Richard Gasquet – Andy Murray (Roland Garros)
O único francês em prova acaba de fazer história em Roland Garros. Aos vinte e nove anos, e ao fim de treze participações, Richard Gasquet apura-se, pela primeira vez, para os quartos de final do Grand Slam que joga em casa. E da forma como se apresentou em court frente a Nishikori, Andy Murray vai ter que se aplicar a fundo para não ficar pelo caminho. Depois das dificuldades sentidas nas rondas iniciais o escocês parece ter encontrado o seu ritmo. O vencedor deste encontro irá defrontar Wawrinka ou Albert Ramos na meia-final.
A imagem que fica é a de Richard Gasquet deitado na terra vermelha, em delírio, no final do encontro com Kei Nishikori. Pela primeira vez na sua carreira, o tenista de vinte e nove anos, que já passou pelo top-10 e agora ocupa a décima segunda posição do Ranking ATP, apurou-se para os quartos de final de Roland Garros. Foram precisas treze presenças para finalmente romper a barreira psicológica dos oitavos, onde já tinha caído em quatro ocasiões. Já na ronda anterior o gaulês tinha estado muito consistente e conseguiu eliminar Nick Kyrgios (6-2, 7-6, 6-2) em sets diretos. Há muito que Gasquet não chegava a esta altura na temporada de terra batida tão bem fisicamente. Ele é um tenista de enorme qualidade técnica, cuja carreira sempre ficou algo manietada pelas lesões. A terra batida, apesar de ser uma superfície que adora, é também mais castigadora para as suas costas. É natural que chegue ao Major parisiense já bastante maltratado, o que acaba limitar a sua progressão para a segunda semana da prova.
Gasquet precisou de duas horas e meia para afastar o japonês do top-10 (6-4, 6-2, 4-6, 6-2). O primeiro set foi algo confuso, com quebras de serviço de parte a parte, mas ainda assim foi o francês a sair melhor. Mas a partir do segundo parcial o francês começou a servir bem melhor, criando sempre muitas dificuldades a Nishikori, um dos melhores a responder ao serviço deste circuito ATP. Claro que o japonês ainda tentou reagir no terceiro set, não tinha outra opção, e acabaria por forçar um quarto set. Mas aí Gasquet voltou a mostrar que está em forma e confiante.
Desde 1983 que um francês não vence o Roland Garros e Richard Gasquet pode sonhar em repetir a proeza do compatriota Yannick Noah. Mas tem já pela frente um Everest para escalar.
Andy Murray passou por maus bocados nas primeiras rondas. E nem sequer foi daqueles casos em que os adversários jogaram excecionalmente bem e surpreenderam. Foi o escocês que não esteve nem de perto nem de longe ao seu nível habitual. Pagou o preço, passando tempo extra em court, com duas partidas a cinco sets – Stepanek (3-6, 3-6, 6-0, 6-3, 7-5) e Bourgue (6-2, 2-6, 4-6, 6-2, 6-3). Mas desde que passou a enfrentar jogadores mais agressivos – e Karlovic (6-1, 6-4, 7-6) e Isner (7-6, 6-4, 6-3) são muito semelhantes na abordagem ao jogo, apostando forte no serviço e tentando manter os pontos o mais curtos possível – tudo passou a ser mais simples. Basicamente, porque o número dois mundial deixou de complicar a própria vida. Não sei se foi o estilo de jogo dos opositores a operar a mudança ou se simplesmente Murray caiu em si e percebeu que ou subia a fasquia ou corria sérios riscos. Ou talvez tenha simplesmente interiorizado que com Federer fora, Nadal a abandonar por lesão, Tsonga a desistir, tinha mesmo boas hipóteses de chegar à final. E, como ficou provado em Roma, se estiver fresco fisicamente pode realmente bater o pé a Novak Djokovic.
2015 | Masters de Paris | Murray | 2 | 7 | 3 | 6 | QF |
Gasquet | 1 | 6 | 6 | 3 | |||
2015 | Cincinnati | Murray | 2 | 4 | 6 | 6 | QF |
Gasquet | 1 | 6 | 1 | 4 |
O escocês leva clara vantagem nos confrontos diretos com o francês – sete contra três – e venceu os cincos mais recentes. O último triunfo de Gasquet sobre Murray aconteceu há quatro anos, na terra batida do Masters de Roma.