A Austrália tem sido presença habitual em Mundiais de futebol desde 2006, ano em que representou pela última vez a Oceania, antes de mudar para a Confederação Asiática. Essa mudança pretendeu inserir o futebol australiano num contexto mais competitivo, quer para seleção, quer para clubes, afastando-o de ser o vencedor crónico dos duelos com a Nova Zelândia. Até agora, a caminhada tem sido de sucesso, com repetidos apuramentos para o Mundial e passagens cada vez melhores pela Taça Asiática, a qual venceu em 2015.
O que tem faltado no Mundial são resultados que comprovem essa evolução também no maior cenário do futebol. Depois de uma passagem aos oitavos-de-final em 2006, onde acabaram eliminados pela Itália, a seleção australiana não mais conseguiu passar da fase de grupos. Um objetivo que perseguirá na Rússia.
O talento em terra de líderes
A Austrália tem vivido muito dos seus líderes. Tim Cahill é ainda uma figura de referência nesta equipa, mas Mile Jedinak acabou por o superar com um histórico hattrick frente às Honduras, no encontro da segunda mão do Playoff Intercontinental. Jedinak tem já larga experiência na Europa e será um dos elementos do meio-campo australiano na Rússia.
Ainda assim, a atenção nesta equipa deverá acabar por se centrar no talento que tem nascido no seu meio-campo ofensivo. Aaron Mooy, que fez uma excelente temporada no Huddersfield é o melhor exemplo, mas espera-se que James Troisi, Massimo Luongo e Matheu Leckie possam ter oportunidade de elevar a Austrália à luta pelos oitavos-de-final. Tomi Juric, avançado habitualmente titular, mas com impacto menor na fase de qualificação, está também em idade de começar a apresentar credenciais mais fortes para o lugar.
A mais longa caminhada até à Rússia
A Austrália fez a mais longa caminhada de todas as seleções presentes neste Mundial. Na segunda fase da qualificação asiática, venceu o seu grupo sem o menor dos problemas, somando sete vitórias e apenas uma derrota, na Jordânia. Na terceira e decisiva fase, os australianos sofreram mais, acabando o seu grupo em terceiro lugar. O enorme equilíbrio com Japão e Arábia Saudita colocou-o de fora do apuramento direto. O seu principal problema foi o jogar fora de casa, visto que em cinco jogos apenas venceu nos Emirados Árabes Unidos, terminando a fase de grupos com quatro empates!
Seguiram-se, então, dois exigentes playoffs. Primeiro, no continente asiático, frente a uma Síria que se revelou osso duro de roer, vencendo em casa, por 2-1, depois de ter empatado a uma bola no jogo da primeira mão. No playoff intercontinental, a Austrália também começou com um empate, sem golos, nas Honduras, conseguindo depois a vitória histórica que lhe deu o Mundial, por 3-1, frente ao seu público.
Apurado com um, no Mundial com outro
Bert van Marwijk, vice-campeão do mundo com a Holanda em 2010, é o treinador escolhido para orientar a Austrália neste Mundial, dando assim novo episódio de comando neerlandês à seleção dos cangurus. No entanto, na fase de qualificação, van Marwijk foi selecionador da Arábia Saudita, que conseguiu vencer o grupo onde estava a Austrália.
Ange Postecoglou, que era selecionador desde 2013, foi o timoneiro deste regresso ao Mundial, com uma equipa que inovou taticamente. No entanto, o desgaste levou-o a abdicar da presença na Rússia. Van Marwijk tem trabalhado outras opções táticas, esperando que a sua experiência a este nível possa levar a Austrália a nova façanha.
Grupo dá esperanças
Inserida no grupo da favorita França, a Austrália pode alimentar algumas esperanças, tendo em conta que nem Dinamarca, nem Peru se constituem como equipas demasiado fortes em comparação com o seu conjunto. O facto de começar frente à França até lhe poderá dar a oportunidade de decidir com menor pressão nas duas jornadas seguintes.
Boas Apostas!