“Football did not come home this summer”, ao contrário do que se profetiza na letra eternizada pelos “The Lightning Seeds”, e a seleção inglesa também não foi capaz de vencer o primeiro jogo caseiro após a participação no Mundial 2018, perdendo ante a Espanha de Luis Enrique no primeiro encontro da UEFA Nations League.
Noite de estreias em Wembley. Inglaterra e Espanha disputaram o primeiro jogo na UEFA Nations League e Luis Enrique sentou-se pela primeira vez no banco de “La Roja” na condição de seleccionador. O saldo foi positivo e os espanhóis venceram por duas bolas a uma.
Manter a matriz sem ser previsível
A Espanha não renuncia ao seu estilo inconfundível e permanece fiel à estratégia que lhe permitiu ascender ao topo do futebol mundial, resultado de um percurso hegemónico que entretanto chegou ao fim. No dia em que se apresentou publicamente como novo seleccionador espanhol, Luis Enrique deixou bem claro que a Espanha não mudaria o seu estilo radicalmente para voltar a vencer, mas alertou para a necessidade de alterar vários aspetos de jogo tendo em vista a alteração do grau de imprevisibilidade.
Sem os maestros como Xavi ou Iniesta, “La Roja” voltou a apresentar-se igualmente forte no setor intermediário com elementos como Busquets, Alcântara e Ñiguez, tanto que foi muito por aí que a Espanha soube ser melhor que a Inglaterra durante os 90 minutos ao ter mais bola, criar mais e, sem ela, conseguir reagir rapidamente e ganha-la em zona perigosa – os espanhóis optaram quase sempre por pressionar alto, ao contrário do que aconteceu com a equipa inglesa.
O regresso da estabilidade
No primeiro jogo oficial após um campeonato do mundo muito turbulento em virtude da mudança abrupta no comando técnico a poucas horas da estreia, a seleção espanhola até entrou a perder com um golo de Marcus Rashford, mas rapidamente reagiu e expôs a vulnerabilidade de uma seleção inglesa que com bola se coloca em 13x5x2 e, sem ela, se posiciona num sistema perto de 1x5x3x2. Após um bom trabalho pela direita, Saúl Ñiguez atirou para o fundo da rede guardada por Pickford. O golo espanhol ditou um abrandamento da equipa inglesa, apostada em explorar sobretudo a profundidade, e a Espanha aproveitou para tomar conta do jogo e gerir da forma que mais gosta: com bola no pé. A Inglaterra abdicou sempre de pressionar alto e à medida que o relógio foi avançando, a Espanha ficou cada vez mais confortável. Mesmo sem Diego Costa no ataque, o trio da frente composto por Isco, Aspas – posteriormente Morata – e Rodrigo demonstrou sempre muita qualidade no último terço, usufruindo do envolvimento dos laterais, sobretudo Carvajal.
Ainda que a equipa britânica tenha obrigado David De Gea a uma mão cheia de boas intervenções, o guardião do Manchester United esteve em bom plano depois de um campeonato do mundo ao longo do qual comprometeu em alguns momentos. A lesão de Luke Shaw no início do segundo tempo fez com que o encontro se arrastasse até ao minuto 101 e foi entre os 90 e esse período que a Inglaterra esteve mais perto do empate.
Mais segura, coesa e capaz com bola, a seleção espanhola conquistou a primeira vitória da era Luis Enrique e tem mais um grande teste “à porta”, frente à vice-campeã do mundo Croácia.
Boas apostas!