Nick Kyrgios – Roger Federer (ATP Masters Miami)
O encontro que esteve marcado para os quartos de final de Indian Wells acontecerá na meia-final do Open de Miami. Roger Federer escapou por uma unha negra ao duelo com Berdych mas não ficou ileso. Lento e em esforço, o suíço sofreu para passar à ronda seguinte. Nick Kyrgios deu espetáculo no encontro frente a Alexander Zverev e estará desejoso de se impor ao detentor de dezoito títulos do Grand Slam. Não sei se Federer tem condição física para enfrentar o australiano em topo de forma.
Acredito que Nick Kyrgios percebe o quão perto está da sua primeira final de um Masters 1000 e de conquistar mais uma meta espetacular na carreira. Ele é um daqueles tenistas que desabrocha nos grandes momentos e medir forças com um Federer, um lenda viva do ténis, num ano em que regressou ao topo, qualifica-se como um desafio à altura da imagem que o australiano tem de si mesmo. E de certeza que não lhe passou ao lado o facto do suíço parecer cansado nas duas últimas rondas.
Depois de eliminar Dzumhur (6-4, 6-3), Ivo Karlovic (6-4, 6-7, 7-6) e David Goffin (7-6, 6-3) – os dois últimos adversários exigentes pelas características específicas do seu jogo – Kyrgios preparou-se para enfrentar Alexander Zverev. Os dois conhecem-se bem e o australiano sabe bem que apesar de ter dois anos de avanço no circuito sobre o alemão ele está a crescer e evoluir a olhos vivos. A cada duelo vai-se notar o crescimento e Kyrgios terá que elevar o seu jogo também para não ser suplantado. Tem tudo para ser uma longa e frutifica rivalidade e ambos estão preparados para se motivarem mutuamente a serem cada vez melhores. O resultado não conta realmente a história de um encontro intenso e bastante mais equilibrado do que o marcador final (6-4, 6-7, 6-3) parece indicar. Nick Kyrgios deu espetáculo mas foi secundado pelo adversário, ambos muito fortes no serviço e nas pancadas poderosas. Sempre que o australiano parecia poder embalar para consolidar um ascendente, Zverev recusava atirar a toalha ao chão e reentrava no encontro. Kyrgios fez dezasseis ases, não esteve sujeito a nenhum ponto de break mas mesmo assim precisou de seis match points para selar o triunfo.
É justo reconhecer duas coisas: Roger Federer escapou por muito pouco à eliminação e mostrou grande força mental frente a Tomas Berdych (6-2, 3-6, 7-6). O suíço entrou determinado no encontro e aproveitou bem o facto do checo demorar uns minutos para acertar com o serviço para fechar o primeiro set a seu favor sem demoras. Mas não só Berdych subiu de nível, quando o saque começou a entrar, como Federer começou a evidenciar o cansaço que já tinha sido demonstrado na ronda anterior, frente a Roberto Bautista Agut (7-6, 7-6). O número seis mundial parecia em esforço sempre que era obrigado a qualquer tipo de movimentação em court. Se analisarmos a percentagem de pontos ganhos com o primeiro serviço vemos claramente que Berdych acertou as agulhas depois do primeiro parcial (58% no primeiro set e 88 e 82 nos seguintes), ao passo que Federer foi oscilando de eficácia e nunca atingiu valores tão altos (77%, 63%, 73%). No terceiro set o suíço esteve a vencer por 5-2 mas sofreu a quebra no jogo de serviço seguinte. Imediatamente a seguir esteve perto do contrabreak e desperdiçou o primeiro match point da partida. Já no tie break, e quando parecia não poder com uma gata pelo rabo, salvou dois match points e viu Berdych arriscar demasiado no serviço para fechar o encontro, mandando a bola diretamente para fora.
2017 | Indian Wells | Federer | 1 | QF | |||
Kyrgios | 0 | ||||||
2015 | Masters de Madrid | Kyrgios | 2 | 6 | 7 | 7 | 2R |
Federer | 1 | 7 | 6 | 6 |
Eu acho que Roger Federer vai ter muitas dificuldades para medir forças com Nick Kyrgios, pelo simples facto que as não tem. O suíço está muito desgastado fisicamente, não está a ser capaz de se movimentar com agilidade o que dificulta enormemente a sua capacidade de resposta. Os dois deviam ter-se defrontado nos quartos de final de Indian Wells, há duas semanas, mas o australiano ficou doente e não pode ir a jogo. O único frente a frente entre ambos que foi disputado, no Masters de Madrid de 2015, foi ganho por Kyrgios, num encontro em que os três sets foram decididos em tie break.