Carolina Panthers – Denver Broncos (NFL)
O Super Bowl de ouro promete ser um daqueles para mais tarde recordar. Não lhe faltam temas apaixonantes. O ataque mais explosivo da temporada contra a defesa mais dura. Cam Newton vs Peyton Manning e a possível despedida de um dos melhores quarterbacks que esta modalidade já conheceu. A análise não pode deixar de apontar: os Carolina Panthers são, neste momento, a equipa mais completa. Conseguem fazer tudo a um nível muito alto. Mas se há adversários capazes de anulá-los são os Denver Broncos.
Pela primeira vez na sua história os Carolina Panthers chegam ao Super Bowl como a equipa com melhor registo. Tudo neste conjunto é apaixonante. Há quem se incomode muito com a exuberância dos festejos de Cam Newton e restantes companheiros. Se há coisa que se sente ao acompanhar os jogos dos Panthers, desde o início da temporada, é a boa energia, a sensação de que estes tipos se divertem a jogar juntos. É verdade que quando se ganha, muito, isso se torna bastante mais fácil. Mas acontece e parece ser uma fonte de motivação e energia que funciona em campo.
Cam Newton é um quarterback extraordinário. Não sei se é o novo paradigma de QB, a dupla ameaça, mas há aqui coisas novas e excitantes. É o superatleta que é também o cérebro e a inteligência emocional, tudo na mesma embalagem. Não pode deixar de impressionar. E este ano a sua evolução nas pequenas coisas – nas tomadas de decisão, sobretudo – tem sido sustentada por um elenco de suporte de excelência, que faz com que tudo funcione como uma equipa, uma unidade.
Também já se disse que Carolina ainda não enfrentou uma defesa como a dos Broncos, esta temporada. Não é exatamente verdade, basta lembrar o que os Panthers fizeram frente à Legion of Boom de Seattle nos play-offs (31-24). Mas o inverso também é verdadeiro. Denver nunca mediu forças com uma ofensiva e um quarterback como Newton. Para começar, a linha ofensiva dos Panthers garante uma proteção eficaz ao seu QB. Se Denver se concentrar em pressionar a ação de Cam, vai deixar espaço para que ele se movimente. Atacar em simultâneo o pocket e as rotas dos running backs é esticar a manta ao ponto de perder eficácia. E ainda deixa a possibilidade do passe a descoberto. Só o jogo em corrida de Carolina tem tantas variantes – variações na formação, misdiretions – que se torna um desafio de estratégia para qualquer defesa. E não podemos esquecer outra capacidade que pode ser decisiva neste duelo. Carolina foi a melhor nas interceções – vinte e quatro na temporada regular e seis nos dois jogos dos play-offs – e se Manning se vir forçado a lançar a bola Josh Norman, Kurt Coleman e Luke Kuechly vão lá estar para tentar roubar a bola.
Dois anos passaram desde a última presença dos Denver Broncos no Super Bowl. Nessa altura a equipa era um portento ofensivo alimentado pela inteligência e pelo braço rejuvenescido de Peyton Manning. E mesmo assim, foram esmagados pelos Seahawks (43-8). Gary kubiak tornou-se o treinador dos Broncos e a equipa que domingo irá a jogo em S. Francisco foi construída para responder a esse desaire. Hoje Denver é o oposto, uma potência ofensiva, e irá defrontar um ataque fenomenal. Inverteram-se as posições.
Este deve ser o jogo de despedida de Peyton Manning. Devia ser, independentemente do resultado. A discussão sobre o legado, sobre os supostos fracassos nos play-offs, para mim não faz sentido. Manning é um dos melhores de sempre e nada, nem um triunfo neste Super Bowl, vai mudar isso. A decisão de Kubiak de optar pelo veterano QB em vez de Osweiler nesta fase foi muito discutida mas eu concordo com a justificação. A equipa precisava de uma voz de comando em campo e o jovem Brock ainda não tem essa autoridade. Manning entra para gerir o jogo. O lado vantajoso é o da experiência de quem já passou por inúmeras situações decisivas, sabe identificar ameaças e oportunidades e agir em conformidade. Haverá poucos erros. O lado negativo disto? A capacidade de rasgo é inversamente proporcional às limitações físicas do quarterback.
A defesa é o grande diferencial deste conjunto. A dupla de pass rushers – Von Miller e DeMarcus – é o maior e mais vistoso mas não o único trunfo. Derek Wolfe e Malik Jackson ajudam e muito a semear o caos, como se viu na final da conferência, com os Patriots (20-18). Brady foi massacrado e já antes Aaron Rodgers tinha sofrido com esta gente. Quarterbacks de topo anulados pela defensiva dos Broncos. Mas nenhum tem a capacidade para sair a correr com a bola de Cam.
Carolina Panthers | Denver Broncos | Bank of America Stadium (Charlotte) | D 36-14 |
Carolina Panthers | Denver Broncos | Bank of America Stadium (Charlotte) | V 30-10 |
Carolina Panthers | Denver Broncos | Invesco Field at Mile High (Denver) | D 20-17 |
Carolina Panthers | Denver Broncos | Mile High Stadium (Denver) | D 34-0 |
Esta será oitava presença dos Broncos no Super Bowl, com duas vitórias – em 1997 e 98, com John Elway ao comando – e cinco derrotas. Para os Panthers será apenas a segunda experiência. Em 2003 foram batidos pelos Patriots (32-29).