasquet	0		4	2	2
2014	Masters de Miami	Federer	2		6	6				R16
		Gasquet	0		1	2
2013	Masters Cup ATP	Federer	2		6	6
		Gasquet	0		4	3