A décima terceira edição da Gold Cup voltará a disputar-se em cidades norte-americanas e canadianas, num formato que pode escapar ao entendimento de muitos dos observadores desta competição mas que acaba por privilegiar a capacidade organizativa dos Estados Unidos e também a sua preponderância no que toca às opções dos patrocinadores. É bom notar que, no entanto, o facto de os jogos se realizarem em território norte-americano não significa que seja sempre a sua equipa a ter mais apoiantes nos estádios.

O México é o país com mais vitórias, seis, seguidos Estados Unidos, com cinco vitórias, e o Canadá, com apenas uma vitória na prova, no ano 2000. Nos últimos anos, têm sido os norte-americanos e os mexicanos a lutar, mano a mano, pelo título na Gold Cup, ainda que em 2013, a vitória dos Estados Unidos tenha sido conseguida numa final frente ao Panamá.

As equipas estão divididas em três grupos de quatro. Três seleções têm apuramento automático para a prova (Estados Unidos, México e Canadá), quatro delas foram apuradas na Copa Centroamericana 2014 (Costa Rica, Guatemala, Panamá e El Salvador), quatro outras na Taça das Caraíbas 2014 (Jamaica, Trindade e Tobago, Haiti e Cuba) e, finalmente, o vencedor do playoff entre os quintos classificados destas duas provas, as Honduras.

Grupo A
Estados Unidos, Panamá, Haiti, Honduras.

Este poderá ser considerado um verdadeiro grupo da morte, já que, para além dos favoritos Estados Unidos, temos o finalista da última edição, o Panamá, uma equipa que esteve no Mundial de 2014, as Honduras, e ainda o Haiti, que apresenta um grupo de jogadores com alargada experiência.

Michael Bradley USA

Bradley é o líder dos norte-americanos

Os Estados Unidos têm um grupo muito forte, partindo de uma base de jogadores da Major League Soccer, que estão a meio da temporada, reforçada com vários jogadores que, nos planos de Jurgen Klinsmann, estarão a apontar para vir a lutar por um resultado expressivo no Mundial 2018. Kyle Beckerman e Michael Bradley no meio-campo, Jozy Altidore e Clint Dempsey no ataque são as referências de uma equipa que, nesta fase de grupos, não deverá ter dificuldades para alcançar o primeiro lugar. Na mente de todos estará, claro, uma final de gigantes com o México.

O Panamá chega sob a liderança do colombiano Hernán Darío que assumiu pesada herança deixada por Julio Dely Valdez, finalista em 2013. Uma nova surpresa parece difícil de alcançar, embora a experiência do guarda-redes Jaime Penedo ou dos avançados Blas Pérez e Gabriel Torres possa ser uma cartada a apresentar pelos panamianos. Gabriel Gomez, que já representou o Belenenses, será também figura num meio-campo que tem como principal objetivo passar aos quartos-de-final em segundo lugar.

As Honduras têm a sua principal estrela sentada no banco, com Jorge Luís Pinto, que orientou a Costa Rica no Mundial 2014, a garantir a presença desta seleção através da vitória no Playoff. Agora, as exigências são altíssimas a um técnico que deu a entender poder fazer milagres. Andy Najar, que joga no Anderlecht, é a principal figura de uma equipa que tem em Boniek Garcia uma potência de criatividade e no boavisteiro Beckeles um dos garantes da linha defensiva. O primeiro jogo, frente aos Estados Unidos, poderá dar a entender até onde chegará esta equipa.

O Haiti é a grande incógnita deste grupo. Uma seleção com pouca história na competição, em alguns jogos de preparação nos últimos anos, os haitianos demonstraram ter jogadores com qualidade para dar luta a adversários poderosos. Jean Sony, atualmente no Steaua Bucareste, é o jogador mais experiente, enquanto nomes como Maurice, Belfort ou Jeff Louis poderão fazer mossa nesta prova. Se ultrapassar o Panamá na primeira jornada, poderá vir a revelar-se uma surpresa.

Grupo B
Costa Rica, Jamaica, Canadá, El Salvador.

Um grupo de incógnitas, com a Costa Rica a chegar com um novo treinador e uma equipa em ressaca pós-Mundial, enquanto Jamaica e Canadá querem aproveitar a Gold Cup 2015 para comprovar o seu crescimento nos últimos anos.

Joel Campbell Costa Rica

Irá Campbell dançar na Gold Cup?

Paulo Wanchope, jogador histórico da Costa Rica, herdou a equipa que Jorge Luis Pinto tornou mundialmente famosa. Um ano depois, Celso Borges, Bryan Ruiz ou Joel Campbell não têm como disfarçar o reconhecimento de que são alvo. Wanchope está longe de ser um técnico consensual e sem alguns jogadores fundamentais como Keylor Navas e Yeltsin Tejeda, como poderão “Los Ticos” lutar por uma presença nos encontros decisivos da prova?

Depois de deixar excelente imagem na Copa América, a Jamaica tentará alcançar uma vitória neste grupo. A solidez defensiva de jogadores como Mariappa ou Morgan, a rebeldia dos laterais Powell e Lawrence e a qualidade ofensiva de Gilles Barnes e Darren Mattocks, os “Reggae Boys” apresentam um ritmo mais próximo do Punk Rock e poderão ser uma equipa difícil de parar.

Este não deverá ser, ainda, o ano do Canadá, mas a equipa orientada por Benito Floro vai dando passos sólidos para ser um dos grandes da América nos próximos dez anos. Nesta fase de grupos, têm o desafio de conseguir o apuramento para os quartos-de-final, tendo nos jovens Cyle Larin, Samuel Piette, Tesho Akindele e Karl Ouimette alguns dos nomes que poderão afirmar-se definitivamente com a camisola vermelha do seu país.

El Salvador é a equipa mais jovem deste grupo e chega sem grandes aspirações. Orientada pelo espanhol Alberto Roca, a seleção salvadorenha tem em jogadores como Nelson Bonilla ou Arturo Alvarez as suas apostas mais sólidas, com Darwin Cerén, dos Orlando City, a ser um elemento que dá muitas garantias no meio-campo. No entanto, parece curto para ambicionar a algo de concreto na prova deste ano.

Grupo C
México, Guatemala, Trindade e Tobago, Cuba.

Com a seleção mexicana a sentir a pressão de vencer a edição 2015 depois de não ter ido além das meias-finais em 2013, a fase de grupos é uma espécie de preparação para os jogos decisivos. Neste grupo, nenhuma equipa parece ter condições para fazer frente aos homens de Miguel Herrera, com guatemaltecos e tobaguenhos a ter apenas uma presença cada um em meias-finais.

Gio dos Santos Mexico

Giovani é criatividade e perigo no ataque mexicano

No papel, o México tem a equipa de maior qualidade e potencial de todas aquelas que marcam presença na Gold Cup. Giovani dos Santos e Carlos Vela voltam a estar juntos para criar magia com a camisola azteca, reforçado com elementos de alta rotação como Herrera, Guardado ou Jonathan dos Santos. Uma defesa experimentada, Guillermo Ochoa na baliza e, sobretudo, Miguel Herrera no banco, são outras cartas de trunfo que o México poderá jogar quando, e se, encontrar os Estados Unidos na final.

A Guatemala apresenta um plantel de jogadores formado, sobretudo, por jogadores que atuam no seu campeonato nacional, liderado por Ivan Franco, um técnico que sabe o que é vencer internamente, com cinco títulos na Liga guatemalteca. Marco Pappa, que atua nos Seattle Sounders da MLS, poderá ser a figura de uma equipa que ambiciona ficar no segundo lugar do seu grupo, mas não terá condições para ir mais longe.

Trindade e Tobago está muito longe de ser aquilo que era no final da década de 90 quando tinha jogadores da craveira de Dwight Yorke ou Russell Latapy. Com uma equipa formada por jogadores que atuam em diferentes partes do mundo, Stephen Hart, um ex-internacional, conta com a experiência do avançado Kenwyne Jones para tentar chegar ao golo. Joevin Jones, com energia pela faixa esquerda, é um dos jogadores da nova geração que também terão que assumir para manter os tobaguenhos na proximidade de uma presença nos quartos-de-final.

Cuba é mais uma incógnita da Gold Cup, já que todos os atletas jogam no seu país e, infelizmente, as equipas cubanas nem na Liga dos Campeões da CONCACAF costumam apresentar-se a competição a nível internacional. Em 2013, atingiram os quartos-de-final graças a uma vitória frente ao Belize, sorte que não terão este ano. De qualquer maneira, apenas um punhado de jogadores regressa à competição, com Raul González a lançar muita juventude no atual plantel. Pontuar será, já, uma grande vitória para os cubanos.