Rafael Nadal – Grigor Dimitrov (Open da Austrália)
A outra meia-final entre suíços tem um apelo extra mas o ténis promete ser tão ou mais intenso no duelo que junta Rafael Nadal e Grigor Dimitrov. Desde 2014 que os dois não brilham em grandes torneios e esta campanha no Open da Austrália representa a promessa de uma segunda vida para ambos. Vimos um Nadal ao seu melhor nível eliminar Raonic em três parciais. Dimitrov teve resposta para tudo o que Goffin lhe deitou ao caminho e também superou o seu adversário em sets diretos.
Acho que à exceção de Wilander e os mais próximos de Wawrinka e Raonic, o resto do mundo está a rezar por uma última final de um Grand Slam entre Fededer e Nadal. Seria uma espécie de narrativa homérica, a superação das adversidades, e a jogar como estão neste momento pode vir a ser espetacular. Mas acreditem, seja quem for que atinja a final do Open da Austrália, proporcionará um episódio memorável e ténis da melhor qualidade.
Foi uma exibição de luxo de Rafael Nadal que eliminou Milos Raonic (6-4, 7-6, 6-4), ao nível dos seus melhores tempos. Aquela garra que caracteriza o espanhol, as pancadas impossíveis de que não desiste, a intensidade, esteve tudo lá. O espanhol entrou a matar no encontro, com a estratégia clara de fustigar a esquerda do canadiano. Não era preciso que Carlos Moya, agora a trabalhar com Rafa, tivesse sido antes treinador de Milos. É um daqueles segredos que toda a gente sabe. Mas Raonic não jogou mal, é preciso dizer, só foi atropelado pelo ímpeto do adversário. Doze winners e apenas dois erros não forçados espelham bem a forma dominante como o espanhol jogou no primeiro parcial. Nadal venceu oitenta e três por cento dos pontos com o seu primeiro serviço, saindo-se bem em vinte e duas das vinte e cinco subidas à rede.
Desde 2014, quando venceu o seu último título em Roland Garros, que Nadal não estava na antecâmera da final de um torneio do Grand Slam. Depois de duas temporadas muito duras e cheias de obstáculos, em que quase todos o deram como acabado, poder estar aqui mas sobretudo poder ser competitivo frente aos jogadores de topo – como Raonic, Berdych e até Zverev – é uma injeção tremenda de confiança para o futuro.
Pode parecer estranho pela diferença d
e idades – Grigor Dimitrov tem menos cinco anos que Nadal – mas o ano de 2014 também foi memorável para o búlgaro. Era para ser a sua entrada na maioridade do ténis, o da afirmação do que muitos chamaram de “Baby Federer”. Mas depois dos quartos de final no Major Australiano e da semifinal em Wimbledon, em cujos torneios só foi travado por Nadal e Djokovic, respetivamente, e de três títulos acrescentados ao palmarés – Acapulco, Bucareste e Queen’s – o jovem tenista sofreu uma quebra de rendimento. Ele fala das escolhas erradas, dentro e fora do court, mas o mesmo pode ser traduzido por falta de maturidade para enfrentar essa ascensão.
A mudança de equipa técnica, com a entrada do Daniel Vallverdu, parece ser determinante neste ressurgimento do tenista búlgaro de vinte e cinco anos. Dimitrov ainda não perdeu um encontro este ano (10-0), apesar de já ter medido forças com adversários de respeito. Conquistou o título em Brisbane, batendo na final Kei Nishikori (6-2, 2-6, 6-3), isto depois de se ter desembaraçado de Thiem (6-3, 4-6, 6-3) e Raonic (7-6, 6-2) nas rondas anteriores. Na chegada a Melbourne manteve a mesma toada e já eliminou Richard Gasquet (6-3, 6-2, 6-4), Istomin (2-6, 7-6, 6-2, 6-1), o carrasco de Djokovic, e David Goffin (6-3, 6-2, 6-4).
| 2016 | Pequim | Dimitrov | 2 | 6 | 6 | QF | |
| Nadal | 0 | 2 | 4 | ||||
| 2015 | Basileia | Nadal | 2 | 6 | 4 | 6 | R16 |
| Dimitrov | 1 | 4 | 6 | 3 | |||
| 2015 | Masters de Madrid | Nadal | 2 | 6 | 6 | QF | |
| Dimitrov | 0 | 3 | 4 |
Nadal lidera destacado a série de confrontos diretos – sete vitórias contra apenas uma de Dimitrov – mas o único triunfo do búlgaro foi no duelo mais recente, em 2016.
