Presença regular em Mundiais entre 1994 e 2006, a Arábia Saudita falhou as últimas edições da prova, em linha com a quebra que a seleção sentiu nas provas disputadas no seu continente. Depois de em 2007 ter alcançado a final da Taça Asiática, não passou da fase de grupos das duas edições seguintes, e mesmo na Taça do Golfo Árabe não consegue vencer desde 2003.
Um dos obreiros na reviravolta sentida na seleção saudita foi o holandês Bert van Marwijk, técnico que esteve no comando da equipa desde o início da fase de qualificação. No entanto, de forma surpreendente, não chegou a acordo para renovar contrato e ir ao Mundial com esta equipa, tendo sido substituído por Edgardo Baúza, que pouco durou, até ser chamado José Antonio Pizzi, argentino que tenta, em tempo recorde, organizar uma equipa para fazer uma boa prestação na Rússia.
Longo caminho decidido na última jornada
A qualificação para o Mundial no continente asiático é bastante longa, tendo começado, para a Arábia Saudita, num grupo onde alcançou facilmente o apuramento, deixando pelo caminho a Palestina, Malásia e Timor Leste. Os Emirados Árabes Unidos, a quem concedeu um empate, acabaram por ser apurados como melhores segundos. Os outros pontos foram perdidos na visita à Palestina.
Na segunda fase, os sauditas empataram em casa com a Austrália na terceira jornada, seguindo um caminho perfeito que quase foi colocado em causa nas derradeiras jornadas, com derrotas frente aos australianos e aos Emirados Árabes Unidos. Só uma vitória caseira frente ao Japão, na última jornada, com Al Muwallad a marcar o golo decisivo na segunda parte, garantiu a entrada direta dos sauditas no Mundial.
Uma seleção veterana à procura de brilhar
Dos 28 nomes apontados por Pizzi para a pré-convocação, apenas quatro deles têm menos de 25 anos. Cinco dos sete jogadores que estiveram em campo mais de 1000 minutos na fase de qualificação têm mais de 30 anos. No entanto, os olhares vão estar centrados no jovem Fahad Al Muwallad que, aos 23 anos, marcou o golo decisivo e foi um dos escolhidos pela Federação local para fazer a segunda metade desta temporada em Espanha, onde vestiu as cores do Levante. Não tendo tido muito tempo de utilização no seu clube em LaLiga, o ritmo de trabalho e treino poderá ser importante para o ver chegar ao Mundial com capacidade para comprovar evolução e poder manter-se fora da Arábia Saudita, um dos pontos mais falados na necessária política de aumento de qualidade dos jogadores sauditas.
Acertar com Sauditas, depois de falhar com o Chile
José Antonio Pizzi foi o selecionador chileno durante a fase de qualificação, tendo falhado o objetivo de uma equipa que veio de conquistar a Copa América e a Copa Centenário, para além de ter disputado a final da Taça das Confederações (estes dois últimos feitos já com Pizzi no comando). O mais difícil para o técnico terá sido agrupar conhecimento sobre os jogadores disponíveis para a convocatória, com o acrescento de parte desses nomes terem passado sem competir nos últimos meses, a treinar com equipas espanholas. Aquilo que se pedirá a Pizzi está a roçar o milagre.
Expetativas baixas, exigências altas
O facto de não ir encontrar nenhum dos grandes favoritos à vitória no Mundial poderá dar espaço para alguma esperança à equipa da Arábia Saudita. Num grupo onde o Uruguai deverá ser o primeiro classificado, entre Rússia, Egito e sauditas, a equipa asiática é a que apresenta menos jogadores conhecidos, menos presença internacional e menos experiência competitiva. As expetativas, obviamente, serão baixas, mas os dirigentes sauditas nunca vêem com bons olhos os falhanços neste tipo de competição.