Hervé Renard, o feiticeiro branco, volta a estar presente num Mundial, trazendo Marrocos à ribalta que falhava desde 1998. Isso significa que a generalidade dos jogadores que fazem parte desta seleção terão memórias frágeis dessa presença, sendo que, à altura, eram crianças ou jovens adolescentes. O futebol marroquino, ao nível de clubes, sempre conseguiu manter alguma qualidade, pelo investimento feito no país e pela capacidade de manter os seus jogadores a jogar localmente. Mas era preciso uma renovação do talento para poder sonhar mais alto.

Marrocos

Marrocos apresenta credenciais defensivas

A pensar em organizar um Mundial numa das próximas edições, Marrocos virou-se para a sua diáspora e começou a cativar jogadores que nasceram (e em alguns casos até jogaram pelas seleções de formação) em países como a França ou a Holanda. Mesmo ao nível da Taça das Nações Africanas, ter atingido os quartos-de-final em 2017 foi um resultado bem melhor do que o conseguido nas seis edições anteriores, tendo mesmo falhado duas delas. Num Grupo complicado como o é o B, Marrocos vai à Rússia mostrar que tem bases para se desenvolver.

Qualidade defensiva dita apuramento

Depois de um apuramento sem grande história na 2ª ronda, com uma vitória caseira frente à Guiné Equatorial e um empate no jogo de volta, Marrocos cometeu o feito de não sofrer qualquer golo na 3ª ronda, terminando os seis jogos sempre com a baliza inviolada. Esse feito é tão mais impressionante, quanto os seus adversários são, todos eles, reconhecidos pelos seus fundamentos ofensivos. No entanto, com três empates, fora com Gabão e Mali e, em casa, perante a Costa do Marfim, e três vitórias, a equipa de Hervé Renard conseguiu o desejado apuramento que lhe escapava há 20 anos.

Talento ofensivo versus esteios defensivos

Hakim Ziyech Marrocos

Ziyech, o craque de quem se esperam milagres

Hakim Ziyech, do Ajax, será o jogador cujo talento mais atenção despertará no conjunto marroquino, tendo sido, também ele, uma peça importante na qualificação da equipa, com duas assistências e dois golos marcados. Num contexto em que a seleção de Marrocos será, acima de tudo, uma equipa de bloco baixo, os desequilíbrios criados por Ziyech poderão ser fundamentais para apresentar ambições ao nível dos resultados.

No entanto, serão os esteios defensivos de Marrocos aqueles que merecem mais atenção. Sobretudo na dupla de centrais, composta por Mehdi Benatia, da Juventus, e Romain Saiss, do Wolverhampton, e no guarda-redes que fez toda a fase de grupos da qualificação sem sofrer golos, Munir Mohamedi, estão centradas as esperanças de um selecionado marroquino competitivo na Rússia.

Renard quer exportar feitiço

No currículo do técnico Hervé Renard, dois títulos da Taça das Nações Africanas, com a Zâmbia em 2012 e com a Costa do Marfim em 2015, brilham acima de todos os feitos. Mas o treinador, que nunca conseguiu o mesmo nível de sucesso nas oportunidades que teve em clubes como Sochaux ou Lille, pretende agora alcançar um feito com maior relevo, num Campeonato do Mundo. O seu estilo de líder inspirador está bem desenhado nas camisas brancas que costuma usar nos dias de jogos. Equipas com organização defensiva e transições rápidas e certeiras são os seus pontos fortes.

Tudo no primeiro jogo

Encarando um grupo com Espanha e Portugal como grandes favoritos, Marrocos tentará, neste regresso a um Mundial, começar da melhor forma possível frente ao Irão. Sem ser uma equipa particularmente entusiasmante, poderá, nos momentos de desequilíbrio, causar algum impacto, ainda que com pouquíssimas probabilidades de apuramento para os oitavos-de-final.

Boas Apostas!