O Uruguai qualificou-se sem dramas, no segundo lugar da CONMEBOL, sendo claramente a seleção mais regular da zona sul-americana, a seguir a Canarinha. Tem em Luis Suárez e Cavani as suas maiores figuras mas o seu trunfo está no banco. Óscar Tabárez leva doze anos consecutivos como selecionador e com ele ao comando a equipa foi sempre além da fase de grupos. Los Charruas são favoritos a vencer o Grupo A. A questão que se impõe é e depois?

Percurso sem percalços

Onze tipo da fase de qualificação da CONMEBOL.

Onze tipo da fase de qualificação da CONMEBOL.

Ao contrário do que tinha acontecido em apuramentos anteriores – 2002, 2010 e 2014 – em que teve que sobreviver a play-offs, desta feita o percurso da qualificação para o Rússia 2018 fez-se sem dramas de última hora. O grupo da zona Sul-Americana é sempre muito duro, não estranha as dificuldades de anos passados. Basta lembrar que até ao fim a Argentina de Messi esteve em risco de falhar e o Chile, vencedor das duas últimas Copas América ficou mesmo de fora. Mas este Uruguai mostrou desde cedo, ser uma das equipas mais coerentes e regulares da fase de qualificação, superada apenas pela Canarinha. Os Charrúas garantiram o segundo lugar, com nove vitórias, quatro empates e cinco derrotas.

A equipa de Tabárez partiu determinada e manteve-se sempre pelos lugares cimeiros da tabela sul-americana. Mas quando chegou aos momentos decisivos, tremeu. Foram três derrotas consecutivas – com o Brasil (1-4) em casa; Chile (3-1) e Peru (2-1) fora – e aquilo que já aparecia garantido ficou em risco. O nulo frente à Argentina, a seguir, restaurou a confiança e confirmou a necessidade de mudança. O selecionador tem vindo a injetar sangue novo no meio-campo, chamando talento emergente, mostrando que o Uruguai tem futuro nas fileiras mais jovens.

Dupla de respeito

Se Suárez mantiver a cabeça fria, esta dupla tem tudo para ser das mais concretizadoras da fase de grupos.

Se Suárez mantiver a cabeça fria, esta dupla tem tudo para ser das mais concretizadoras da fase de grupos.

É inevitável eleger Luis Suárez como a estrela desta seleção uruguaia. O jogador do Barcelona, sobretudo esta versão emocionalmente mais estável, é garantia de qualidade superior, do tipo que pode e, geralmente, faz a diferença. O Mundial da Rússia será, provavelmente, o último ao mais alto nível e está na altura de compensar o grupo pela mordidela a Chiellini. Mas custa sempre deixar um avançado como Edinson Cavani para segundo plano. Ele pode não ser o finalizador mais elegante, o mais refinado tecnicamente, mas foi o melhor marcador da qualificação sul-americana, com dez golos à sua conta, deixando para trás o compatriota, Messi e Gabriel Jesus.

O “Maestro”

A seleção uruguaia tem o mesmo treinador há doze anos consecutivos, provando que até na América do Sul é possível ter estabilidade. Sob o comando de Óscar Tabárez a equipa nacional conseguiu sempre passar a fase de grupos e desta vez também não deve ser diferente. Duas vezes eleito o melhor treinador da América do Sul, Tabárez conquistou a Copa América com o Uruguai, em 2011, e uma quarto lugar no Mundial da África do Sul. O experiente treinador conhece como a palma das mãos os jogadores do seu país, inclusive aqueles cuja evolução tem acompanhado nas seleções sub-20 e sub-23. Mas, aos setenta e um anos, e com uma doença autoimune que lhe afeta também a mobilidade, este deve ser o adeus do velho “Maestro”.

Fase de grupos, e depois?

Pode parecer pretensioso mas é facto que o Uruguai é o favorito a vencer o Grupo A, que inclui a Rússia, o Egito e a Arábia Saudita. É certo que terão que se haver com Mohamed Salah e com a pressão do país anfitrião, mas continua a ser a seleção mais experiente e completa do agrupamento. Em 2010 os Charrúas foram quartos classificados. Há quatro anos, no Brasil, foram travados pelos pela Colômbia, nos oitavos de final, e na altura a veterania dos titulares já foi salientada. A renovação está-se a fazer, sobretudo no miolo, onde se vem a alterar também a relação com a bola, mas alguns destes jovens fazem o seu batismo num Mundial para crescidos. Mas a maior apreensão vai para o setor defensivo. Godín já não é um menino mas precisava de um assistente – leia-se Coates –  mais rápido e ágil, para fazer as compensações.

Se se confirmar a superação da fase inicial, as probabilidades indicam que o Uruguai vai ter que se haver com Portugal ou Espanha, na etapa seguinte.

Boas Apostas!