Ostentar o estatuto de “candidata crónica” ao título de campeã mundial é algo “pesado” para qualquer seleção pela responsabilidade que isso implica. França e Argentina são duas nações que se enquadram nesta categoria, exceção feita a períodos de marasmo em que a instabilidade carateriza a realidade das estruturas federativas dos países. À entrada para este campeonato do mundo, ambas eram apontados como fortes candidatas a chegar longe, mas os oitavos-de-final ditaram um confronto entre si. No outro jogo que resulta do cruzamento entre os grupos C e D, a Croácia enfrenta a Dinamarca.

Foto: "AFP PHOTO/ Anne-Christine"

Foto: “AFP PHOTO/ Anne-Christine”

O talento da seleção francesa é inegável, existindo toda a legitimidade para afirmarmos que estamos perante uma das gerações mais talentosas do futebol gaulês, cientes das figuras que vestiram a camisola dos “Bleus”. No entanto, esta geração já tem um “fardo” que terá que carregar consigo: a derrota em casa, na final do Euro 2016, frente à seleção portuguesa. Determinada em fazer esquecer esse insucesso neste Mundial 2018, a equipa gaulesa continua a ser orientada por Didier Deschamps.

Estabelecendo uma comparação entre o nível apresentado pela seleção francesa no Euro 2016 e aquilo que tem produzido neste Mundial 2018, é factual que, há dois anos atrás, s suas atuações foram mais interessantes. No entanto, uma leitura mais abrangente da realidade deste campeonato do mundo permite-nos aferir que nenhuma das seleções candidatas esteve ao melhor nível na fase de grupos, aparentando uma eventual gestão do esforço para a fase a eliminar. A seleção francesa foi um desses casos e a verdade é que não precisou de “forçar” muito para vencer o seu grupo, apurando-se com sete pontos, falhando o pleno ao empatar sem golos na última ronda, frente à Dinamarca, numa partida disputada a um ritmo médio/baixo em que Deschamps até fez descansar alguns habituais titulares. Espera-se mais desta França, tanto em termos coletivos quanto individuais, até porque Mbappé, Griezmann, Dembélé e companhia ainda não demonstraram capacidade para fazer a diferença.

Do lado da Argentina, o caso é diferente. A “albiceleste” pôde tudo menos gerir ao longo de uma fase de grupos em que ficou muito abaixo das expectativas. Os sul-americanos iniciaram a campanha com um empate frente à Islândia em que Leo Messi desperdiçou uma grande penalidade e se a pressão aumentou significativamente, tudo foi posto em causa após o desaire por três golos sem resposta frente à Croácia que até deixou a continuidade argentina em prova nas mãos da Nigéria, formação africana que manteria a armada de Sampaoli “com vida” ao vencer a Islândia por duas bolas a uma. A primeira vitória, suficiente para avançar, surgiria na última ronda diante da Nigéria (2-1), encontro em que a “albiceleste” atuou com várias alterações no onze, subiu de patamar em termos exibicionais e o “génio” de Leo Messi finalmente se soltou. A vitória, conquistada ao minuto 86, poderá ter dado o “clique” emocional de que esta equipa precisava, se bem que pouco fará no que toca às gritantes fragilidades defensivas desta equipa.

Vertigem croata contra a sobriedade nórdica

No outro duelo dos oitavos-de-final entre apurados dos grupos C e D, a seleção croata, equipa que terá apresentado o melhor futebol durante esta fase de grupos, enfrentará uma equipa dinamarquesa que privilegia a eficácia em detrimento do espetáculo e que chega a estes oitavos-de-final na sequência de uma vitória e dois empates. Equipa física e bem organizada em termos táticos, a Dinamarca esforçar-se-á por travar a criatividade e fluidez do futebol croata.

Boas Apostas!