Borna Coric – Alexander Zverev (ATP Masters de Cincinnati)
A primeira ronda do Masters de Cincinnati brinda-nos com um embate muito curioso. Borna Coric e Alexander Zverev, ambos com dezoito anos, tiveram em 2014 o ano de apresentação ao circuito ATP e são dos maiores talentos que a sua geração tem revelado. É bem provável que dentro de cinco anos estes dois venham a disputar muitas finais dos grandes eventos da modalidade. Será como um vislumbre do que o futuro do ténis pode reservar.
Há alguns meses atrás Borna Coric fez um comentário em que em que se comparava, no estilo, a Novak Djokovic e dizia ser o melhor da sua geração. Claro que foi logo criticado pela falta de humildade e coisas que tais. Pasme-se, uma das pessoas que gozou publicamente o croata foi Kyrgios – dois anos mais velho e que pertence a essa mesma geração. O comentário foi feito numa entrevista quase de apresentação À alta roda do ténis e não tinha essa carga de arrogância que lhe tentaram dar. Era um miúdo de dezoito anos, que já deu boas provas do seu enorme talento e potencial, a abrir demasiado a boca. O próprio Novak reconheceu que havia semelhanças, não só no estilo de jogo como na ambição.
Facto é que aos dezassete anos Borna Coric foi eleito a Estrela do Futuro de 2014, ano em que subiu 276 posições no ranking ATP e se tornou o mais jovem a integrar o top-100. No ano anterior, aos dezasseis, sagrou-se campeão júnior do US Open. Há pouco mais de um ano bateu Rafa Badal, o seu ídolo de infância, então ainda no terceiro lugar da classificação. E ao fazê-lo seguiu-lhe as pegadas, tornando-se o primeiro rapaz de dezassete anos a bater um adversário do top-3, depois do espanhol o ter feito em 2005, derrotando Federer. 2014 foi também a época em que Coric atingiu pela primeira vez na sua carreira o quadro principal de um Grand Slam, chegando até à segunda ronda do Open dos Estados Unidos.
A temporada passada também foi muito especial para Alexander Zverev. Entre o alemão e o croata há seis meses de diferença, sendo Coric o mais velho dos dois, mas a idade é só uma das coisas que têm em comum. Há vinte meses o alemão de ascendência russa conquistava o seu Grand Slam Júnior, neste caso do Open da Austrália. Viria nesse mesmo ano a vencer o seu primeiro título de um evento da série Challenger. No espaço de um mês, com a presença na semifinal de Hamburgo, que havia sido precedida com o troféu em Braunschweig, Zverev escalou quinhentos lugares no ranking.
Borna Coric, atualmente na posição trinta e oito da hierarquia, teve entrada direta para o quadro principal do Masters 1000 de Cincinnati. Zverev, número oitenta e cinco do mundo, teve que passar pelo qualifying. Dada a qualidade dos opositores ultrapassados, essa fase até pode ser benéfica para o jovem alemão, que ganhou ritmo e confiança. Benjamin Becker (6-4, 6-2) e Denis Istomin (6-2, 3-6, 6-3) são dois tenistas de qualidade e muito experientes.
Em Umag, um dos seus torneios favoritos, Coric chegou aos quartos de final, altura em que foi eliminado por Bautista-Agut (6-3, 6-3). Mas nas duas provas que se seguiram foi afastado na ronda inicial: em Hamburg voltou a ceder diante do espanhol (6-3, 6-4); em Montreal foi vítima de Tsonga (6-4, 6-4).
Não existem registo de confrontos entre ambos desde que se tornaram profissionais. Mas ainda como juniores enfrentaram-se na meia-final do Open dos Estados Unidos, onde Coric viria a sagrar-se campeão (4-6, 6-3, 6-0).