Uma final de Europeu em 1980 e uma meia-final de Mundial em 1986 demonstram bem que a grande geração do futebol belga, até ao momento, é a que esteve em campo nos anos oitenta. Depois desses grandes nomes terem abandonado o futebol, a quebra de talento foi notória e a Bélgica andou arredada das atenções mediáticas do futebol. Em 2006 e 2010 falharam presença em Mundiais, o mesmo acontecendo com as ausências nos Europeus de 2004, 2008 e 2012.
Ainda assim, o aparecimento de uma nova geração muito promissora transformou o regresso da Bélgica às grandes provas numa elevada expetativa. Os quartos-de-final atingidos no Mundial 2014 e no Euro 2016 são um sinal bem positivo, ainda que em ambos os casos parecia haver uma crença de poder chegar ainda mais longe. Na Rússia, a Bélgica vai ter um encontro perfeito entre maturidade dos jogadores e crescimento coletivo.
Apurado sem rival
Dez jogos, nove vitórias, um empate. A Bélgica terá tido alguma sorte no sorteio para o seu grupo na fase de qualificação para o Mundial da Rússia, não tendo, verdadeiramente, um opositor que lhe pudesse fazer frente. A Grécia, segunda classificada, foi a única que lhe roubou pontos, com um empate quando visitou a Bélgica. De resto, frente a Bósnia-Herzegovina, Chipre, Estónia ou Gibraltar, a equipa de Roberto Martínez foi sempre muito superior. Ao mesmo tempo, poderá olhar-se para este trajeto de outro ponto-de-vista. A Bélgica não teve um desafio suficientemente exigente para colocar em teste as suas qualidades.
A seleção da Bélgica tem várias ameaças no seu onze que conferem essa ideia de poder ver os belgas nas fases finais da prova. Romelu Lukaku é um finalizar, uma máquina de marcar golos, como comprovou na fase de qualificação, ainda que deixe também claro que a sua presença acaba por condicionar, de certa maneira, a forma de jogar da sua equipa. No meio-campo ofensivo, Eden Hazard, Mertens e De Bruyne são elementos do mais alto nível e talvez seja deste trio que nasce essa capacidade de diferenciação da equipa belga. Eden Hazard, com 27 anos, será aquele que chega com maior e melhor conjugação entre talento e experiência, acabando por ser o nome que estará em maior destaque entre os 23 selecionados.
Escolha inesperada
Muitos e bons
Roberto Martínez foi uma escolha surpreendente para liderar a seleção belga, depois de ter trabalhado sempre em Inglaterra, no Swansea, Wigan e Everton. Para a sua equipa técnica, convidou Thierry Henry, que acaba por ter uma imagem pública mais reconhecida. Mas Martínez já terá convencido os belgas ao dar alguma identidade ao futebol praticado pela sua seleção, que pensa o jogo a partir da posse de bola e que já não se remete ao bloco baixo preconizado por Marc Wilmots. Ainda assim, frente a equipas mais fortes, será necessário entender qual o verdadeiro potencial da equipa.
Passar o grupo, desejar o máximo
Com a Inglaterra como principal adversário no seu grupo, não se espera que Tunísia e Panamá coloquem problemas à seleção belga. A partir daí, o conjunto de Hazard e companhia deseja alcançar o máximo possível neste Mundial. Os quartos-de-final, uma vez mais, parecem ser objetivo mínimo.
Boas Apostas