Marrocos – Costa do Marfim (Taça das Nações Africanas)

O Grupo C poderá ser aquele que tem contas mais complicadas a fazer nesta derradeira jornada da fase de grupos da Taça das Nações Africanas. Isto porque qualquer uma das quatro equipas alimenta, ainda, a ambição de chegar aos quartos-de-final. Para mais, qualquer uma das quatro equipas do Grupo pode, ainda, terminar no primeiro lugar da classificação.

Vamos a contas. A RD Congo, com uma vitória, mantém o primeiro lugar do grupo, empurrando o Togo para fora da competição e deixando Marrocos e Costa do Marfim a lutar pelo apuramento. Uma vitória do Togo deixa mais questões em aberto, visto que só valerá o apuramento se não houver empate nesta partida. O empate nesse encontro, valerá o apuramento dos congoleses e deixará a outra vaga para Marrocos ou Costa do Marfim.

Um empate poderá, neste jogo, ser o suficiente para que Marrocos se apure, aconteça o que acontecer na outra partida. A vitória também valerá o apuramento a Marrocos, sem mais questões, enquanto a vitória da Costa do Marfim colocará os Elefantes nos quartos-de-final. Contas complexas para um grupo onde tudo pode acontecer.

Dificilmente ouviremos do treinador de Marrocos, Hervé Renard, que irá jogar para o empate. Bem pelo contrário. Para começar, trata-se de um jogo com impacto emocional, tendo em conta que o técnico foi campeão com a seleção adversária há apenas dois anos. Para mais, Marrocos tem demonstrado, nesta CAN, uma maior capacidade de organização do que o seu rival, pelo que, e com a possibilidade de ser primeiro classificado em vista, terá sempre de se mostrar com jogo para vencer. Não será fácil, porque a equipa marfinense, mesmo abaixo do esperado, continua a ser um conjunto muito capaz. Mas com uma linha defensiva que tem vindo a dar segurança, com Benatia, Manuel da Costa e Saiss em sintonia, jogadores com boa participação ofensiva nas laterais, como Mendyl e Dirar, e, neste segundo jogo, com Fajr a trazer maior criatividade ao jogo ofensivo, Renard tem razões para crer que os acontecimentos do jogo inaugural ficaram para trás. Sendo certo que a posição de jogador mais adiantado, entregue a Bouhaddouz, ainda deixa algumas dúvidas, é na dinâmica coletiva que Marrocos aposta para seguir em competição.

Onze Provável: Munir – Benatia, Manuel da Costa, Saiss – Dirar, El Ahmadi, Boussoufa, El Kaddouri, Mendyl – Fajr, Bouhaddouz.

A Costa do Marfim tem-se apresentando bem longe daquilo que eram as expetativas criadas pelos nomes dos jogadores escolhidos, e talvez ainda mais longe de demonstrar o que é um conjunto com plenas ambições para ser campeão africano. O facto de não se estar a ver, nesta fase de grupos, grandes exibições, talvez venha mascarando a realidade marfinense, mas a falta de liderança dentro de campo, numa equipa que parece algo orfã de vários nomes que saíram depois de conquistado o título em 2015, pesa sobre as suas ambições. É óbvio que Michel Dussuyer vai dizendo que é cedo para ir para casa e que nenhum dos seus jogadores tem vontade de de

ixar esta missão a meio. Mas depois de um empate sem 

golos perante o Togo e as enormes dificuldades para salvar um ponto perante a RD Congo, a Costa do Marfim vai defrontar a equipa mais forte do grupo, que apesar de já ter uma derrota, é aquela que melhor concilia organização dos vários momentos do jogo e que pode apresentar maneira de fazer quebrar os marfinenses. Será necessário um jogo ao máximo do seu potencial, até porque a Costa do Marfim tem mesmo que ganhar. Só assim poderá avançar para a próxima ronda da CAN.

Onze Provável: Gbohouo – Aurier, Bailly, Kanon, Deli – Doukouré, S. Dié, Kessié – Zaha, Bony, Kalou.

A última vez que Marrocos conseguiu bater este adversário foi em 1994! Desde então, oito jogos disputados entre as duas seleções, com cinco vitórias para os marfinenses e três empates. O jogo mais importante que as duas equipas disputaram foi em 1986, com a Costa do Marfim a garantir o terceiro lugar na CAN desse ano ao bater Marrocos no jogo decisivo.

Desta feita, Marrocos parece estar em condições de combater essa tendência histórica e conseguir uma vitória. Ainda assim, dependendo deste jogo a “vida” da Costa do Marfim, será seguramente um jogo com muita discussão pelos pontos. Emoção à flor da pele.