A Inglaterra viaja para a Rússia sem euforias, ao contrário de outros tempos. Ainda que recheada de talento, a nova geração é considerada inexperiente para poder ser candidata séria ao título. E depois, há a deceção que envolveu participações recentes em grandes torneios. O que até pode jogar a favor dos jovens leões e de Gareth Southgate, que também se estreia num Mundial.
Qualificação com uma perna às costas
A Inglaterra não teve dificuldades em apurar-se para o Rússia 2018. Venceu, sem derrotas (8V/ 2E) o Grupo F europeu, com oito pontos de avanço para Eslováquia e Escócia, que terminaram empatados em pontos. Há que reconhecer duas coisas. A primeira é que o agrupamento não era dos mais duros. A segunda, que a seleção inglesa se habituou a levar a sério as tarefas de qualificação. Já foi assim para o Europeu de França, infelizmente depois não consegue a mesma assertividade nas fases finais dos eventos desportivos.
Os dois empates surgiram nas deslocações a casa de eslovacos (0-0) e escoceses (2-2) mas a formação inglesa soube aproveitar bem os jogos caseiros e até vencer de forma esforçada, com um golo aqui e ali, dando prioridade ao resultado e não às exibições. O que terá contribuído para o esfriar da confiança dos adeptos ingleses, que queriam ver um futebol mais ofensivo.
Southgate, o herdeiro improvável
Gareth Southgate chegou a selecionador inglês quando o escândalo obrigou à saída de Sam Allardyce e os estilos não podia ser mais distintos. Acho que quem estava de fora viu esta “promoção” dentro da Football Association como uma solução de recurso temporária. Afinal de contas, o antigo internacional vinha dos sub-21, era um homem da casa que estava disponível, mas não tinha grande pedigree nem idade para assumir um cargo habitualmente entregue a outro escalão etário. Mas caiu bem aos jogadores, sobretudo aos mais jovens, que o conheciam bem e já tinham uma relação de anos com o novo técnico. Eles já sabiam, por exemplo, que aquele ar sereno esconde uma personalidade determinada e de ferro, que desde muito cedo, então enquanto jogador, foi escolhido para capitanear as equipas por onde passava.
Kane e quem mais?
No que respeita a destacar jogadores, há a liderança e as apostas. Passo a explicar. Jordan Henderson desempenha um papel fundamental nesta equipa. Não sendo o mais velho, é um dos mais experientes e um líder dentro e fora do relvado, o que é mais importante. Quando há jovens em todas as direções, alguém no meio-campo que seja voz de comando, é fundamental. Depois há as apostas. Harry Kane, à cabeça. O seu estatuto já está consolidado e se falo na aposta é mais quando à sua condição física. Afetado durante a temporada por mais do que uma lesão, não é claro que esteja na melhor forma. Depois há aqueles que podem assumir protagonismo. Dele Alli tem a criatividade e qualidade para fazer a diferença, desde que seja capaz de manter a cabeça fria. Mas este também pode ser o palco para Lingard ou Rashford brilharem.
Passar o grupo, depois logo se vê
A Inglaterra estreia-se frente à Tunísia, em Volgogrado, a 18 de junho. É importante somar pontos nos dois primeiros encontros – segue-se o Panamá – para não chegar ao duelo com a Bélgica a precisar dos três pontos. A belga é, à partida, a seleção mais forte e aquela que se espera venha a vencer o grupo G. Grande foco em navegar a fase inicial deve ser a grande prioridade para o selecionador inglês passar ao grupo. Sem especulações no que possa vir a seguir. Já seria superar o que foi feito no Brasil, à quatro anos. Depois, logo se vê.
Boas Apostas!