Mischa Zverev – Roger Federer (Open da Austrália)
Roger Federer enfrentas nos quartos de final o Zverev mais velho, o tal que, em noite inspirada, eliminou Andy Murray. Mischa fez o encontro da sua vida para bater o número um mundial e ainda sente o triunfo como um pouco surreal. Mas o resultado dá-lhe toda a confiança para medir forças com o homem que idolatrou enquanto crescia. Os dois já se defrontaram duas vezes, sempre com vitória para Federer, mas será o primeiro confronto em piso sintético.
Mischa Zverev utilizou uma expressão curiosa. Ele disse que durante uma certa parte do duelo com Andy Murray (7-5, 5-7, 6-2, 6-4) se sentia como se estivesse num espécie de coma, servindo o voleando quase como um autómato para se manter na partida. Foi de facto uma exibição inspirada do alemão de vinte e nove anos, que ao eliminar o líder do Ranking ATP atinge pela primeira vez na sua carreira os quartos de final de um torneio do Grand Slam.
Não há aqui que encontrar desculpas. Não foi o escocês ao seu melhor nível mas também não se andou a arrastar em court. Simplesmente, as coisas não lhe saiam de feição. A habitual capacidade de responder a quase tudo estava a aparecer com intermitência e o serviço não estava tão preponderante. Do outro lado, Mischa Zverev sabia que só jogando nos limites da intensidade e agressividade podia manter-se a tona. E ao número cinquenta mundial tudo correu acima do esperado. À medida que a frustração de Murray ia crescendo o ímpeto do alemão também aumentava. Segundo confidenciou, o público ajudou muito no aspeto da motivação e a grande dificuldade era resistir à euforia.
A melhor prestação do mais velho dos Zverev’s no Open da Austrália tinha sido em 2007, altura em que chegou à segunda ronda. Nas três últimas participações – 2013, 14 e 16 – não tinha ido além do qualifying.
Inesperadamente, o Major Australiano tornou-se altamente imprevisível. Desde o Roland Garros de 2004 que um Grand Slam não via os dois primeiros do ranking fora de prova ao chegar a esta fase do torneio. Roger Federer regressou de uma pausa longa e ninguém, acho que nem ele, esperava que estivesse a jogar ao nível das exibições que protagonizou frente a Berdych (6-2, 6-4, 6-4) e Nishikori (6-7, 6-4, 6-1, 4-6, 6-3). As duas primeiras rondas serviram para o suíço ganhar ritmo mas quando chegou o momento de subir a fasquia porque a oposição a isso obrigava ele não mostrou dificuldades em fazê-lo. A servir muito bem, concentrado, a fazer aquelas pancadas que só ele consegue, aparentemente sem suar. Vintage Federer. Do ponto de vista físico, à muito que não o víamos tão fresco. O agora décimo sétimo da hierarquia confessou que não temeu a ida ao quinto set frente ao japonês porque o corpo nunca deu sinais de desgaste.
Roger Federer venceu o último dos seus dezassete títulos de um Grand Slam há cinco anos, em Wimbledon. O penúltimo foi conquistado na Austrália, em 2010. Foi a quarta vez que se sagrou campeão em Melbourne e de lá para cá conta cinco meias-finais em seis anos consecutivos. Seria ua mhistória e tanto a acrescentar à lenda se vencesse o décimo oitavo troféu no regresso após lesão, aos trinta e cinco anos. Está a uma partida da final, isso é certo, muito mais longe com melhores perspetivas do que certamente se atreveu a sonhar.
2013 | ATP de Halle | Federer | 2 | 6 | 6 | QF |
Zverev | 0 | 0 | 0 | |||
2009 | Masters de Roma | Federer | 2 | 7 | 6 | QF |
Zverev | 0 | 6 | 2 |
Mischa Zverev enfrentou duas vezes Roger Federer. Não foi capaz de lhe conquistar um set nesses embates. Mas é também facto que este será o primeiro frente a frente em piso sintético – o Masters de Roma é em pó de tijolo e Halle em relva – e nesta superfície o alemão pode tirar máximo partido do serviço.