Pela quarta vez consecutiva a seleção suíça de futebol vai ao Mundial e em duas das três presenças anteriores foi além da fase de grupos. A qualificação só ficou garantida no play-off, eliminado a Irlanda do Norte graças a um penálti duvidoso. Nos vinte e três eleitos por Petkovic não há surpresas. A equipa depende da capacidade de Shaqiri e Xhaka para mexer com os jogos e há dúvidas quanto à capacidade dos dois, por razões distintas.
Algum azar, alguma sorte
Como os portugueses tão bem sabem, a Suíça ficou em segundo lugar no Grupo B, de Portugal. A seleção às ordens de Vladimir Petkovic terminou a qualificação com os mesmos vinte e sete pontos que a das Quinas, sendo que cada uma das equipas venceu o duelo caseiro frente ao concorrente direto, exatamente com o mesmo resultado: triunfo dos suíços em Portugal, a abrir o apuramento; triunfo dos lusos na Suíça, a terminar. A diferença esteve nos golos marcados e sofridos: o campeão europeu marcou mais nove e sofreu metade. Esta contabilidade obrigou a Suíça a disputar o play-off para carimbar o passaporte para a Rússia, apesar de ter mais pontos (vinte sete) e melhores resultados (9V/ 1D) que muitos vencedores de outros grupos.
Se aí podiam queixar-se da sorte, ou falta dela, no play-off foi a vez da Irlanda do Norte se lamentar do mesmo. Foi graças a um penálti duvidoso atribuído na primeira mão, fora, convertido por Ricardo Rodríguez, que os suíços se qualificaram para o Rússia 2018.
Imigrante de sucesso
Nascido em Sarajevo, na então Jugoslávia, Vladimir Petkovic passou grande parte da carreira na Suíça, primeiro como jogador e depois como treinador, tendo já a dupla nacionalidade. Comandou vários clubes suíços, do Lugano ao Young Boys e FC Sion, terminando a treinar a Lazio, na Série A, emblema com o qual conquistou uma Copa de Itália.
Assumiu a seleção helvética na sequência do Mundial do Brasil e conduziu a equipa aos oitavos de final do Europeu de França.
Os dois pilares
A seleção suíça está bastante pendente do que Xherdan Shaqiri e Granit Xhaka possam fazer para mexer com os jogos. Uma equipa experiente, muito habituada a jogar junta, precisa desses dois elementos – o primeiro é a força criativa, o outro é o garante dos equilíbrios – para estar equilibrada. E nenhum dos dois tem substituto à altura. O problema é que ambos parecem estar longe do seu melhor, por motivos distintos. Shaqiri teve uma temporada dura no Stoke City, que terminou com a despromoção. Os jornais dão nota do interesse do suíço em abandonar a equipa durante o verão, preferencialmente para continuar na Premier League, mas ainda nada está fechado. Xhaka também não conseguiu estar à altura das expetativas no Arsenal mas a mudança de equipa técnica pode ser um recomeço auspicioso. Durante um treino da semana passada Granit sofreu um traumatismo forte no joelho e temeu-se o pior. Mas os exames não mostraram nenhum consequência série e o jogador segue para a Rússia, ainda a recuperar da pancada.
Batismo de fogo
Esta será a quarta participação consecutiva da Suíça no Mundial de Futebol. Em 2010, na África do Sul ficou pela fase de grupos mas em 2016 e 2014 conseguiu ir um degrau acima. Há quatro anos, no Brasil, foram eliminados nos oitavos de final pela Argentina, já no prolongamento.
O grupo E pode ter os seus desafios mas os suíços mergulham de cabeça, estreando-se frente à Canarinha a 17 de junho. Como esta seleção gosta de se medir com adversários de peso – basta lembrar narrativa de terem ganho aos recém-estabelecidos campeões europeus – até pode ser uma coisa boa. Retira logo essa pedra do caminho. Resta saber o que se segue, frente a costarriquenhos e sérvios.
Na eventualidade de resistir à fase de grupos há probabilidades muito elevadas de ver a Alemanha sair-lhe ao caminho, uma perspetiva intimidante para qualquer seleção neste Campeonato do Mundo.
Boas Apostas!