Pela primeira vez desde 2010 Roger Federer vai investir a sério na temporada de terra batida e planeia jogar quatro torneios antes de enfrentar Roland Garros. A incerteza em relação a Nadal veio mudar tudo. Há muito tempo que o Open de França não era tão apelativo.
Reserva para Paris
A meio de Março Roger Federer confirmou que não estaria presente no Masters de Miami. O número dois mundial quis aproveitar o interregno até Monte Carlo para passar algum tempo com a família, descansar e preparar intensamente a temporada de terra batida.
Federer aplicou-se a fundo no pó de tijolo até conseguir o seu objetivo – completar o Grand Slam de Carreira com a vitória em Roland Garros. Durante três anos consecutivos o suíço chegou à final e viu o título escapar para às mãos de Rafa. Há quarta foi de vez e em 2009 Roger bateu na final o carrasco de Nadal, Robin Soderling. Cumprida essa meta, a terra batida deixou de ser uma prioridade. A eficácia do jogo elegante do antigo número um ressente-se nesta superfície e ele sabia que frente a Nadal, no seu apogeu, não tinha hipóteses.
Nada a perder, tudo a ganhar
Em 2014 o registo do suíço nesta superfície não foi famoso. Até entrou bem, chegando à final do Masters monegasco, onde acabou derrotado pelo compatriota Stan Wawrinka. Mas logo em seguida retirou o seu nome do Mutua Madrid, para poder acompanhar o nascimento dos filhos gémeos. No regresso à competição, em Roma, caiu à primeira tentativa, na segunda ronda, frente a Jeremy Chardy. E para completar o ramalhete, foi eliminado precocemente do Open francês, nos oitavos de final, por Ernests Gulbis, numa dura batalha de cinco sets. A boa notícia é que Roger não tem muitos pontos a defender no pó de tijolo. E este ano, pela primeira vez em muito tempo, esta superfície será uma das prioridades na programação anual do suíço.
Pés bem assentes na terra
Desde o início do ano Federer tinha planeado participar nos três Masters 1000 – Monte Carlo, Madrid e Roma – antes de avançar para Paris. Coisa que não acontece desde 2010. Há pouco tempo acrescentou a presença no ATP 250 de Istambul, torneio que arranca este ano e de que será cabeça de cartaz. Roger aspira ao seu primeiro título no Mónaco. Três vezes finalista vencido por Nadal, entre 2006 e 2008, o suíço perdeu o troféu também na edição passada, para o compatriota Stanislas Wawrinka. Com o desvio à Turquia, a participação na prova italiana será objeto de reavaliação. Por um lado, Federer tem apenas dez pontos a defender lá. Por outro, significaria uma quarta semana de competição seguida, deixando apenas sete dias para fazer a viagem e descansar antes de se estrear em Roland Garros. Vai depender muito da prestação e de como se sentir ao abandonar a capital espanhola. Aos trinta e três anos os tempos de recuperação já são mais exigentes.
Eu sou das que pensa que as notícias de declínio de Rafa Nadal são precipitadas mas o facto é que o mau momento do espanhol deixa, pela primeira vez em dez anos, tudo em aberto. Há uma janela de oportunidade para que outro homem ambicione, legitimamente, levantar o troféu em Roland Garros. Uma mudança histórica que pode afetar também o status quo do topo do ranking. Roger está disposto a sujar as meias.