Milos Raonic – Roger Federer (Wimbledon)
Milos Raonic e Roger Federer reeditam a meia-final de 2014 na relva do All England Club. O sete vezes campeão de Wimbledon conseguiu na quarta-feira um dos grandes triunfos da sua carreira – o que já diz muito – ao recuperar de dois sets de desvantagem frente a Cilic. Avança para a sua décima primeira semifinal no Major Britânico. O canadiano também fez uma exibição de classe para levar de vencido um motivadíssimo Sam Querrey e pela segunda vez na carreira estar na meia-final de Wimbledon.
Os números são impressionantes. Na vitória sobre Sam Querrey (6-4, 7-5, 5-7, 6-4), Milos Raonic converteu oitenta e sete por cento dos pontos com o primeiro serviço e setenta e um por cento com o segundo. O norte-americano vinha motivadíssimo, depois de ter eliminado o número um mundial na terceira ronda e estar a fazer um grande torneio. Mas o canadiano não lhe deu hipótese. Já se esperava que o serviço fosse portentoso mas Milos destacou-se também no jogo de rede. A influência de John McEnroe – que entrou para a equipa de Raonic antes de arrancar Wimbledon – já se faz sentir. O número sete mundial salientou isso mesmo, o trabalho que tem desenvolvido com o antigo campeão no sentido de perceber a melhor forma de aproveitar as subidas à rede, na tentativa de acrescentar agressividade ao seu ténis e deixar os adversários desconfortáveis.
Com este resultado Milos Raonic repete a meia-final de 2014, altura em que foi eliminado por Federer em sets diretos. Mas mais significativo, no sentido da evolução do canadiano, é o facto de esta ser a segunda semifinal de um torneio do Grand Slam nesta temporada – no Open da Austrália só caiu às mãos de Andy Murray (4-6, 7-5, 6-7, 6-4, 6-2).
Para Roger Federer a vitória de quarta-feira, sobre Marin Cilic (6-7, 4-6, 6-3, 7-6, 6-3) foi uma das maiores da sua carreira, e isso é dizer já muito. O sete vezes campeão na relva de Wimbledon teve que recuperar de uma desvantagem de dois sets a zero para progredir para a décima primeira semifinal do Major Britânico. Foi só a décima ocasião em que o número três mundial conseguiu fazer uma reviravolta deste género, ao longo de dezoito anos no circuito profissional. E é preciso perceber que desde 2002 não perde por sets diretos no seu Major preferido. Tendo em conta que vem de paragens sucessivas devido a limitações físicas – primeiro a cirurgia ao joelho, depois os problemas nas costas – tem ainda mais sabor. O suíço não escondeu a satisfação pessoal. Por ter conseguido jogar tão bem, estar mentalmente focado e ter sido capaz desta reviravolta sentindo que o seu corpo correspondia. Cilic entrou a matar e nos dois primeiros sets empurrou o suíço às cordas. Federer teve que se limitar a responder ao jogo ditado pelo croata. O ponto de viragem – ambos concordam em apontá-lo – aconteceu no terceiro set. A 3-3 no terceiro set Federer servia e perdia por 40-0 mas com cinco pontos consecutivos foi capaz de manter o jogo de serviço. Nesse mesmo parcial o suíço ainda teve que salvar três match-points mas por essa altura a confiança estava em alta. Vimos o melhor Federer, aquela elegância inteligente que é a sua assinatura.
2016 | Brisbane | Raonic | 2 | 6 | 6 | F | |
Federer | 0 | 4 | 4 | ||||
2015 | Masters de Indian Wells | Federer | 2 | 7 | 6 | SF | |
Raonic | 0 | 5 | 4 | ||||
2015 | Brisbane | Federer | 2 | 6 | 6 | 6 | F |
Raonic | 1 | 4 | 7 | 4 |
Roger Federer esteve na final nas duas últimas edições de Wimbledon, em ambas derrotado pelo número um mundial, já fora de competição. Lidera o histórico de confrontos com Milos Raonic (9-2), onde se inclui a meia-final de 2014. Mas é preciso reconhecer que o canadiano evolui muito nestes dois anos, é hoje um tenista mais completo e mais preparado para se bater contra os homens do topo. Prova disto foi ter vencido o suíço em Brisbane, no início deste ano.