Portugal parte para o Rússia 2018 como Campeão europeu. Longe vão os tempos em que ir a um Mundial era, só por si, o grande acontecimento. Mudou o estatuto, já não vamos lá para as sobras. Sempre objetivo, Fernando Santos diz que vai lá com a intensão de vencer cada jogo mas que os favoritos são outros. Ficar pela fase de grupos é mau, a partir daí fica em aberto.

Novo estatuto de Portugal

Desta vez, o selecionador não disse que só regressa no dia da final mas vai à Rússia para vencer.

Desta vez, o selecionador não disse que só regressa no dia da final mas afirmou que vai à Rússia com a intensão de vencer.

Esta será a sétima presença da Seleção Portuguesa num Campeonato do Mundo. É também a quinta em edições consecutivas. Basta pensar que entre o terceiro lugar de Eusébio e dos Magriços, em Inglaterra, e o México 86 – as duas primeiras – houve um interregno de vinte anos para perceber o tanto que mudou. Longe vão os tempos em que a qualificação já era uma grande vitória. Hoje Portugal parte para a Rússia com o estatuto de Campeão Europeu. Já não vamos lá para as sobras ou ganhar experiência. E já ninguém nos enfrente de ânimo leve.

Fernando Santos, que não é maluco, desta vez não diz que só volta a casa a 15 de julho. Até porque nem teria o mesmo impacto. Mas sempre afirma que vai ao Mundial para ganhar os jogos em que estiver envolvido. A intensão, o plano é esse. E que ficar pela fase de grupos “seria mau, muito mau” mas que os favoritos são outros, aqueles que são candidatos crónicos.

Recursos a postos

Depois de dois empates com a Túnisia (2-2) e Bélgica (0-0), Portugal bateu a Argélia (3-0) com muitos sinais positivos. Além de já poder contar com Cristiano Ronaldo, Fernando Santos testou um alinhamento um pouco diferente, com efeitos sobretudo no meio-campo e no trio mais ofensivo. Quem conhece o selecionador nacional sabe que ele não terá um onze tipo para todas as circunstâncias, antes gosta de estar preparado para aproveitar as características dos elementos ao seu dispor para responder aos desafios que cada adversário coloca. É verdade que Gonçalo Guedes brilhou, não penas na concretização mas no que promete em termos de entrosamento e movimentação com Cristiano e Bernardo Silva. Ao contrário de muitas reações de momento, não creio que tenha passado à frente de André Silva, é só mais uma abordagem alternativa.

No meio-campo, Bruno Fernandes também se destacou. Com a cobertura de William Carvalho e a antecipação de Moutinho, o ex-capitão dos sub-21 tem a liberdade necessária para fazer a diferença na fase de construção.

Cristiano já percebeu que não tem que carregar a equipa às costas, o seu papel tem que ser o de apontar caminhos e contagiar.

Cristiano já percebeu que não tem que carregar a equipa às costas, o seu papel é cada vez mais o de apontar caminhos e contagiar os mais novos.

Agora ou nunca para Ronaldo

Cristiano Ronaldo disse recentemente que o futebol já lhe deu tanto que não tem mais metas a cumprir. Aos trinta e três anos, este é o último Mundial em que ele pode fazer a diferença. Para quem achava que Portugal era Ronaldo e mais dez, a final do Euro 2016 veio provar o contrário. E com novos valores a surgir na equipa A, este grupo é mais forte e completo do que esse que se sagrou campeão em França. Mas tê-lo em campo faz uma grande diferença. Pela motivação, pelas movimentações que arrastam defesas, pelo receio em fazer faltas em zonas perigosas, pela sua capacidade de assumir. E agora, cada vez mais, pela forma como abre espaço para outros explorarem.

Quartos é expetativa razoável

Ir além da fase de grupos é o mínimo aceitável. Portugal vai-se bater de igual para igual com a Espanha de Lopetegui e os restantes elementos do grupo B, Marrocos e Irão, são para vencer. Na ronda seguinte os adversários virão do grupo A, em princípio, Uruguai, Egipto ou Rússia. Quela quer um deles é ultrapassável pelo que chegar aos quartos de final é uma possibilidade razoável. A partir daí é a lotaria das eliminatórias, onde o pragmatismo de Fernando Santos já provou ser altamente eficaz.

Boas Apostas!