27 anos depois, o Atlético Nacional volta a assumir o trono do futebol sul-americano. Os “Verdolagas” ergueram o troféu pela segunda vez na sua história, colocando a cidade de Medellín em apoteose após derrotar o Independiente del Valle por um resultado agregado de duas bolas a uma. Desde 2004 que uma equipa colombiana não vencia a prova de clubes mais importante da América do Sul.
Contrariando a dicotomia Brasil – Argentina estabelecida ao longo dos últimos anos, o Atlético Nacional é o novo campeão sul-americano. O conjunto colombiano orientado por Reinaldo Rueda conseguiu replicar o êxito a nível doméstico á escala continental, alcançando o grande objetivo ao qual o clube se propôs há dois anos atrás. O técnico colombiano de 59 anos assumiu a equipa e foi capaz de manter a aura vitoriosa estabelecida por Juan Carlos Osorio, devolvendo a glória à cidade de Medellín. Com uma proposta de jogo atrativa que privilegia a verticalidade, a mobilidade no último terço e o recurso constante à velocidade, a intensidade exibida pelos colombianos permitiu conquistar o tão ambicionado ceptro.
Percurso
Desde cedo se afirmou como um sério candidato à conquista do troféu, assumindo-se como a melhor equipa da fase de grupos com 16 pontos conquistados em 18 possíveis. O Huracán, única equipa que travou o Atlético Nacional na primeira fase, viria a medir forças com a equipa colombiana novamente nos oitavos-de-final. Após um empate sem golos na primeira mão, o Atlético Nacional venceu em casa por quatro bolas a duas e garantiu o direito a disputar os quartos-de-final, etapa da prova em que voltou a encontrar um adversário argentino, o Rosario Central. A visita ao Gigante de Arroyito, casa do Rosario, ditou a primeira (e única) derrota do Atlético Nacional na Libertadores 2016, mas uma vitória por três bolas a uma no Atanasio Girardot permitiu assegurar um posto entre os quatro finalistas. Chegado às meias-finais, conseguiu vencer nos dois encontros de uma eliminatória pela primeira vez, ao derrotar o São Paulo no Morumbi (0-2) e vencer no Atanasio Girardot (2-1). A final foi discutida com o Independiente del Valle, equipa equatoriana que se transcendeu e surpreendeu a América do Sul. Depois de resistir à altitude do Olímpico de Atuhalpa ao empatar a um golo, o Atlético Nacional venceu por uma bola a zero em casa e fez a festa junto dos seus fervorosos adeptos. Depois de tantas provocações por parte dos principais rivais ao longo dos anos, questionando a legitimidade do título alcançado em 1989 – consta que o narcotraficante Pablo Escobar terá pago à equipa de arbitragem que dirigiu a final frente ao Olímpia – os adeptos do Atlético Nacional podem orgulhar-se do trajeto rubricado pela sua equipa em 2016.
Atlético recordista
A CONMEBOL (confederação sul-americana de futebol) divulgou na sua conta oficial no Twitter que a participação do Atlético Nacional constitui um recorde. Se a Libertadores fosse disputada através de um sistema de pontos corridos, o conjunto colombiano teria conquistado 33 no total, batendo um recorde que estava na posse do Boca Juniors quando venceu a competição com 32 pontos, em 2003. As estatísticas fornecidas pelo portal “Opta”” elucidam-nos quanto ao quão dominador foi o Atlético Nacional durante a prova. Considerando os 14 jogos que disputou, a média da posse de bola cifra-se nos 61 por cento, com uma precisão de 83,4 por cento no passe. Manteve a sua baliza inviolável em nove dos 14 encontros que realizou e sofreu apenas seis golos, o que perfaz uma média de 0,43 golos sofridos por jogo. No capítulo ofensivo, apresentou-se sempre em bom plano, marcando 25 golos (média de 1,79 jogos por jogo), 21 golos marcados dentro da área – incluindo três penalys – e quatro a partir de fora.
Miguel Borja decisivo
O trajeto rubricado pelo Atlético Nacional teve um herói improvável. Aos 23 anos, Miguel Borja deu um passo importante na carreira ao deixar o Cortuluá para se alistar no Atlético Nacional. Estreou-se na Libertadores 2016 a 6 de julho, no Morumbi, diante do São Paulo. Fez os dois golos do Atlético nessa ocasião e voltou a repetir a dose em Medellín, vestindo a pele de “carrasco” do conjunto brasileiro na prova. Na final também quis deixar um ar da sua graça, apontado o golo que definiu o encontro da segunda mão (1-0). Sagaz a atacar o espaço e com um bom sentido de oportunidade, aproveitou uma bola que veio do poste para empurrar para o fundo da rede. Três jogos, cinco golos e um lugar na história do clube. Numa formação pejada de talento do meio-campo para a frente, a qualidade individual também foi um fator determinante na caminhada do Atlético. Depois de Jonathan Copete ter abandonado o clube a meio da época, tudo indica que Marlos Moreno será o próximo a transferir-se, rumando a Inglaterra para trabalhar com Pep Guardiola no Manchester City.
Boas Apostas!