Denver Broncos – Carolina Panthers (NFL)
Os Panthers recusam a ideia de que o regresso a Mile High seja uma oportunidade para vingar a derrota no Super Bowl. Ron Rivera e os seus homens preferem olhar para a frente. Carolina continua a ser a equipa portentosa da temporada passada, talvez um pouco reforçada e amadurecida pela experiência. Do lado dos Broncos as mudanças são mais que muitas. Parece mentira mas Trevor Siemian sucede a Peyton Manning como titular de Denver para o início da época, enquanto o rookie Lynch aprende os truques do ofício. Sem drama: é a defesa que vence os jogos dos Broncos e vai continuar a fazê-lo. Até ao Super Bowl? Essa é a dúvida.
Desde o momento em que terminou o Super Bowl 50 os Denver Broncos andaram numa roda-viva. O abandono de Peyton Manning era esperado. A idade e as lesões já não lhe permitiam exibir-se ao seu nível e assim uma lenda viva sai com mais um anel e a sua imagem intacta. Mas perder no mesmo defeso Brock Osweiler, que há anos estava a ser preparado para o suceder, não estava nos planos da equipa. Os Broncos não estiveram dispostos a bater a proposta milionária dos Texans e assim ficaram com um problema enorme para resolver. Tentaram a solução de remendo, trazendo Mark Sánchez para os campos de treino. Negociaram para ter a primeira escolha do draft para garantir Paxton Lynch, já com a ideia de utilizar o quarterback experiente até que o rookie crescesse o suficiente para assumir a responsabilidade. Nos jogos da pré-temporada começou a ficar evidente que Lynch estava a progredir mas precisa de algum tempo. Gary Kubiak fala da necessidade de o ver mais minutos em jogo, para criar desenvoltura e rapidez nas decisões. Mas a surpresa acabou por ser Trevor Siemian, uma escolha da sétima ronda do draft de 2015, que se conseguiu afirmar como alternativa para a posição de titular. Pelo menos ao ponto de suplantar Sánchez, que entretanto decidiu mudar de ares para os Dallas Cowboys. Surpresa: o sucessor de Manning ao comando dos Broncos será o discreto Siemian! A aquecer o lugar para Lynch, claro, mas já é extraordinário.
Noutra equipa isso seria suficiente para acabar com a temporada mesmo antes dela começar. Mas nos Denver Broncos é a defensiva a estrela e foi com ela, contra quase todas as expetativas, que venceram o Super Bowl. O herói do título não foi um QB, foi Von Miller, e esse continua em Mile High, a comandar as tropas, assessorado por DeMarcusWare e Brandon Marshall. A única baixa de peso neste setor foi Malik Jackson (que se mudou para os Jaguars) e Danny Trevathan (Bears). Vai-se sentir a falta do primeiro, em particular. No campo das contratações, Denver apostou em resolver o problema da proteção ao quarterback com a chegada do Russell Okung (LT) e Donald Stephenson (T), dos Seahawks e Chiefs, respetivamente.
Ron Rivera quer fazer da derrota no Super Bowl uma lição de vida para a sua jovem equipa. Naquele momento reforçou a ideia aos seus jogadores que tinham que aproveitar a experiência, aprender com o que foi feito, para não falhar na próxima oportunidade. Utilizou mesmo o exemplo dos Broncos, que dois anos antes tinha sido esmagados pelos Seahawks (43-8) e perceberam que sem uma defesa de elite não iam ser bem-sucedidos. Parte dessa lição passa por recusar fazer desta visita a Mile High uma possibilidade de desforra. Isso não existe – mesmo que vençam na quinta-feira Denver mantém o título – e as emoções implicadas só podem causar desgaste. Os Carolina Panthers têm que tratar este jogo como o primeiro de dezasseis que compõem a temporada regular. Vai ser complicado repetir os 15-1 da última temporada porque o calendário é mais exigente mas a ideia é ir por aí.
Pouco mudou na equipa dos Panthers. Cam Newton continua ao leme e não é por acaso que foi o MVP da época passada. No último ano as suas extraordinárias capacidades atléticas – um QB com a constituição física de um Tight End – foram sendo complementadas com uma grande evolução na leitura das defesas e nos lançamentos, fazendo dele uma ameaça dupla, tanto pelo ar como pelo chão.
Os Panthers deixaram Josh Norman sair no defeso, segundo a máxima de que nenhum individuo pode estar acima do coletivo. É ousado. A secundária continua a ser o setor menos forte deste conjunto mas a aposta sempre foi nos sete da frente e aí a qualidade mantém-se.
Os Bills foram a última equipa a regressar ao Super Bowl na época seguinte, depois de o terem perdido. Em 1993, o que demonstra a dificuldade em superar essa desilusão. Na quinta-feira vamos perceber se os Panthers ainda sofrem com isso ou já deixaram o Super Bowl 50 definitivamente para trás.
02/07/2016 | Denver Broncos | Carolina Panthers | Levi’s Stadium | 24-10 |
11/11/2012 | Carolina Panthers | Denver Broncos | Bank of America Stadium | 36-14 |
12/14/2008 | Carolina Panthers | Denver Broncos | Bank of America Stadium | 30-10 |
10/10/2004 | Denver Broncos | Carolina Panthers | Invesco Field at Mile High | 20-17 |
11/09/1997 | Denver Broncos | Carolina Panthers | Mile High Stadium | 34-0 |
Os Denver Broncos lideram a série de confrontos diretos, sendo que os Carolina Panthers só venceram um dos cinco duelos entre ambos.