Fernando Verdasco – Nick Kyrgios (ATP Masters Montreal)
Fernando Verdasco e Nick Kyrgios não terão direito a ronda inaugural fácil, para ir entrando no ritmo do torneio. Vai ser um teste importante para ambos. O espanhol vem de derrotas sucessivas frente a compatriotas nas primeiras rondas de Bastad e Hamburgo. O australiano passou por um momento complicado nos quartos de final da Taça Davis, ao ponto do veterano Lleyton Hewitt se voluntariar para lhe dar apoio. Para ajudar à festa, a bagagem de Kyrgios foi extraviada à chegada ao Canadá.
Fernando Verdasco ocupa a trigésima oitava posição do Ranking ATP. Foi semifinalista em duas provas do circuito, este ano, em Quito e Houston, tendo cedido diante de Feliciano López (7-6, 7-6) e Sam Querrey (7-5, 2-6, 6-4), respetivamente. Atingiu a terceira ronda nos torneios do Grand Slam da Austrália (perdeu com o número um Novak Djokovic) e de Wimbledon (desta feita o carrasco foi Stan Wawrinkla). Em Roland Garros caiu na segunda eliminatória, frente a Benjamin Becker em cinco sets (6-4, 0-6, 1-6, 7-5, 10-8). No Masters de Miami bateu Rafa Nadal para chegar aos oitavos, altura em que foi afastado por Juan Monaco (6-3, 6-3).
Depois de Major Britânico o espanhol disputou duas provas ATP e em ambas caiu à primeira tentativa, às mãos de um compatriota. Em Bastad, na Suíça, foi afastado por Nicolas Almagro com os parciais de 6-4, 1-6 e 7-5. Na semana seguinte, em Hamburgo, foi a vez de Nadal o mandar mais cedo para casa. O natural de Menorca até entrou mal na partida e permitiu que Verdasco fechasse cedo o primeiro set a seu favor. Mas Rafa foi capaz de contrariar o mau começo e nos dois sets seguintes não deu hipótese ao adversário (3-6, 6-1, 6-1).
Nick Kyrgios tem estado sob fogo cerrado nos últimos meses e finalmente o miúdo quebrou em court. Já sabemos como é a exposição mediática: num momento um jogador é o máximo, no seguinte é uma besta. Tudo é exagerado e amplificado, sem grande perspetiva. É fácil as pessoas esquecerem que Kyrgios, apesar do tamanho, acabou de fazer vinte anos. É um tenista de grande qualidade, altamente competitivo, num desporto muito solitário, como é o ténis. Também parece ser, por personalidade, extrovertido e gosta de ser o centro das atenções. De início isso correu a seu favor. Ele é muito bom na interação com o público, sobretudo os mais jovens, que aderem ao visual e à irreverência. Não vou dizer que Kyrgios alguma crítica, que devia ser construtiva, não se justifique. As atitudes em court, as reclamações e até as brincadeiras, talvez o prejudiquem mais do que ajudam. Mas só quem não tem memória não sabe que isso é tão comum, em todas as áreas de atividade. A maturidade é uma coisa que se conquista e o ténis, apesar de gostar de se considerar à parte, não é diferente. Bastam duas palavras: John McEnroe. Até porque, essa atitude que muitos condenam é frequentemente o mecanismo encontrado para lidar com toda a pressão.
Depois de ter chegado à sua primeira final de uma prova ATP, no Millennium Estoril Open, e aos quartos de final do Major disputado no seu país, Kyrgios falhou redondamente nos quartos de final da Taça Davis. Não foi o único. Ele e Thanasi Kokkinakis perderam os respetivos encontros de singulares do primeiro dia de competição. Tiveram que ser os “velhotes” – Sam Groth e Lleyton Hewitt – a recuperar da desvantagem, vencendo o jogo de pares e as restantes partidas individuais. A mãe de Kyrgios confessou que o filho estava muito afetado por toda a publicidade negativa que estava a receber e quadro mental levou ao descalabro frente a Aleksandr Nedovyesov. Lleyton Hewitt, o antigo número um mundial, já anunciou que se vai retirar do circuito profissional no final da temporada. E ao acompanhar esta situação de perto ofereceu-se para acompanhar os dois jovens compatriotas nas provas que se avizinham – Montreal, Cincinnati e US Open – no papel mais de mentor e treinador, se tal for necessário. No fundo, partilhando a sua própria experiência. Hewitt também foi massacrado pela impressa australiana no início da carreira, por coisas tão idiotas como a escolha de guarda-roupa pouco apropriado. Esperemos que ele seja capaz de ajudar Kyrgios e Kokki a lidar com a carreira de sucesso que ambos estão destinados a ter.
Verdasco e Kyrgios só se defrontaram uma vez, no torneio de exibição de Kooyong, com triunfo para o espanhol.
2014 | Kooyong | Verdasco | 2 | 6 | 6 | 7 | ||||
Kyrgios | 1 | 7 | 3 | 6 |