Anda por aí muita gente a fazer grandes movimentações de xadrez para tentar progredir pelo caminho mais fácil e evitar o “lado mau” do Mundial. Os emparelhamentos entre os apurados dos grupos G e H prestam-se a isso. O planeamento estratégico tem muito valor mas nestas coisas nada bate a sabedoria do jogo a jogo. O adversário dos quartos e meias até pode ser mais favorável mas não serve de nada se não se chegar lá.
Japão é obstáculo acessível
A Bélgica ficou em primeiro lugar no Grupo G, ao vencer a formação britânica na última jornada. A qualidade individual de Adnan Januzaj, um dos poucos animados em mostrar serviço no extensamente alterado onze inicial de Roberto Martínez, fez a diferença num embate morno. De ambos os lados, já apurados, a prioridade era não acumular desgaste. E entrava a especulação: quem vencer o grupo vai ter um opositor mais fraco nos oitavos mas depois pode apanhar o Brasil nos quartos de final. Decisões difíceis. Ou talvez não.
O Japão fez história ao tornar-se a primeira seleção a progredir para os oitavos com base no fair play. Menos cartões do que o Senegal, foi essa a única diferença.
A Bélgica vai ter que assumir a condição de favorita aqui. Para os nipónicos, o objetivo está cumprido. Não era provável que sobrevivessem à fase de grupos, portanto a partir daqui é para aproveitar. É uma formação que vai ter dificuldades em suster as movimentações ofensivas de Eden Hazard, Kevin de Bruyne, Romelu Lukaku e companhia. E que não demonstra condições para chegar a expor as fragilidades defensivas dos belgas, que as têm. Uns e outros pouparam vários titulares na jornada passada pelo que devem poder apresentar os seus melhores onze, refrescados.
James Rodríguez em dúvida
O segundo classificado do Grupo G leva com o adversário mais complicado nos oitavos mas, em teoria, evita pesos pesados daí para a frente. O problema pode estar em lá chegar.
Claro que há uma variável fundamental para aferir deste duelo. Uma Colômbia com James, mesmo com algumas limitações, é uma coisa; outra coisa sem ele. No entanto, é uma equipa orientada por um homem muito experiente, que conhece bem os jogadores que tem à disposição. É uma seleção sul-americana que sabe jogar na contenção, sabe resguardar-se, e por isso a Inglaterra vai ver a sua maturidade posta em causa. É a grande dúvida que ensombra esta seleção inglesa. Se a juventude e falta de experiência destes jogadores neste tipo de competições internacionais não acabará por os condicionar. Frente aos Cafeteros, dificilmente a coisa vai ficar decidida nos primeiros minutos. Para conseguir o apuramento para os quartos de final vai precisar de estabilidade emocional e paciência.
Gareth Southgate pouco vários dos habituais titulares frente à Bélgica. Praticamente só Pickford e John Stones se mantiveram no onze, no que respeita a titulares absolutos. Cahill e Phil Jones tiveram os primeiros minutos de jogo, Eric Dier também. E na frente de ataque, Marcus Rashford e Jamie Vardy deram alívio a Kane, Sterling e Lingard. Este último tem sido, a par do melhor marcador da prova, peça-chave nas partidas decisivas de Inglaterra. Vai ser fundamental a sua ação na terça-feira, em Moscovo.
Boas Apostas!