A Colômbia parte para a Rússia com o intuito de, pelo menos, igualar os quartos de final do Brasil 2014. Hoje a seleção dos Cafeteros é mais madura, mais equilibrada, com internacionais espalhados por várias ligas competitivas. Na hora da decisão, Pékerman apostou em James e Falcao para liderar o grupo, deixando de fora o controverso Cardona. Mesmo que o jogador do Boca Juniors tenha sido absolutamente decisivo na qualificação.
Pelo buraco da agulha
O Colômbia garantiu presença na Rússia com o quarto lugar na qualificação sul-americana, o último que dava entrada direta. Não se pense que foi fácil. Até à última jornada, argentinos, colombianos, peruanos e chilenos lutaram pelo apuramento, com a fava a sair a Alexis Sánchez e companhia.
A campanha não foi exuberante mas a seleção colombiana conseguiu ter uma certa regularidade, que faltou a outros concorrentes diretos. Ainda na primeira metade da qualificação, Edwin Cardona marcou em dois jogos para lá dos noventa, seis pontos que se haveriam de revelar preciosos para alcançar o objetivo principal, no final das contas. O empate em casa com o Brasil (1-1), já na reta final, a seguir ao nulo frente à Venezuela, última classificada, foi também determinante para não deixar escapar o apuramento.
Decisões difíceis
José Pékerman leva mais de seis anos à frente da seleção nacional da Colômbia e todos lhe reconhecem mérito na chegada aos quartos de final em 2014. Conhece muito bem os jogadores que tem à disposição e eles sabem com o que podem contar.
Enquanto treinador, este argentino fez grande parte da sua carreira nos sub-20 do seu país natal, vencendo um Mundial e o Sudamericano deste escalão, mais tarde com direito a promoção à equipa A.
Discreto, avesso a exposição pública, Pékerman só enfrenta a imprensa quando a tal é obrigado. Mas não é homem de fugir a decisões difíceis. A opção de deixar Cardona fora da convocatória final vai-lhe ser cobrada se a prestação na Rússia for dececionante, ainda que existam boas razões para o ter feito. Do ponto de vista do talento, ele sabe que teria toda a vantagem em levá-lo. Foi decisivo frente à Bolívia (2-3) e Paraguai (0-1) e ninguém discute o seu talento. Mas depois do incidente de insultos racistas o médio subiu a parada enredando-se num caso de polícia que inclui ameaças com arma branca e sequestro de mulheres. É como andar com uma granada no bolso: tem tudo para dar asneira e afetar o grupo.
James à cabeça
Toda a Colômbia espera que James Rodríguez repita na Rússia o impacto que teve no Brasil, liderando nos momentos decisivos a progressão da equipa. No Real Madrid, para onde foi depois do Campeonato do Mundo anterior, James não conseguiu encontrar espaço mas com a mudança para Munique recuperou a alegria de jogar e evoluiu taticamente. Ele e Falcao, o último carregando a braçadeira de capitão, foram as apostas do selecionador para assumi o protagonismo. O avançado passou momentos negros na carreira, desde que falhou o Mundial do Brasil com uma lesão grave no joelho. Mas, por fim, no Mónaco, reconciliou-se com o futebol e com os golos.
Nos destaques individuais não quero deixar de mencionar Yerry Mina. O gigante central que assinou pelo Barcelona passou a fazer parte integrante do grupo na segunda volta do apuramento e passou a ser imprescindível, numa dupla com Davinson Sánchez, do Tottenham.
Ganhar-lhe o gosto
Depois de três edições ausente, a Colômbia regressou aos Mundiais há quatro anos e só parou nos quartos de final, afastados pela Canarinha. Agora que ganharam o gosto, os colombianos querem, pelo menos, duplicar essa campanha. Os jogadores estão mais experimentados, sim, e a equipa ficou mais equilibrada, mais completa, a começar pelo lado defensivo. O grupo em que estão, juntamente com Polónia, Japão e Senegal vai ser de muita luta, ainda que colombianos e polacos sejam claros favoritos. Quem seguir em frente pode apanhar Bélgica ou Inglaterra, imaginando que os mais cotados correspondem. Mas tudo é possível.
Boas Apostas!