Novak Djokovic – Stan Wawrinka (ATP Masters de Cincinnati)
Reservem o final de tarde. Vai haver novo duelo entre Djokovic e Wawrinka. O que dada a forma como tiveram que se superar na etapa anterior, e a história recente entre ambos, promete dar novo encontro épico. E estamos só nos quartos de final.
Sejamos honestos. Com a superioridade que normalmente Novak Djokovic evidencia sobre a grande maioria dos adversários é natural darmos por adquirido que antes dos quartos de final o desfecho seja favorável ao sérvio.
Se analisarmos o registo da temporada do número um mundial verificamos que só numa ocasião falhou a final de um torneio competitivo em que esteve envolvido. Aconteceu logo no início de janeiro, quando foi batido por Ivo Karlovic nos quartos de Doha. Foram dez jogos de título e seis troféus amealhados: dois Grand Slam – Open da Austrália e Wimbledon – e quatro Masters 1000 consecutivos – Indian Wells, Miami, Monte Carlo e Roma.
Por isso mesmo o mundo que segue a modalidade parou tudo, de repente, ontem ao fim da tarde. Com a partida empatada, com um set para cada lado, Djokovic perdia 3-0 no terceiro parcial. Espanto! Mas como é apanágio do sérvio, até à pancada final é sensato não o dar como morto. Ninguém – talvez só Nadal nos seus tempos áureos – tem a sua capacidade para sair de um buraco em que se deixou cair. Mesmo quando parece à beira da exaustão. Foi o que aconteceu. Respirando fundo e consultando os seus botões Nole meteu a quinta velocidade e venceu de enfiada os seis jogos seguintes (6-4, 2-6, 6-3), deixando David Goffin pregado ao sintético, sem possibilidade de o travar.
Na ronda de estreia Novak levou de vencido Benoit Paire (7-5, 6-2).
O ano de 2015 tem sido uma montanha russa emocional para Stan Wawrinka. Primeiro foram os problemas no casamento que culminaram num anúncio público de divórcio, no arranque da temporada de terra batida. As prestações erráticas já vinham de antes e aí ficamos a perceber um pouco melhor a sua origem. Mas pouco a pouco o suíço foram recuperando a sua melhor forma e a concentração em court, culminando com a conquista do seu segundo de título de carreira numa prova do Grand Slam, com o triunfo em Roland Garros, precisamente sobre Novak Djokovic (4-6, 6-4, 6-3, 6-4).
Subitamente, explodiu o caso “Kyrgios” e Stan volta a estar no olho do furacão. Não vou voltar a repetir a atitude inqualificável do australiano mas Wawrinka talvez devesse refletir sobre a forma como a sua vida privada – amorosa, para ser concreta – o deixa exposto a estas tempestades emocionais. Em Montreal o suíço acabou por abandonar a partida, supostamente por lesão e em Cincinnati tem lutado muito para seguir em frente. Borna Coric, na segunda ronda, deu-lhe água pela barba (3-6, 7-6, 6-3), antes de quebrar fisicamente. E nos oitavos de final Ivo Karlovic obrigou Wawrinka a três tie breaks para seguir em frente (6-7, 7-6, 7-6). Podemos até dizer que o gigante croata foi o mais consistente em court, a prestação do suíço é que oscilou bastante, entre momentos do melhor ténis e outros de quase ausência mental.
2015 | Roland Garros | Wawrinka | 3 | 4 | 6 | 6 | 6 | F | ||
Djokovic | 1 | 6 | 4 | 3 | 4 | |||||
2015 | Open da Austrália | Djokovic | 3 | 7 | 3 | 6 | 4 | 6 | SF | |
Wawrinka | 2 | 6 | 6 | 4 | 6 | 0 | ||||
2015 | Abu Dhabi | Djokovic | 2 | 6 | 6 | SF | ||||
Wawrinka | 0 | 1 | 2 | |||||||
2014 | Masters Cup | Djokovic | 2 | 6 | 6 | |||||
Wawrinka | 0 | 3 | 0 | |||||||
2014 | Open da Austrália | Wawrinka | 3 | 2 | 6 | 6 | 3 | 9 | QF | |
Djokovic | 2 | 6 | 4 | 2 | 6 | 7 |
Djokovic leva clara vantagem nos confrontos diretos (20-4). Mas a derrota na final do Major de Paris ainda está fresca na memória de ambos. Curiosamente, nenhum dos dois está a jogar o ténis de que sabemos serem capazes. Tem sido muito suor e menos inspiração, para os dois. Mas um embate destes motiva a uma superação e aposto que é isso que vamos ver em court.