Jiri Vesely – João Sousa (Wimbledon)
João Sousa continua a desbravar tereno para o ténis nacional. Pela primeira vez um português alcançou a terceira ronda do Torneio de Wimbledon. Para trás fica Novikov e a partir desta etapa o nível de exigência sobe bastante, mesmo para os cabeças de série. Considerando as possibilidades Jiri Vesely não é o pior que lhe podia acontecer. Mas atenção, Thiem é bem capaz de ter pensado o mesmo.
Jiri Vesely foi protagonista da maior surpresa de quinta-feira, em Wimbledon. O checo, agora no lugar sessenta e quatro do ranking ATP eliminou um jogador do top-10 que tem estado a fazer uma temporada fenomenal. Vencer Dominic Thiem (7-6, 7-6, 7-6) em sets diretos começa a ser uma tarefa difícil mas foi exatamente que Vesely conseguiu, com grande concentração. O tenista checo reconheceu que fez um bom jogo e que sentiu grande confiança, sobretudo nos momentos decisivos. Na primeira ronda ultrapassou o holandês Sijsling (6-2, 6-4, 7-6), também sem ceder um parcial. Dentro dos potenciais adversários que Sousa podia apanhar nesta terceira ronda o checo está longe de ser o pior que podia ter apanhado. Mas convém não esquecer que este “menino” foi um de apenas três homens que este ano conseguiram bater o pé a Novak Djokovic, ao afastar o sérvio na segunda ronda de Monte Carlo (6-4, 2-6, 6-4).
Para já, Vesely iguala a melhor classificação que teve em Wimbledon – a terceira ronda onde chegou há dois anos, tendo sido afastado por Nick Kyrgios (3-6, 6-3, 7-5, 6-2). No ano passado ficou pela etapa anterior, vítima do britânico James Ward (6-2, 7-6, 3-6, 6-3).
Por pouco João Sousa não evitava um quarto parcial no encontro com Dennis Novikov (6-4, 6-4, 3-6, 6-4). Nos três primeiros bastou uma quebra de serviço para desequilibrar e no terceiro set o tenista português esteve do lado errado desta equação. O português manifestou satisfação por ter sido capaz de afastar um adversário que apesar do ranking mais modesto (145º) mas que vinha com um bom ritmo competitivo em relva. Considerou que teve uma boa prestação em court, aproveitando muito bem as oportunidades para quebrar o serviço do norte-americano.
Foi a primeira vez que atingiu este patamar no Major Australiano, depois de em 2013 o ter feito no Open dos Estados Unidos e nas duas últimas temporadas no Open da Austrália. João Sousa continua assim a desbravar terreno para o ténis nacional. Nunca um português tinha chegada tão longe na relva de Wimbledon. E se vencer a partida de sábado pode atingir, em estreia absoluta, os oitavos de final de um torneio do Grand Slam. Já esta sexta-feira o português acabou por abandonar a competição de pares, ao fim do primeiro set, já que o companheiro Leonardo Mayer se lesionou no ombro. Melhor assim, até porque a chuva voltou a interromper por longos períodos o programa, o que provavelmente iria sobrecarregar a agenda dos tenistas.
Por esta altura é natural que se acabem as benesses de beneficiar do estatuto de cabeça de série e que comece a ser inevitável cruzar caminho com adversários mais cotados. Nas duas edições anteriores, Sousa apanhou pela frente Stan Wawrinka logo na primeira ronda. Desta vez escapou por pouco a novo duelo com o austríaco Thiem, com quem não tem um bom registo, e estreia uma nova rivalidade, com o checo Vesely.