Para a história. Os oitavos-de-final do Mundial 2018 arrancaram com um grande espectáculo entre franceses e argentinso, vencido pela vice-campeã da Europa por quatro bolas a três. Liderada pelo intratável Kylian Mbappé, a seleção francesa eliminou a Argentina de Leo Messi, uma vez mais incapaz de fazer a diferença.
A nível individual, nenhuma das equipas “devia” o que quer fosse à outra. Muito talento de ambos os lados – sobretudo no ataque -, mas a sensação de que Didier Deschamps conseguiria utiliza-lo melhor que o homólogo argentino, Jorge Sampaoli, técnico que não integrou Sergio Aguero, Gonzalo Higuaín, Paulo Dybala ou Gio Lo Celso no onze inicial. Coletivamente, uma diferença clara com vantagem francesa, tal como o encontro viria a provar.
Autor de um golo na fase de grupos, foi Kylian Mbappé quem protagonizou o primeiro grande momento na Kazan Arena. O jovem de 19 anos do PSG arrancou do seu meio-campo “embalado”, queimou linhas, entrou na área “albiceleste” e Marcos Rojo viu-se obrigado a derruba-lo no interior da área. Chamado a bater, Antoine Greizmann inaugurou o marcador para a equipa francesa logo aos 13 minutos. A Argentina tardava em encontrar-se no jogo, repetia erros cometidos nas partidas anteriores e deixava uma certeza: a de que para chegar a igualdade, teria que surgir um “rasgo individual”. No centro do ataque na condição de “falso 9”, Leo Messi sentia imensa dificuldade para se soltar da marcação adversária e seria de meia distância que a equipa encontraria a chave para o sucesso: Di María, à entrada da área e bem à sua imagem, atirou forte e colocado num remate pleno de intenção que só parou no fundo das redes de Hugo Lloris, estabelecendo o empate à beira do intervalo.
O golo parecia ser o “tónico” ideal para uma subida de produção da equipa argentina, pouco criativa no ataque e com imensas dificuldades em transição defensiva, situação que a equipa gaulesa procurava aproveitar. No início da segunda parte, na sequência de um livre nas imediações da área gaulesa, a bola caiu nos pés de Messi ao segundo poste – não estava devidamente marcado -, o camisola 10 argentino rematou na direção da baliza e a bola desviou em Gabriel Mercado, permitindo à equipa “albiceleste” passar para a frente do marcador pela primeira vez. O final do primeiro tempo e o início da etapa complementar corresponderam à melhor fase da equipa sul-americana no encontro, capaz de jogar mais subida no terreno e capaz de aplicar velocidade no seu jogo.
No entanto, se o golo de Di María foi um dos melhores do campeonato do mundo, que dizer do tento apontado por Pavard? Perto da hora de jogo, o lateral do Estugarda que contabiliza apenas nove internacionalizações remate com a parte exterior do pé, “cortando” a bola de forma perfeita e reestabelecendo a igualdade. Os franceses voltavam a “encostar” a Argentina às cordas e, volvidos apenas sete minutos, completavam a “cambalhota” no marcador, desta feita por Mbappé, jogador que tinha ganho o penalty: no interior da área, rematou sem hipóteses de defesa para Franco Armani. O jovem estreante em campeonatos do mundo estava a protagonizar uma das melhores exibições da sua ainda curta carreira, mas não ficaria pelo golo e pelo penalty ganho: a 22 minutos do fim, uma bela jogada coletiva da França em ataque organizado fez com que a bola chegasse aos pés de Mbappé, jogador que finalizou com classe para o fundo das redes argentinas.
Com dois golos de desvantagem e uma alteração feita no primeiro tempo – Rojo por Fazio -, Sampaoli lançou Aguero e Meza, mas não mexeu muito na disposição da equipa. Higuaín, Dybala e Lo Celso assistiram do banco à eliminação “albiceleste” sem darem o seu contributo, mas ainda celebraram o golo de Aguero já para lá dos 90, de cabeça, que estabeleceu o 4-3 final. A Argentina de Leo Messi despede-se do campeonato do mundo com apenas uma vitória, algo que não acontecia desde 2002, deixando a possibilidade de Sampaoli abandonar o cargo nos próximos dias.
Boas Apostas!