Rafael Nadal – Dominic Thiem (Roland Garros)
Rafael Nadal segue numa caminhada impressionante a caminho do décimo título de Roland Garros mas não embandeira em arco. O espanhol sabe que enfrenta na meia-final o único homem que o derrotou na “sua” superfície em 2017. Dominic Thiem conquistou o último bastião ao vencer Novak Djokovic, o único tenista de topo que nunca antes tinha conseguido ultrapassar. Mas ganhar um Grand Slam é uma ultramaratona onde não há alívio possível até cruzar a linha de meta.
A avaliação é unânime: Rafael Nadal é o grande favorito a conquistar Roland Garros. Aos trinta e um anos o espanhol reassumiu o estatuto de rei da terra batida e está a jogar ao seu melhor nível. Desde que arrancou a temporada europeia em pó de tijolo, Nadal soma vinte e uma vitórias e três títulos ao palmarés – Monte Carlo, Barcelona e Mutua Madrid Open. A série triunfal foi interrompida nos quartos de final do Masters de Roma e o responsável, o único homem capaz de desfeitear o espanhol na “sua” superfície, é agora o obstáculo que o separa de mais uma final no Major parisiense. Por isso, e apesar de ainda não ter cedido um set desde que aterrou em Paris, Rafael Nadal está cauteloso. Ele sabe que Dominic Thiem aprendeu com as derrotas anteriores – nas finais de Barcelona (6-4, 6-1) e Madrid (7-6, 6-4) – e fez as alterações necessárias ao seu jogo para lhe tirar o tapete em Roma (6-4, 6-3).
Nadal espera que este percurso em Roland Garros o conduza ao décimo título, superando uma marca que já era sua. Depois do que passou desde 2014, o último triunfo, muitos, incluindo o próprio, quase se convenceram que era uma página definitivamente ultrapassada.
A ronda dos quartos de final foi encurtada pelo abandono por lesão de Pablo Carreño Busta. O campeão do Estoril Open reconheceu que a dor na zona abdominal era particularmente impeditiva quando tinha que servir e não teve alternativa senão desistir para não agravar o problema, ao fim de cinquenta e um minutos (6-2, 2-0).
Dominic Thiem superou o bastião que lhe faltava. Nos cinco confrontos anteriores com Novak Djokovic (7-6, 6-3, 6-0) não tinha conseguido mais do que roubar-lhe um único set. O sérvio era mesmo o último dos tenistas do topo do ranking que o austríaco não tinha conseguido superar. Foi assim na semifinal do ano passado (6-2, 6-1, 6-4) e ainda há três semanas na final do Masters de Roma (6-1, 6-0). Nesse duelo de sentido único, Thiem andou sempre a reboque das iniciativas do número dois mundial, sem ideias para sair da situação de sujeição. Por isso foi tão importante entrar bem na partida dos quartos de final. O austríaco conseguiu o break cedo e apesar de anulado pela reação imediata de Djokovic manteve essa nota de ganhar ascendente em todos os momentos decisivos da partida. Claramente, a certa altura do segundo set o sérvio entregou os pontos. Mas isso não tira mérito a Thiem, que se manteve firme e contrariou a tendência natural para quebrar a concentração. O treinador Gunter Bresnick reconheceu que até ele ficou surpreendido pela regularidade do seu pupilo nos dois primeiros sets, sem aliviar a carga. No final de uma das maiores vitórias da sua carreira o tenista de vinte e três anos quase não teve tempo para gozar o momento. Logo lhe lembraram que sexta-feira havia numa prova capital frente ao melhor tenista de sempre em terra batida. Thiem está a sentir na pele a dureza que é ganhar um torneio do Grand Slam. Atrás de um Everest vem logo outro e não há alívio possível até passar a linha de meta.
2017 | Masters de Roma | Thiem | 2 | 6 | 6 | QF |
Nadal | 0 | 4 | 3 | |||
2017 | Masters de Madrid | Nadal | 2 | 7 | 6 | F |
Thiem | 0 | 6 | 4 | |||
2017 | Barcelona | Nadal | 2 | 6 | 6 | F |
Thiem | 0 | 4 | 1 |
Esta será a sétima vez que Rafael Nadal e Dominic Thiem se defrontam, sempre em terra batida. O espanhol lidera com quatro vitórias contra duas. Só este ano já será o quarto confronto. As duas finais foram ganhas pelo rei da terra batida mas em Roma o austríaco mostrou ser um aluno aplicado e bateu o mestre.