A dois meses do início do Mundial 2018, a seleção representante de um país acostumado a sofrer com a atividade sísmica sofreu um abalo inesperado. Sem que nada o fizesse prever, o seleccionador bósnio Vahid Halilhodzic foi demitido pelos responsáveis da federação. Aos 63 anos, Akira Nishino voltou ao ativo para orientar a seleção do seu país na Rússia. Keisuke Honda e Shniji Kagawa continuam a ser as figuras mais mediáticas de uma equipa na qual, diga-se a bem da verdade, têm perdido protagonismo.
Qualificação a bom nível
Na zona AFC, a fase de apuramento para o campeonato do mundo divide-se em duas fases de grupos. A seleção japonesa terminou a primeira fase de grupos sem derrotas, com 22 pontos conquistados em 24 possíveis, superando Síria, Singapura, Afeganistão e Camboja. Já na segunda fase, entre as 12 melhores seleções, ficou no grupo B juntamente com a rival Austrália, a Arábia Saudita, os Emiras Árabes Unidos, o Iraque e a Tailândia. A equipa nipónica voltou a vencer o grupo com 20 pontos conquistados em dez desafios e assegurou o acesso direito à competição.
Posto isto, nada fazia prever não fosse Vahid Halilhodzic a conduzir a equipa no Mundial 2018, mas o técnico bósnio passou por uma situação que não lhe é, de todo, estranha: tal e qual como em 2010, altura em que guiou a Costa do Marfim até ao Mundial da África do Sul, foi demitido antes do início do grande torneio.
O despedimento consumado no mês de março, depois de uma derrota frente à Ucrânia (1-2), ainda é um enigma. Os responsáveis da Federação japonesa apontaram um “problema de comunicação” como problema, enquanto o advogado de Halilhodzic confirmou que o levantamento de um processo contra a JFA. Resta saber como é que a seleção japonesa lidará com uma mudança abrupta a pouco tempo do campeonato do mundo.
Para além de Honda e Kagawa
Em termos de mediatismo, Keisuke Honda e Shinji Kagawa foram os sucessor do compatriota Shunsuke Nakamura, ex-jogador do Celtic. O primeiro pelo tempo que passou no CSKA de Moscovo e no AC Milan, o segundo, ainda jogador do Borussia Dortmund, pelas prestações ao serviço do clube alemão e dos ingleses do Manchester United. Honda está atualmente nos mexicanos do Pumas e tem 31 anos, enquanto Kagawa tem 29. O Japão vai apresentar-se na Rússia com uma equipa experiente e vários nomes que não são estranhos ao grande público: Maya Yoshida (Southampton), Hasebe (Eintracht Frankfurt), Nagatomo (Galatasaray) e Shinji Okazaki (Leicester) são alguns exemplos. A opção por uma equipa mais experiente não é alheia ao facto de Nishino só ter assumido os destinos da equipa a dois meses do Mundial, sem margem para grandes experiências.
A principal duvida – atendendo até à falta de demonstrações que possamos aferir isso – corresponde à estratégia que os japoneses vão adotar. Se, em tempos, a equipa nipónica era conhecida pela sua qualidade no contra golpe, com Halilhodzic a formação asiática passou a privilegiar um estilo diferente, mais baseado na posse de bola, por norma em 1x4x3x3.
O regresso de Nishino
Enquanto jogador, Akira Nishino foi um “one-club man”, dedicando toda a sua carreira ao Kashiwa Reysol, emblema que posteriormente viria a treinar, depois de “pendurar as botas”. Cumpriu toda a sua carreira de treinador no Japão, orientado ainda Gamba Osaka, Vissel Kobe e Nagoya Grapus, clube que tinha abandonado em 2015. O maior êxito da sua carreira correspondeu à conquista da Liga dos Campeões da Ásia em 2008, ao serviço do Gamba Osaka.
Inativo há três anos, Nishino decidiu regressar para orientar a seleção nesta fase final do Mundial 2018.
Expectativas
Em teoria, o grupo H poderá ser um dos mais equilibrados da prova, uma vez que não possui nenhuma “potência”. Polónia, Senegal, Colômbia e Japão são as seleções que o compõem. A equipa japonesa tem legitimidade para sonhar com o acesso à fase seguinte, restando saber que consequência é que a alteração na equipa técnica a tão pouco tempo do Mundial poderá surtir.
Boas Apostas!