Rafael Nadal – Novak Djokovic (ATP Masters Madrid)
O jogo que merecia abrilhantar a final vai ter lugar na etapa anterior. Rafael Nadal e Novak Djokovic chegam à meia centena de confrontos e este tem tudo para ser memorável. O sérvio, que venceu os últimos sete duelos entre ambos, beneficiou da desistência de Nishikori nos quartos de final. O espanhol, que somou a décima terceira vitória consecutiva em terra batida, fez uma enorme exibição frente a Goffin para seguir em frente. Djokovic anda a tentar redescobrir o seu jogo, Nadal parece ter reencontrado o seu lugar.
Rafael Nadal teve que lutar para somar a décima terceira vitória consecutiva em terra batida. O espanhol está imbatível desde que arrancou a temporada europeia nesta superfície: conquistou o décimo título em Monte Carlo e atingiu a mesma marca no ATP de Barcelona. E se na primeira ronda na Caja Mágica – frente a Fabio Fognini (7-6, 3-6, 6-4) – esteve inconstante e abatido, provavelmente ainda a não a cem por cento depois da otite que o tinha afligido, o seu jogou foi subindo de nível à medida que o Mutua Madrid Open progredia. Diante de um Nick Kyrgios (6-3, 6-1) que acusou mal-estar na zona da anca Nadal nunca aligeirou a prestação mas foi frente a David Goffin (7-6, 6-2) que fez a sua melhor exibição no Masters de Madrid. E foi bem necessária. O belga é o segundo tenista do circuito nesta fase em terra batida, superado apenas pelo menorquino, e mostrou em court porquê. Foram duas horas exatas de ténis a alto nível. O pico foi atingido no sétimo jogo do segundo set, quando Goffin lutava para se segurar o parcial. Nadal dispôs de cinco pontos para fazer a quebra de serviço que haveria de selar o 5-2 e os dois tenistas mostraram toda a garra, movimentação e mestria, tanto do fundo do court como nas subidas à rede para se irem frustrando mutuamente. Não faz justiça ao embate nem ao próprio que o belga tenha perdido o set e encontro com um erro.
Novak Djokovic nem precisou de entrar em court para passar à meia-final do Masters de Madrid. Ao início da manhã o japonês Kei Nishikori anunciava a desistência, alegando uma lesão no pulso direito. Ficou o sérvio à espera, e imagino que a assistir, ao desenrolar do encontro entre Nadal e Goffin para conhecer o próximo adversário. Sendo certo que os dois representam um grande desafio para o número dois mundial, neste momento menos confiante da carreira. Se viu a partida, há de ter ficado ainda mais preocupado. O belga foi o responsável pela sua eliminação precoce em Monte Carlo e Nadal está a jogar como há muito não o víamos. Tenho para mim, que pode ser positivo para Nole a perspetiva de enfrentar um opositor que o vai obrigar a dar o máximo. Sempre achei que de certa forma Federer e Nadal beneficiaram de ter alguém a morder-lhes os calcanhares, alguém que os destronou mas os empurrava a procurar superar-se. Nole não teve isso. A ascensão de Murray tem todo o mérito mas fica sempre a sensação que foi Djokovic que perdeu a pica. A grande dificuldade não é atingir o topo, é manter-se lá sozinho. Talvez o que o sérvio esteja a precisar é desse se desafiar a si mesmo, com o pretexto de bater um rival que perseguiu durante tanto tempo e conhece como poucos.
2016 | Roma | Djokovic | 2 | 7 | 7 | QF |
Nadal | 0 | 5 | 6 | |||
2016 | Indian Wells | Djokovic | 2 | 7 | 6 | SF |
Nadal | 0 | 6 | 2 | |||
2016 | Doha | Djokovic | 2 | 6 | 6 | F |
Nadal | 0 | 1 | 2 |
Será o quinquagésimo embate entre Novak Djokovic e Rafael Nadal. O sérvio lidera com vinte e seis triunfos contra vinte e três e venceu de enfiada os últimos sete. Desde a final de Roland Garros de 2014 que o espanhol não leva a melhor e há muito que o desfecho deste embate não era tão imprevisível.