A frase de Ronaldo ao selecionador, na saída para o intervalo, resume o que foi o segundo jogo de Portugal. No final, Portugal somou três pontos, graças ao golo madrugador de CR7, mas não se livra das reações negativas. Marrocos é elogiado pelo atrevimento; a Equipa das Quinas foi Cristiano, Patrício e muito sofrimento. Até Fernando Santos estava incomodado com a exibição inexplicável. Fica, pelo menos, um pé nos oitavos de final.
Inexplicável falta de confiança
Mal o árbitro apita para intervalo, Cristiano Ronaldo corre para o túnel de acesso aos balneários e ao passar pelo selecionador diz “estamos a jogar muito pouco”. Por essa altura a seleção portuguesa vencia Marrocos por 1-0, golo marcado pelo capitão, de cabeça, logo aos quatro minutos, em lance de bola parada. Eficácia máxima. Mas em vez do golo sossegar a equipa nacional forçou ainda mais a mão do conjunto de Hervé Renard.
Fernando Santos não escamoteou a realidade. Reconheceu que a exibição foi inexplicável. Mesmo que Marrocos seja uma equipa com qualidade, com bons jogadores, nada explica que a partir do golo Portugal deixa-se, pura e simplesmente, de ter bola. E, como se apressou acrescentar, sem bola há que correr muito mais, rapidamente esse desgaste se vai traduzir na dificuldade de vencer os duelos individuais. Supostamente, tendo identificado estes problemas, uma falta de confiança generalizada em campo, o selecionador terá tentado abordar o assunto no intervalo. Mas o efeito foi zero.
“São Cristiano”
As reações não se fizeram esperar e iam, grosso modo, na mesma direção. Cristiano Ronaldo carrega a equipa às costas, com uma ajuda preciosa de Rui Patrício que, no momento certo, soube estar à altura da ocasião. Com quatro pontos – empate e vitória – Portugal está perto de garantir a passagem aos oitavos e deve cada um desses pontos de forma direta ao capitão. Para além dos golos, ele liderou pelo exemplo no relvado. Envolvido nas ações defensivas, nunca desistindo e dando constantes indicações aos companheiros. O jornal argentino Olé chama a CR7 “São Cristiano” e diz mesmo que quanto pior joga a equipa, maior ele se torna. Se no empate contra a Espanha já tinha
sido ele a carregar Portugal às costas, aqui destaca-se o instinto letal. A qualquer momento ele aparece para resolver.
Marrocos sai valorizado
Marrocos também mereceu elogios rasgados e generalizados. Várias vozes se levantaram para considerar que esta seleção, por aquilo que fez contra Portugal mas também frente ao Irão, não merecia estra desde já de malas aviadas. Em ambas as partidas foi a equipa que melhor futebol praticou. A cotação de Hervé Renard, que já era considerável no contexto africano, explodiu a escala global. A abordagem atrevida, até porque era situação de tudo ou nada, a capacidade para trocar a bola e encostar o Campeão Europeu às cordas, encantou os adeptos.
Comentador Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa não podia faltar no rescaldo do segundo jogo de Portugal. O presidente, que esteve em Moscovo, diz que foi um dos jogos mais sofridos a que assistiu na vida. A certa altura, veste a pele do comentador Marcelo para dizer que a “bola não queima” e que apesar das dificuldades há que louvar o objetivo alcançado. A defesa decisiva de Rui Patrício também mereceu referência do chefe de estado.
Até o Secretário-Geral da ONU deu as suas achegas. António Guterres, à saída do Bolshoi, onde assistiu a La Traviatta, comparou os dois espetáculos a que assistiu e a ópera ganhou por larga margem.
Boas Apostas!