João Domingues – Kevin Anderson (Estoril Open)
João Domingues fez um brilharete na sua estreia no quadro principal do Millennium Estoril Open, ao bater o sétimo cabeça de série do torneio, o britânico Kyle Edmund, numa reviravolta memorável. O português de vinte e três anos enfrenta agora o gigante sul-africano, Kevin Anderson, que este ano jogou ainda muito pouco mas só caiu nos oitavos do ATp de Barcelona, às mãos de Nadal.
A participação deste ano de João Domingues no torneio ATP que se disputa em solo luso será para mais tarde recordar. O tenista português, de vinte e três anos, não tinha conseguido passar da qualificação nas duas tentativas anteriores. Mas desta vez agarrou o momento. Ele diz que o resultado não o surpreende porque é o corolário do muito que trabalhou para estar aqui. E agradece à equipa técnica que o acompanha, por lhe incutir essa mentalidade de trabalho e ambição. Certo é que Domingues já passou por Ernests Gulbis (6-1, 6-0), que já esteve no top-10 na primeira ronda do qualifying. Sabemos que o tenista letão já não é o que era mas tem qualidade técnica para bater os melhores. A entrada no quadro principal fez-se às custas do compatriota Gonçalo Oliveira (6-4, 6-2). Sendo da mesma idade os dois conhecem-se bem e Domingues não facilitou. Aliás, toda a sua prestação no Estoril Open tem sido pautada pela seriedade com que enfrenta os obstáculos, sejam quais forem. Mas o encontro com Kyle Edmund (6-4, 3-6, 7-6) bateu todas as marcas.
O britânico, quadragésimo primeiro do ranking ATP, está a fazer um esforço sério para acrescentar a terra batida ao seu currículo. E a verdade é que nos dois primeiros parciais a partida foi muito equilibrada, decidida por detalhes. Bastou uma quebra de serviço em casa set, uma para cada lado, para que os tenistas reclamassem cada um o seu. Mas o terceiro conta uma história bem distinta. Também foi equilibrado no sentido em que se arriscou mais e os dois tenistas sofreram reveses. João Domingues esteve na frente do marcador no início do set decisivo (2-0). Perdeu os três jogos de serviço seguintes e esteve na iminência de ir para casa (5-2). Chegou mesmo a enfrentar o primeiro de dois match-points antes de começar a dar a volta. Edmund não foi capaz de os converter e o português animou-se. Conseguiu igualar o set para forçar o tie break e aí esteve realmente mais forte.
Kevin Anderson ainda só jogou onze encontros em 2017, o que os problemas físicos permitiram. Ainda assim, não convém perder de vista que estamos a falar de um tenista que já foi número dez do mundo. E os seus feitos não se ficaram num passado remoto. Ainda há uma semana o sul africano bateu Carlos Berlocq (2-6, 7-6, 6-3) e David Ferrer (6-3, 6-4) para chegar aos oitavos de final do Barcelona Open, onde só Rafa Nadal (6-3, 6-4) o travou.
O agora sexagésimo sexto do ranking ATP cumpre a segunda participação no torneio português. Há dois anos ficou-se pelos oitavos, barrado por Guillermo Garcia López (6-4, 3-6, 6-1).
Na primeira ronda Anderson eliminou o italiano Salvatore Caruso, número duzentos e seis da hierarquia mundial, com os parciais de 6-2 e 6-3, no espaço de uma hora e um quarto.
João Domingues e Kevin Anderson nunca se defrontaram antes.