A seleção gaulesa parte para a Rússia no lote de favoritos. Depois dos quartos de final no Brasil e a final no Euro disputado em casa, está na hora desta geração que transborda de talento individual se torne no gigante coletivo que tem todas as condições para chegar a ser. Para qualquer setor que se olhe, os nomes são todos sonantes. Mesmo sendo ainda bastante jovens, na grande maioria, jogam em ligas muito competitivas e brilham nas respetivas equipas. Será que é em 2018 que a engrenagem faz clic?
Qualificação em ritmo de cruzeiro
A França venceu o grupo A na qualificação europeia para o Mundial da Rússia (7V/ 2E/ 1D), deixando para trás Suécia e Holanda a disputar entre si a ida ao play-off. Não foi uma caminhada triunfal, também os adversários não eram os mais acessíveis, mas foi altamente eficaz. Os gauleses só perderam um duelo, na deslocação a Estocolmo (2-1), um balde de água gelada na forma do golo de meia distância de Toivonen já nos descontos. Ainda assim, a maior preocupação talvez tenha surgido no empate concedido em território francês frente à seleção luxemburguesa (0-0). Valeu pelo susto, lembrando que o passaporte ainda não estava carimbado.
Griezmann ou Mbappé?
Olhando para a convocatória para o Mundial divulgada pelo selecionador, custa eleger as figuras de proa. Há os mais vistosos e depois há aqueles que podem vir a ser decisivos ficando mais na retaguarda. Acho que ninguém tem, dúvidas do que Paul Pogba pode trazer ao jogo mas o médio do United, tal como no clube, ainda não conseguiu encontrar o seu lugar e a regularidade para estar à altura das expetativas. Com Kanté e Matuidi ao lado, o meio-campo da França é uma unidade de luxo. Mas inevitavelmente, as esperanças dos franceses viram-se para Antoine Griezmann e Kylian Mbappé. Uns dizem que o homem do Atlético tem a maturidade e experiência para ser esse elemento diferenciador, basta que replique o impacto que tem no clube. Olham para a tenra idade de Mbappé e desconfiam. Mas por aquilo que já o vimos fazer nos momentos decisivos, tanto no Mónaco como no PSG, eu acredito que o Mundial é uma montra fantástica para o adolescente gaulês. Basta pensar que ao longo da temporada ele não se deixou intimidar pela sombra de Neymar Jr., muito pelo contrário, em diversas ocasiões ofuscando mesmo o brilho do brasileiro.
Selecionador corta a direito
Didier Deschamps sabe o que é vencer um Campeonato do Mundo de Futebol. Fez parte da geração de Platini que em 98 conquistou o único troféu da história de Les Bleus. Assumiu o cargo em 2012, para garantir a qualificação para o Mundial do Brasil, e a equipa por si orientada caiu nos quartos de final. Desde então, encetou a renovação que há muito se antevia. Afinal de contas, nos últimos anos as seleções jovens gaulesas não fazem mais do que produzir fornada após formada de talentos. Era preciso incorporá-los no grupo dos adultos. Não é trabalho que se inveje, porque a base de recrutamento é imensa mas a responsabilidade de apostar em juventude, ainda por cima nos jovens certos, também é pesada.
Já se sabia que Deschamps não era homem de titubear perante decisões difíceis e mais uma vez a convocatória confirmou-o. O maior incidente ocorreu com Adrien Rabiot que, ao ficar na lista de reservas, cujos elementos deviam fazer uma concentração própria durante estas duas semanas, para qualquer eventualidade, declinou a oportunidade.
Superando os oitavos, tudo é possível
As expetativas são elevadas, ou não estivéssemos a falar da Seleção Francesa. Apesar de ter apenas um título em mundiais, é um dos candidatos crónicos, diria que na segunda linha, a seguir a Alemanha, Espanha e Brasil. Mas a quantidade de qualidade individual, desculpem o trocadilho, já clama por mais. A maior fragilidade que se pode apontar à França neste momento é a juventude do quarteto defensivo. Com a lesão de Koscielny, Rafael Varane e Samuel Untiti terão que assumir uma responsabilidade que normalmente recai sobre os mais velhos. Mas não podemos esquecer que ambos alinham nos dois colossos espanhóis, portanto pressão e competição de elite faz parte do seu dia a dia.
No mesmo grupo que Dinamarca, Peru e Austrália, a França está obrigada a superar a fase inicial. Daí em diante, será bem mais complicado. O grupo D, com o qual irão cruzar apresenta como opções Argentina, Croácia, Islândia e Nigéria. Eu diria que quem resistir será um opositor temível.