Com Cristiano e Messi fora de prova cresce a noção de que este Mundial pode dar a Bola de Ouro a um estreante. Com o Brasil apontado ao hexa, Neymar aponta-se para os destronar. É facto que está a subir de forma mas o tempo que passa no chão e o teatro que envolve as suas quedas mexe com os nervos de muita gente. Outros tantos tentam justificá-lo. Mas é possível ser o Melhor do Mundo quando o mundo não nos leva bem a sério? Há quem diga que Neymar só chega lá se crescer.
Neymar: ou se ama ou se odeia
Neymar foi pisado por Layún e com o VAR devia ter havido sanção. Mas às vezes os exageros viram-se contra ele.
Não foi só a Alemanha, a Argentina e a Espanha que foram para casa cedo. Cristiano Ronaldo e Leonel Messi também já estão de férias. Toda a gente sabe que vencer o Mundial é um fator tremendo na atribuição da Bola de Ouro da FIFA e ganha força a ideia de que o reinado dos dois que têm monopolizado o galardão há anos possa ser interrompido em 2018. Com o Brasil apontado ao hexa, Neymar é o candidato mais evidente para os destronar. Mas o número 10 da Canarinha divide muito as opiniões. Embora poucos regateiem o enorme talento, muitos ficam com os cabelos em pé com o tempo que passa no chão e o teatro que faz quando cai. Há que diga que ele só chegará a Melhor do Mundo quando deixar de se comportar como uma criança birrenta e mimada.
Claro que Neymar cai muitas vezes. Essa parte é fácil. Não é que ele goste, é um recurso que todos os grandes jogadores, sobretudo aqueles que mais desequilibram, que são bons no drible e no um para um, aprendem para se preservarem fisicamente. Sim, não venham com histórias, ninguém gosta de apanhar e ninguém quer ter a sua integridade física ameaçada a cada partida de futebol. Por isso é que quando as críticas sobem de tom, lendas como Ronaldo Fenómeno vêm a terreiro defender o avançado brasileiro. Ronaldo sabe o que é ser massacrado porque os adversários não viam outro jeito de o parar. E as consequências que trouxe à sua carreira.
Síndrome de Peter Pan
Agora, uma coisa é aprender a se preservar, outra é fazer fitas. Rolar pelo chão como um pião, cair como se tivesse sido alvejado, esses exageros alienam até os apoiantes. E as fitas não se ficam pela simulação da gravidade das faltas cometidas contra ele. Estão nas “cuecas”, nos dribles a provocar, que nenhum adversário esquece. Nas birras, quando a sua vontade não é acatada de imediato, e na necessidade de ser a estrela da companhia.
O drama de Neymar não é a síndrome de Peter Pan, como um comentador brasileiro referia há dias. É um problema essa coisa de ter crescido como o legítimo herdeiro ao trono, exigindo que todos os que o contrariassem fossem removidos do caminho. Foi assim no Santos e quem pode esquecer a reação com Cavani por causa do penálti? Mas isso ele pode tentar contrariar, e deve, se quer chegar a ser consensual. O drama foi ter surgido quando Cristiano e Messi estavam no auge. Na comparação ele perdeu sempre. Precisou sair de Barcelona porque sempre viria em segundo lugar, atrás do argentino, mesmo no dia em que ele se retirasse do clube ou do futebol. E agora que estes dois colossos estão entrando na fase decrescente não é descabido que o brasileiro possa vir a ser ultrapassado, não tarda nada, por outros mais jovens. Mbappé é o nome que salta a vista. Mas nesta Mundial, Luka Modric também se pode apontar à Bola de Ouro se a Croácia chegar à final, ou não?
Neymar viral
Apesar de ter feito um golo e uma assitência, este é o tipo de imagem que correu mundo.
Desde o jogo com o México, em que Neymar fez uma grande exibição, multiplicaram-se os memes e as piadas online a ridicularizar as fitas que faz no relvado. E tudo isso corre como fogo de palha, imparável. Quando podíamos estar todos a falar do bom jogo que teve, os miúdos gravam vídeos no Youtube a imitar as suas quedas e expressões. Até a KFC fez um anúncio a gozar com isso que, como não podia deixar de ser, se tornou viral num abrir e fechar de olhos. É possível ser o Melhor do Mundo quando o mundo não o leva a sério? Responder em campo é o mais importante, sem dúvida, mas Neymar tem que perceber que as impressões também pesam. Ele, que dá tanta importância a sua imagem, devia trabalhar mais nisso.
Boas Apostas!
